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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

APROFUNDAMENTO FANTÁSTICO

Luiz Carlos Formiga

Não conseguimos acessar um texto antigo publicado no Panorama Espírita (*), mas não se perdeu. Encontramo-lo em “O Rebate”. Espiritismo na Universidade (Memória). Núcleos Espíritas Universitários na Oficina da CEERJ”.
Foi publicado na época em que um presidente disse que não se preocupava com a CPI da Petrobrás e chamava senadores de pizzaiolos, dizendo que a CPI era “interessante apenas para quem gostava de carnaval.”
Nessa época o curso de História da Faculdade - UNIAMÉRICA – realizou o primeiro encontro História na Fronteira. Com a temática “Espiritismo em Foz do Iguaçu”.
O objetivo, da série de encontros, era a trazer temas de interesse da comunidade para um bate papo entre acadêmicos, professores, interessados e os convidados que vivenciaram a história de Foz do Iguaçu.
O evento, realizado na praça das águas do Cataratas JL Shopping, teve sua segunda edição, com o tema “Período Militar em Foz do Iguaçu”. A atividade foi realizada em parceria com os restaurantes, Bistrô da Praça e Soft Tacos Mexican Food.
A temática do primeiro encontro surgiu do interesse de um acadêmico em conhecer os detalhes da época da implantação do movimento espírita na cidade: “já tenho interesse neste tema há muito tempo e sempre quis aprofundar o entendimento sobre o início e a consolidação do espiritismo na cidade desde os primeiros momentos”.
“O Espiritismo teve início em Foz do Iguaçu quando o alagoano José Ferreira iniciou as atividades em 1918, mesmo ano em que a cidade ganha o nome de Foz do Iguaçu. Na época ele, que era policial, chegou a ser perseguido inclusive por seus colegas de profissão”.
Hoje não é muito diferente, embora a técnica seja outra. (1)
Estamos lembrando “essas coisas” para não ficar com a aquela estranha sensação de “elo perdido”.
No final, acadêmicos e professores que participaram do primeiro encontro - “Espiritismo em Foz do Iguaçu”. - fizeram avaliação:
O nível de aprofundamento foi fantástico”.
“Pudemos questionar diretamente quem viveu a história e não através de terceiros ou mesmo de livros. Muitos aproveitaram inclusive para questionar sobre outros temas de pesquisa da época”.
Estamos em boa hora. AREX/CEERJ, Área de Relações Externas tem por proposta central realizar a interface  entre o movimento Espírita e a própria Doutrina Espírita com a sociedade em que estamos inseridos, bem como os diversos saberes e conhecimentos vigentes nesta sociedade.
No Serviço de Apoio às Ações Doutrinárias fora do Movimento Espírita surge a Campanha de organização e estruturação de Núcleos Espíritas Universitários, NEU.
Vai se procurar buscar o auxílio de professores do ensino superior, funcionários e alunos espíritas das universidades. (2)
Tenho duas sugestões.
A primeira é que consultem Eduardo Zugaib: Plano de trabalho para a vida toda. Se nós pudermos realizar o item 1 estará de bom tamanho.
 “Faça o que é certo, não o que é fácil. O nome disso é Ética”, Mas não deixe de ver os outros nove. (3)
No entanto, enfatizo que espíritas ainda dormem e continuam acreditando, apesar das evidências, naqueles que vieram com a “conversa mole” do monopólio da Ética. (4)
A segunda é que se consulte o número de NEUs existentes no passado. O Jornal O Rebate, que não é espírita, pode oferecer informações. (5)
Para atividade prática, professores podem encontrar referencia para trabalho pontua,l ainda no mesmo Jornal Eletrônico.
Isso poderá ser um enorme exercício de tolerância ou de luta contra o preconceito. (6)
Gostaria de enfatizar que o jornal nunca se recusou a publicar. No movimento espírita já tive experiência diferente.
A tolerância é um exercício matemático difícil de resolver, tanto que usei recentemente “mediumfobia” para me referir ao pejorativo, que pode rotular aquele que diz “ver e ouvir espíritos”.
Dissemos anteriormente que muitos adeptos possuem curso universitário. Sim, é verdade, temos diversas associações de profissionais de nível superior. Mas estamos cuidando dos locais onde eles fazem a graduação e pós? Como andam nossos “hospitais espíritas”?
Creio que as perguntas receberão respostas. Elas dependem de “sorteio”, como os das Turmas no STF. Espero que cair nas mãos certas. “Jardim do Éden” ou na “Câmara de Gás”? (7) É a vida!
Na Faculdade União das Américas ouvimos outro depoimento: “Os pioneiros guardam essa memória das primeiras experiências e tivemos a oportunidade de ouvir sobre elas em primeira mão. Foi um encontro muito rico para se perceber como foi construída a visão atual do Espiritismo, desde a necessidade do pioneiro se esconder para realizar suas atividades até o ponto em que estamos hoje, no qual os participantes são vistos como pessoas ligadas à caridade e à intelectualidade, por lerem muito”. (1)
 Estamos lendo mesmo? O texto traz desafio logo abaixo.

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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

A PALAVRA QUE LIBERTA

Luiz Carlos Formiga


Leon Denis diz que o estado social valerá o que nós valemos. Se nós somos pequenos, ignorantes e viciosos, ele será frágil e miserável.
Em 2003, assistimos um documentário dirigido e produzido por Andréa Pasquini. "Os Melhores Anos De Nossas Vidas", selecionado para o festival "É Tudo Verdade", na competição nacional de longas.
O festival aconteceu em São Paulo e Rio simultaneamente. A autora confidenciou que estava muito feliz por acreditar na força de todas as pessoas que abriram suas histórias tão íntimas. Elas foram narradas pelos moradores de Santo Ângelo, uma cidade erguida para o tratamento de hansenianos.
"O testemunho humano dos moradores remanescentes revela as marcas que ficaram do tempo em que a internação era compulsória. Condenados ao isolamento de uma vida inteira, os pacientes encontraram no amor e na luta, na música e no cinema as principais armas para enfrentar seus dramas pessoais."
A medicina aprende com seus erros e, nesse particular, o estigma da lepra e a hanseníase ofereceram muitos exemplos. (1)
Não temos dúvidas de que, com o filme, Andréa parece demonstrar com mais facilidade quem e quando errou. Universidades erram. Intelectuais erram.
Em 2017, um livro discute esses caminhos tortuosos. Na folha de rosto encontramos: o Brasil de hoje é perigoso, feio, miserável e insustentável. O que tornou tudo isso possível? Como explicar a atual crise brasileira?(2)
Nele, Rodrigo Gurgel diz que ao longo de suas páginas, o leitor descobrirá os antecedentes do processo que, no Brasil, perverteu a produção artística e intelectual. Fala em maquiavelismo absoluto. Políticos fascinados pelo poder dispensam, por princípio, qualquer preocupação ética, como na “Cidade Estranha”, relato de Chico Xavier. (3)
A máxima de Edmund Burke lembra uma resposta em O Livro dos Espíritos. “Tudo o que é preciso para o triunfo do mal é que nada façam os homens de bem”.
Num rodapé, seu autor diz que nenhum dos inocentes é diretamente culpado pela catástrofe de Hitler (...). No entanto, afirma que foi precisamente de tal estado de mente e alma que o nazismo obteve suas energias. A indiferença política é indiferença ética, intimamente relacionada com a perversão ética (...). A culpa inocente sobe até esferas metafísicas e mágicas e desce até a escuridão do reino do instinto.
Um jornalista nos fez lembrar a “corrupção da inteligência”, quando disse que: Nenhum escritor, roteirista, cantor, cineasta, ator ou poeta deu um pio sobre a guerra travada por quadrilhas que disputam o controle do tráfico de drogas nas favelas, “comunidades”, no Rio de Janeiro. (4) Ainda bem que Nathan Amaral está numa universidade na Áustria. (5)
Nessa última década e meia, o aborto passou a ser uma “ideia fixa”. Em São Paulo, o Governador Sergio Cabral, do Rio de Janeiro, defende a legalização do aborto, dizendo: Quem aqui não teve uma namoradinha que teve que abortar? Foi num evento para empresários.
Antes, havia afirmado que as clínicas de aborto eram comuns no país, defendendo-se antecipadamente: A gente engravida uma moça... Eu não, porque já tenho família e sou bem casado.
Políticos repercutiram a mesma frase, como se estivessem no confessionário. Cabral defendia a prática como método de redução da violência no Rio de Janeiro.
E a namorada grávida, na universidade? Ouvi um acadêmico “espírita”. Precisava conversar. Tinha um problema. A namorada se recusava a abortar. Quem atira a primeira pedra no governador? (6)
Espíritas também usam como alvo o Espírito Emmanuel. Alexei cria uma imagem é a estória do indivíduo que para fazer uma prece acende um incenso, deposita-o no altar construído com a imagem de Buda, com um terço na mão, recitando Caritas. (7)
Espíritas também já aparecem nas estatísticas do suicídio. (8)
Ninguém consegue imunidade total, se não tomar todas as doses da vacina, na “idade certa”. Por isso os habitantes da “Cidade Estranha” deverão investir no período infantil, para poder confrontar “ciência x percepções sociais” e tornar palatável a ideologia de gênero. (9)
Diante da escala de valores da universidade e da quase total homogeneidade de ideias é proibido o pensamento divergente. Sem liberdade para o debate de ideias chegamos ao corporativismo e ao patrulhamento ideológico.
Seria uma afirmação mediumfóbica dizer que é vítima de alucinação aquele que diz ver e ouvir espíritos? Nem sempre é fácil distinguir mediunidade e ilusões psicóticas.
Como ficará o horizonte cultural das gerações futuras se a universidade não mudar? Mas, teremos que mudar, pois o terceiro milênio será a Era do Espírito e dos Valores Éticos.
Zveiter (10) comenta as Doutrinas Éticas fundamentais e nos traz uma lição.
“O pensamento ético consiste no exame sistemático das relações dos seres humanos entre si, nas concepções, nos interesses e ideais que originam o modo humano de uns tratarem os outros, e nos sistemas de valor em que esses objetivos de vida se baseiam. Essas crenças sobre como a vida deve ser levada, o que os homens e as mulheres devem ser e fazer, são objetos de uma indagação moral; e quando aplicadas a grupos e nações, e até à humanidade em geral, são chamadas de filosofia política, o que não passa da ética aplicada à sociedade.”
Pode haver um perigoso distanciamento entre ética e política. Havendo uma percepção difusa de que não se complementam, constituindo-se universos distintos. A ética, assim, isoladamente, não teria espaço no mundo político. No entanto, o pensamento ético deve forjar o sistema de valores que fundamenta uma sociedade justa. Mas, cuidado! Espíritas que dormem foram apanhados pela “conversa mole” dos que se apresentaram como detentores do monopólio da ética, no “bom” combate à miséria.
No final de seu livro - A Ética e a Política sob a Ótica da Maçonaria (10) - Zveiter reconhece a existência de maçons que enxovalham o belo nome de uma organização profundamente espiritual. No entanto, acredita no futuro e diz que alguns aspectos indesejáveis do trabalho e organização maçônicos devem desaparecer inevitavelmente. Devem ter fim o apetite dos que procuram curiosidades, as maquinações políticas privadas e os incentivos puramente sociais e comerciais.
Na Audiência Pública, 09 de agosto de 2007, no Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, organizada pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, Zveiter é enfático:
“A Ética deve ser um imperativo da política e da própria vida em sociedade.”
Certamente a Maçonaria influenciou as ações de Anália Franco, a benfeitora das crianças na dor da vulnerabilidade social. A educadora se tornou precursora do Evangelho na Educação.
“Cidade Estranha” era governada por entidades mentalmente vigorosas, mas sem sentimentos e ética. Suas apresentações públicas eram aplaudidas e suas ordens eram fielmente obedecidas. Eles exerciam sobre seus seguidores um poder do tipo sugestão hipnótica. Mesmo depois, quando reencarnados na Terra, esses subordinados ainda estariam submetidos ao mesmo “cordão hipnótico manipulador”.
Anália Franco fez a opção pelo Evangelho. Percebeu que estava diante de um Tratado de Ética e um compêndio de Imunologia. Suas crianças deveriam ser vacinadas. A educadora sabia que era grave a “infeção na alma”, assim como Zveiter percebeu a alta virulência do micróbio patogênico para políticos. (11)
Sua exotoxina destrói fibras cardíacas e fazem a corrupção da inteligência. Olhos injetados de vermelho, o paciente quer pintar tudo de cinza. A ideologia escraviza.
O amor é a palavra que liberta, já dizia o poeta. (12)

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sábado, 23 de setembro de 2017

O Dirigente do Centro Espírita




Assume grande responsabilidade aquele que se eleger presidente de um Centro Espírita. Afinal, deverá exercer a função com equilíbrio e dedicação.
Já na formação da diretoria, haverá de se prevenir de bom senso, no sentido de reunir em torno de si pessoas dotadas de alguns conhecimentos Espíritas, facilitando a busca dos interesses da Doutrina.
Necessário também, que realize um trabalho voltado para um bom relacionamento entre os diretores, associados e  freqüentadores, sobretudo praticando a fraternidade e a justiça, predicados que geram a simpatia. O despotismo, portanto, não deverá fazer parte da sua administração; ao contrário, procurará realizar um trabalho com a participação dos companheiros, não se “fechando”, sem, entretanto, perder a sua autoridade.
Fica, pois, oportuno lembrar a opinião de Allan Kardec sobre o assunto: “Obras Póstumas”, Constituição do Espiritismo, item IV. Comissão Central: (...) “Puramente administrativa será a autoridade do presidente. Ele dirigirá as  deliberações da comissão  (diretoria),  velará pela execução dos trabalhos e pelo expediente; mas, fora das atribuições que os estatutos constitutivos lhe conferirem, nenhuma decisão poderá tomar sem o concurso da comissão.  Portanto, não haverá possibilidade de abusos, nem alimentos para a ambição, nem pretextos para intrigas ou ciúmes, nem supremacia  chocante.” 
Diante do exposto necessário se faz o presidente abster-se de conduzir a instituição ao seu “bel-prazer”, com decisões ditatoriais. Ao contrário, deverá dirigi-la segundo as deliberações estatutárias, as decisões da diretoria, ou seja, em conjunto com seus auxiliares, em reuniões legalmente constituídas, onde só terão valor as decisões tomadas segundo a maioria. Poderá, entretanto, trocar idéias com quem mais se identificar, mesmo sobre os assuntos que sejam de sua exclusiva competência determinar, pois seus colaboradores poderão trazer soluções às variadas situações por que passa uma Casa Espírita. Assim procedendo, estará também prestigiando os demais companheiros que, com certeza, interessar-se-ão mais pela Instituição, além de se sentirem mais valorizados.   Estas e tantas outras boas atitudes tomadas, reforçarão a “união que faz a força” consolidando o companheirismo, receita indispensável ao progresso de uma Casa Espírita.

Cachoeiro  de  Itapemirim, ES.
Domingos Cocco
E-mail: domingoscocco1931@yahoo.com.br
Rua Raul Sampaio Cocco n° 30 - Bairro Sumaré
Cachoeiro de Itapemirim – Estado do Espírito Santo

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

“Armar” a população é inútil; “Amar” o povo - eis o caminho da paz (Jorge Hessen)



Jorge Hessen

Com a proclamação da República em 1889, seguindo-se a promulgação da Constituição de 1891, o Brasil adotou um modelo presidencialista de democracia representativa por meio de sufrágio direto. O Ato Institucional Número Um e a subsequente Constituição de 1967 determinavam a instituição de eleições presidenciais indiretas, realizadas por meio de um colégio eleitoral, modelo que se seguiu até a promulgação pela Constituição de 1988, que restabeleceu o voto direto, secreto e universal, e possibilita uma participação popular maior que todos os pleitos anteriores.

Dos 30 pleitos para presidente, 22 foram realizados de forma direta e 8 de forma indireta, tendo havido apenas uma eleição extraordinária, em 1919. No contexto, apenas 4 eleições foram vencidas pela chamada “oposição” (1960, 1985, 1989 e 2002), sendo três diretas e uma indireta. Em 2018 haverá nova eleição direta para presidente do Brasil. Razões temos de sobra para permanecermos atentos sobre nosso intuito de voto a respeito de quem indicaremos para dirigir o país. Os espíritas não poderão ficar alheios ao próximo pleito.

Esquivando um pouquinho da introdução aqui lembrada, na verdade, hoje observamos um quadro político moralmente pervertido, em face dos inimagináveis desvios do erário público. Um famoso procurador da república afirmou que o Brasil é governado por “larápios egoístas e escroques ousados”. Raríssimos parlamentares escapam da corrupção. Por outro lado, e como se não bastasse, confessamos que é com muita inquietação que acompanhamos a crescente popularidade de certo “pré-candidato” que, não obstante, permaneça fora da curva dos corrompidos, todavia tem anunciado o armamento da população, visando a conquista de votos.

Tal discurso é extremamente preocupante. Não duvidamos da honestidade de tal candidato, contudo, suas promessas de governo têm sido aterradoras, conquanto possa estar imbuído de boas intenções, e até mesmo arregimentar a seu favor honestos cidadãos brasileiros. Entretanto, cremos que o seu discurso “messiânico” para transformação social sob o látego do revide, da animosidade, da retaliação é cabalmente desfavorável à paz social.

Asseguramos isso com base no resultado do plebiscito sobre o desarmamento de 2005, em que mais de 60% do povo brasileiro optou pelo comércio de armas de fogo e munição no Brasil. Portanto, a maioria da população apoiou o armamento do cidadão, quando detinha o poder de decidir pela sua interdição. À época, muitos setores da sociedade defenderam a manutenção do comércio legal das armas aos cidadãos que delas necessitem, por algum motivo, justificando que todos têm direito a possuir, nos limites da Lei, uma arma de fogo para se defenderem de qualquer atentado à incolumidade física do indivíduo, sua vida, seu patrimônio etc.

Ante a Lei de Ação e Reação, obviamente, com essa decisão brotou um espantoso débito moral (“carma”) dos brasileiros. E isso é lamentável!

Há vários anos André Luiz tem advertido aos espíritas segundo consta no livro Conduta Espírita, cap. 18 - “Esquivar-se do uso de armas homicidas, bem como do hábito de menosprezar o tempo com defesas pessoais, seja qual for o processo em que se exprimam. Pois o servidor fiel da Doutrina possui, na consciência tranquila, a fortaleza inatacável.”

Cremos que a criminalidade tem as suas raízes, dentre outras, na desigualdade social, no elevado índice de desemprego, na urbanização desordenada e, destacadamente, no descrédito à classe política mísera e comprovadamente corrupta e na difusão incontrolada da arma de fogo, sobretudo clandestina, situações essas que contribuem de forma decisiva para o avanço do tráfico de drogas, dos assaltos, dos roubos, dos sequestros e, por fim, dos homicídios.

É constrangedor saber que o país onde há milhares de centros espíritas, lidere a lista mundial em casos de mortes produzidas com a utilização de armas de fogo. E, por forte razão, senhor pré-candidato, cremos ser falsa a segurança oferecida pelas armas mormente no ambiente doméstico, considerando o potencial de alto risco do uso da arma por familiares não habilitados, que podem causar efeitos danosos irreparáveis na vida doméstica.

De modo óbvio, não somos tão ingênuos a ponto de acreditar que a restrição (proibição) do uso de armas de fogo equacione definitiva e imediatamente o problema da violência. Sabemos que a arma de fogo pode ser substituída por outras, talvez não tão eficientes. Na ausência de estrutura da aparelhagem repressora e preventiva do Estado, as armas de fogo continuarão chegando às mãos dos indivíduos descompromissados com o bem e fazendo suas vítimas. Por isso, urge meditar que devemos aprender a desarmar, antes de tudo, nossos espíritos, e isso só se consegue pela prática do amor e da fraternidade.


Muitos vivem sob o guante da síndrome das balas perdidas. Cremos ser o investimento de recursos em armamentos inútil, perigoso e desnecessário. As leis e a ordem impostas à sociedade como resposta à exigência coletiva são aceitáveis e compreensíveis, mas muito melhor será quando os homens amarem-se ao invés de armarem-se e fazerem ao outro o que desejariam que lhes fizessem, pelo menos respeitarem seus direitos, sobretudo o mais fundamental, como o direito à vida e nesse contexto o ensinamento espírita em seu esboço filosófico e religioso (ético-moral) é o instrumento por excelência decisivo para transformação social.

Novos espíritas


Vladimir Alexei

Acompanhamos, há um bom tempo, as dificuldades que o movimento espírita brasileiro enfrenta para se manter firme sobre as próprias pernas. De tempos em tempos alguns furacões assolam o movimento, fazendo surgir dos destroços lições importantes e reflexões elevadas para todos nós.

Pensadores contemporâneos, como Zygmunt Bauman, recém desencarnado, já demonstravam as fragilidades sociais a partir da relação Estado x Sociedade. Com a crise do Estado (diminuto, mas regulatório como o americano, ou amplo e também regulatório como o brasileiro) e suas limitações em conseguir acompanhar as necessidades sociais, o ser humano volta suas atenções para aquilo que lhe dá um mínimo de segurança: a religião. Isso quando a religião ainda é útil, pois o número de ateus está aumentando...

As religiões já não apresentam respostas satisfatórias como antes. Ou melhor, o que atende a muitos pensamentos na atualidade é um mix contendo filosofias diversas que se completam, se chocam, mas que de alguma forma levam o cidadão a sentir-se melhor naquele sincretismo.

É a estória do indivíduo que para fazer uma prece acende um incenso, deposita-o no altar construído com a imagem de Buda, com um terço na mão, recitando Caritas.

Essa pluralidade é tão real quanto emblemática. Se somos seres milenares, já peregrinamos por diversas paragens e em cada uma delas guardamos lembranças de culturas e religiões que nos influenciaram. Que mal há nisso? Leon Denis, em sua obra “O gênio céltico e o mundo invisível” ao referir-se sobre a Gália, disse que o Cristianismo primitivo teve papel importante entre os celtas. Sua influência foi positiva. Após diversas reencarnações, em várias posições geográficas, e sociais, o espírito na atualidade é, por si só, o resultado da multiplicidade de culturas e conhecimentos.

O desafio nesses primeiros decênios do século XXI tem sido esse: saber lidar com a diversidade e o sincretismo. Kardec tem sido apresentado aos novos espíritas como um pensador sisudo, autor ou coautor de uma doutrina isolada, que não se mistura. O espírita (não só da atualidade...) acende uma vela de vinte centímetros para Deus e uma do tamanho da pessoa para o “coisa ruim” quando a situação aperta. Pode não ser para o coisa ruim, mas ele é frequentador da casa X e faz tratamento de desobsessão na casa Y, porque não podem saber que ele está em dificuldade ou desarmonia. Ou ainda pior: não confiam nos médiuns da própria casa espírita que frequentam, por isso trabalham em uma e buscam socorro em outra.

Já que citamos Leon Denis, ele disse que “o Espiritismo será o que o fizerem os homens” (No Invisível, pg. 8, 2014). O que temos feito do Espiritismo? Alguns isolaram a Doutrina para mantê-la pura. Tão pura que ninguém tem acesso, ninguém a entende e a interpreta como esses sacerdotes modernos, filhos diletos da Hermenêutica-Espírita (criado por eles, naturalmente).

Criticamos Humberto de Campos por causa dos erros cometidos pela editora. Diminuímos os esforços daquele espírito que, de forma poética, trouxe páginas significativas e consoladoras a todos os corações. Falando em coração... seu pensamento é colocado em xeque porque a Pátria do Evangelho não anda muito bem, como se a obra fosse de presciência (fenômeno que Kardec explica em “A Gênese”). Ao citar Irmão X em um debate espírita, seu debatedor desclassifica-o, de forma “fraterna”, por não ser ipsis litteris como escrito em Kardec. Desde quando a poesia guarda rigores científicos? Desde quando a arte se limita à ciência?! Desde quando o Evangelho é do mundo, quando sua essência verte da mais cristalina Fonte?

Emmanuel é achincalhado, por causa da alma gêmea e de erros que até hoje não disseram efetivamente quais são. A tese da “alma gêmea”, um dos tais erros, é um daqueles textos que o indivíduo interpreta de acordo com sua índole. A coisa é tão desagregadora, que, outro dia, me perguntaram quem era “maior”: Emmanuel ou André Luiz!

São esses os novos “conhecedores” de espiritismo que temos no movimento! Jesus teve sabedoria para lidar com esses fariseus quando nos convidou a “dar a César o que é de César”. Qualquer que fosse a nossa resposta estaria errado pois o critério de comparação é a Escala Espírita, referência didática utilizada por Kardec em O Livro dos Espíritos para que pudéssemos compreender a diversidade espiritual e não para que os espíritas ficassem medindo uns aos outros.

Esses novos espíritas nunca leram Leon Denis! Nunca leram o próprio Emmanuel, mas, como alguém “sério” criticou a obra, eles criticam também. Graças a Deus os pensamentos e as experiências são diferentes e permitem que alguns descubram “erros” e todos aprendamos. Mas até hoje, todos os possíveis erros não passam de interpretações e pontos de vista dos debatedores.

André Luiz, dentre eles, parece ser o mais perseguido. Primeiro porque seus textos namoram com a ciência. Namoro sem autorização dos sacerdotes espíritas e acadêmicos. Revelações de informações que só seriam validadas e reconhecidas posteriormente pela ciência, não são suficientes para validar seu trabalho. Precisam criticar o médium que, desiludido com os rumos do movimento espírita, deixou a barba crescer e se projetou para outras terras, levando consigo, adeptos também insatisfeitos.

E o Manoel Philomeno de Miranda? Das duas uma: ou ninguém lê a ponto de não comentar, ou quem lê não entende nada, seja pela forma empolada com que se manifesta ou ainda pelo conteúdo pouco acessível aos novos espíritas que não estão preocupados para onde vão ao desencarnar. A “onda” é desconstruir sem construir algo no lugar. Simples assim: Nosso Lar, por exemplo, é uma “invenção” de André Luiz, como se o principal da obra fosse a colônia. É o mesmo que dizer que o principal de um encarnado fosse valorizar a cidade que ele vive e não a sua forma de viver!

O novo espírita está interessado em receber respostas prontas. O novo espírita quer trazer a doutrina espírita para sua realidade e não buscar respostas que possam mudar sua realidade elevando-o a compreensões mais dilatadas da Vida.

E Charles, Tolstoi, Camilo? É curioso: ao nos referirmos à obra da Yvonne do Amaral Pereira, raramente o fazemos citando o nome dos espíritos. O mesmo se aplica a Zilda Gama. Por que será? Tenho algumas hipóteses, mas, em terra que horóscopo e data-limite são levados a sério, assim como conversas rotineiras com ETs, creio ser melhor não aventar hipótese alguma. Vai que alguém toma uma hipótese como verdade absoluta?
Qualquer semelhança com o cenário político brasileiro não é mera coincidência. Quem era bom, por pensar diferente, passou a ser do mal. Não estou pregando o sincretismo e nem muito menos dizendo que devemos isolar a doutrina, e sim, que devemos sair da superfície do pensamento de divulgação e nos dedicarmos em encontrar maneiras de falar a linguagem que o novo espírita entende, sem com isso modificar uma vírgula do que Kardec produziu. Mas isso é muito difícil, alguns dirão! Quem disse que seria fácil?

As filosofias e pensamentos religiosos são, em muitos momentos, complementares, em outros convergentes e até divergentes, apenas quanto aos dogmas. Porém, parafraseando o adágio, “todos os caminhos levam ao desenvolvimento espiritual”. Cada um de nós percorre o caminho com uma caixa de ferramentas, um “cinto de utilidades” e aplica-o conforme o desafio que enfrenta. Privar o ser humano de aplicar o Espiritismo da forma que lhe convém, com o conhecimento que tem, para dirimir suas dores é ousadia que não tenho. Mas, sinto que falta, nesse cinto de utilidades, uma ferramenta, que é a da simplicidade. Ferramenta universal que nos ajuda a encontrar saídas para todas as dificuldades, a começar por aquelas que nós mesmos criamos...

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Entrevistando José Sola





1. A FEB é realmente a entidade que representa ou congrega a doutrina espírita no Brasil? Ela tem legitimidade para unificar as controvérsias doutrinarias como faz o Papa no catolicismo?

Sola -  Infelizmente não. A FEB não congrega valores legítimos que lhe outorgue condições para ser a legitima representante da doutrina espirita no Brasil, embora ela assim julgue.

A FEB ao ser fundada, sem duvida alguma, era a esperança da espiritualidade de ser a representante da união e da concórdia, de ser o ponto de convergência em que os espiritas encontrassem respostas as duvidas que se apresente no seio da doutrina, demonstrando uma resultante conclusiva do roteiro a seguir, todo aquele que é, ou pretende ser, um adepto do espiritismo.

Mas os que deveriam ser a bussola de orientação, aos quais competiria sanar duvidas, mantendo-se sempre atentos ao espiritismo codificado por Allan Kardec, estes sucumbiram subordinados por uma falange de entidades místicas que os submeteram a uma crença ridícula e insustentável, crença esta que contraria a lógica fundamentada por Allan Kardec nas obras básicas do espiritismo, e pior, o misticismo apresentado por Roustaing supera em muito o misticismo apresentado pelas religiões ortodoxas.


2. Alguns estudiosos da doutrina, e dentre estes alguns que discordam e que apresentam analises criticas ao roustanismo, afirmam que não deva haver qualquer preocupação por parte dos espíritas, pois este não causa nenhum dano ao espiritismo, isto é verdade?

Sola -   Esta é uma visão míope da parte de alguns espiritas, e principalmente dos que analisam e refutam o roustanguismo. Para verificar que este envolvimento místico, é danoso a nossa doutrina, basta analisar os prejuízos que este tem causado, vou relembrar um, e este é irreversível.

Wantuil de Freitas que permaneceu durante 27 anos na direção da FEB, - de dezembro de 43 a agosto de 64 - foi o responsável pela adulteração do livro “Brasil Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”, escrito por Humberto de Campos, através da psicografia de Francisco Candido Xavier. 

Como já é de conhecimento de todos os espiritas, Chico Xavier doou as obras que recebia através de sua mediunidade a FEB, completamente isento de fins lucrativos.

A FEB sempre foi à patrocinadora das obras antidoutrinárias de Roustaing, entretanto esta obra, não tem sustentação lógica, não responde a racionalidade, e importava aos roustanguistas, - e o líder deles na época era o Wantuil - introduzi-la a doutrina espirita, no intento infeliz e desonesto de torna-la sustentável.

Lendo o livro “Conscientização Espirita” escrito por Gélio Lacerda da Silva, temos informações precisas de que Chico Xavier se encantou pelo canto da sereia de Wantuil, permitindo a este que adulterasse o livro Coração Mundo, modificando lhe o conceito, tornando-o vulnerável a critica.

Este foi um ato infeliz da parte de Wantuil de Freitas, e infelizmente não foi um ato impensado, pois incineraram o manuscrito, eliminando, desta forma todo e qualquer vestígio do legado de Humberto de Campos através da mediunidade de Francisco Candido Xavier.

Não houvessem outros prejuízos causados pelo roustanguismo, fosse apenas esse, já é um mal irreparável, mas a intervenção desastrosa não para nisso, mas não vou descrever outras, pois essa já deixa evidente qual é a intenção dessa falange de espíritos obsessores.

Então não vejo lógica nos que afirmam que esse misticismo inserido na doutrina espirita não causa nenhum dano ao espiritismo, é hora de separarmos o joio do trigo.


3. Você entende de que o roustanismo apresenta condições para caminhar ao lado do espiritismo como um corpo de doutrina filosófica, cientifica e moral?

Sola -   Não. Li Os Quatro Evangelhos de Roustaing, e em momento algum me deparei com uma informação cientifica, e tampouco filosófica, e senão fossem as aberrações místicas, muito pouco encontraria da moral do Cristo, nesses quatro compêndios, pois a moral de Jesus foi deturpada por Roustaing.

Ao afirmar este de que Jesus foi um agenere, destituído do corpo físico, dotado de um corpo fluídico, o transformou no maior mistificador que a Terra já houvera recebido. 

Quando criança fingiu mamar em Maria, segundo a mística do roustanguismo, Ele fingia que mamava nos seios maternos, entretanto o leite produzido por Maria era transformado pelos anjos, - e eram muitos, pois um só não conseguiria realizar essa façanha - em energia, energia esta que era devolvida a fonte de origem Maria. (Primeiro volume dos “Quarto Evangelhos” paginas 243- 244).

E quanto ao haver Jesus se apresentado na Terra com um corpo fluídico, se esta mística fosse uma verdade, Ele haveria sido o mais sádico mistificador que a humanidade já conheceu, pois dotado de um corpo fluídico, fingiu viver o martírio na Cruz, haveria mistificado o derramamento de sangue quando Lhe introduziram as cravas nas mãos e pés, e ainda quanto lhe colocaram a coroa de espinhos na cabeça, mistificando também o cansaço, e os vergalhões das chicotadas.

E mais a morte de Jesus, tanto quando a ressureição, não passaria de uma farsa, pois não houvera encarnado, e quem não vive um corpo de matéria não morre, o que denominamos morte é o momento em que o espirito se desprende do corpo físico, mas se não possuía um corpo físico, então não morreu, e quem não morreu, não tem como ressuscitar, pois permanece vivo. 

E quando afirmo que Ele teria sido o mistificador mais sádico que a humanidade já conheceu, é porque Ele representava sofrer, apenas representava, enquanto que os seus discípulos estariam vivendo um sacrifico real. Este é o Jesus que nos apresenta Roustaing, um Jesus sem escrúpulos, que passou pela Terra mistificando desde a infância e o que é pior é que existem “espiritas” que acreditam nesta mística berrante.

E João Evangelista tampouco concorda com essa farsa, chegando mesmo a chamar de Anticristos aos que adotam essa crença.

“E todo espirito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do Anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já esta no mundo”. (Primeira epístola de João 4.3)

E Allan Kardec no livro “A Gênese” no Capitulo 14, questão 65 nos fala sobre o: Desaparecimento do Corpo de Jesus irei transcrever parte dessa questão, pois a mesma é longa, mas o tópico que vou transcrever, nos possibilita verificar com clareza o conceito de Kardec sobre o corpo de Jesus. 

65 – “(...) Após o suplicio de Jesus, seu corpo se conservou inerte e sem vida; foi sepultado como o são de ordinários corpos, e todos o puderam ver e tocar. Após a sua ressureição, quando quis deixar a Terra, não morreu de novo; seu corpo se elevou, desvaneceu e desapareceu, sem deixar qualquer vestígio, prova evidente de que aquele corpo era de natureza diversa das do que pereceu na cruz; donde forçoso é concluir que, se foi possível que Jesus morresse, é que carnal era seu corpo.

Por virtude das suas propriedades materiais, o corpo carnal é a sede das sensações e das dores físicas, que repercutem no centro sensitivo ou espirito. Quem sofre não é o corpo, é o espirito recebendo o contragolpe das lesões ou alterações dos tecidos orgânicos. Num corpo sem espirito, absolutamente nula é a sensação. Pela mesma razão, o espirito sem corpo material, não pode experimentar os sofrimentos, visto que estes resultam da alteração da matéria, donde também forçoso é se conclua que, se Jesus sofreu materialmente, do que não se pode duvidar, é que ele tinha um corpo material de natureza semelhante ao de toda gente”.

O negrito é nosso, só para destacar de que Kardec também entendia de que se Jesus não tivesse tido um corpo material, teria sido um falsário.

Então não posso ver semelhança alguma, em uma doutrina que prima pela lógica, pela razão, e pela moral libada do evangelho de Jesus, com um conceito místico que denigre a sublimidade de Jesus, transformando-o num mistificador sórdido, sem escrúpulos, pois passou pela vida mentindo do berço a cruz. 


4. O que foi o Pacto Áureo de 5.10.49? A FEB ainda apoia o roustanismo?

Sola -  Para responder ao questionamento do que foi o Pacto Áureo, vou me apropriar de um texto apresentado por Jorge Hessen, transcrevendo um tópico em que revela mais um golpe de Wantuil de Freitas, no intento de introduzir o roustanguismo na doutrina espírita, então peço licença ao Jorge, e faço minhas as suas palavras. 

“A “Grande Conferência Espírita” imposta por Wantuil de Freitas foi muito embaraçosa e grotesca! O titular da FEB “ouviu” os confrades, um por um. Depois foi contundente ao tirar do bolso e infligir uma surrada agenda “áurica”, propondo um novo Conselho Federativo “Nacional”. Tal entidade (CFN), além de umbilicalmente ficar vinculado à Federação Espírita Brasileira, seria presidido pelo próprio “proprietário” da FEB. E mais, cada federação estadual deveria apresentar uma lista tríplice com o nome de candidatos para que Wantuil de Freitas escolhesse um para representá-la no CFN. A Liga Espírita do Brasil deixaria de ser federativa nacional e sua atuação não ultrapassaria os limites do Estado do Rio de Janeiro e a sigla deveria sofrer alteração.

O patético da situação é que nenhum dos itens expostos por Wantuil de Freitas foi contestado pelos pactuantes que subscreveram a leonina ata da “Grande conferência espírita do Rio de Janeiro”: Wantuil de Freitas (FEB); Lins de Vasconcelos (Liga); Vinícius e Carlos Jordão da Silva (USE); Bady Cury e Noraldino de Melo Castro (União Espírita Mineira); João Ghignone e Francisco Raitani (Federação Espírita do Paraná); Oswaldo Melo (Federação Espírita Catarinense); e os confrades da Federação Espírita do Rio Grande do Sul: Felisberto Peixoto, Jardelino Ramos e os autores da tese propondo a fundação da confederação: Roberto Pedro Michelena, Marcílio Cardoso de Oliveira e Francisco Spinelli.

A proposta dessa agenda pré-elaborada com anuência sem maior amadurecimento dos compartes, foi firmada a 5 de outubro de 1949, e posteriormente Artur Lins de Vasconcelos Lopes (vice-presidente da Liga) batizou com o aparatoso título de “pacto áureo”.

E quanto a FEB apoiar Roustaing, o tem feito através dos tempos, sustentado por vários presidentes e diretores dessa instituição. Entretanto os mais aguerridos roustanguistas de que tenho conhecimento, são Wantuil de Freitas, Francisco Thiesen, e mais recente Luciano dos Anjos, dentre vários outros adeptos da mística roustanguista, entendo que estes foram os que mais lutaram para implantar esse misticismo na doutrina espirita.

Mas os seguidores dessa mística, não desanimaram, ainda continuam investindo, sorrateiramente, na esperança de ganharem espaço, e inserirem esse misticismo absurdo que apresentam, pois todas as terças feiras, desenvolve se um “estudo” dos “Quatro Evangelhos.”

E nossos amigos desenvolvem estudos “interessantes”, estudam o Corpo Fluídico de Jesus, neste estudo eles estão procurando restaurar a teoria do Docetismo, pois esse dogma foi descartado pelos pais da igreja católica, sendo que esta se demorou por muito tempo acreditando que Jesus era Deus, mas a mística de que Jesus não tinha corpo material eles não aceitaram, nem eles conseguirão engolir a farsa que Roustaing atribuía a Jesus.

Ah! Estão ainda tentando revalidar uma crença budista, o panteísmo crença esta que Kardec afirma não ter lógica, mas eles entendem que Kardec se equivocou; será? 

Na “Revista Espirita” junho de 1863, páginas 163/166, Allan Kardec escreve sobre o principio de não retrogradação do Espirito. Eis um trecho:

“Segundo um sistema que tem algo de especioso á primeira vista, os Espíritos não teriam sido criados para se encarnarem e a encarnação não seria senão o resultado de sua falta. Tal sistema cai pela mera consideração de que se nenhum espirito tivesse falido, não haveria homens na Terra, nem em outros mundos. Ora, como a presença do homem é necessária para o melhoramento material dos mundos;...., ele é uma das engrenagens essenciais da criação. Deus não podia subordinar a realização desta parte de sua obra a queda eventual de suas criaturas, a menos que contasse sempre com um numero suficiente de culpados para fornecer operários aos mundos criados e por criar. O bom senso repele tal ideia”

“Os Quatro Evangelhos de Roustaing (Primeiro Volume, edição FEB, as paginas 317/321) contestam Kardec:

A ultima frase deve ser riscada. O bom senso, ao contrario, indica que a Presciência de Deus lhe faculta saber que, no número dos que Ele cria simples, ignorantes e falíveis, haverá sempre muitos que, pelo mal uso do livre arbítrio, sucumbirão as suas fraquezas, se deixarão arrastar pelo orgulho, que se origina da ignorância e tem por derivados a presunção, o egoísmo e a inveja.”

Encontramos nos Quatro Evangelhos de Roustaing ainda varias afrontas a Kardec na ânsia desesperada em que se demora o autor dessa obra, em justificar seu conceito infeliz de que o espirito regride.

Mas façamos uma analise rápida a palavra apresentada por Roustaing, e verificaremos que a tese por ele apresentada é insustentável, pois não existe nesta o mínimo de senso, lógica e racionalidade.

Conforme a visão de nosso amigo, Deus cria a muitos espíritos falíveis, simples, e ignorantes, estes determinados pelo Ser Supremo do universo a falir, e conforme Roustaing são esses os espíritos que devem encarnar, são parias do Criador.

Mas por outro lado ele deixa evidente que Deus Cria também espíritos perfeitos, estes não necessitarão encarnar, e esta postura da fonte originária da vida, O torna falível, pois esses espíritos estão sendo privilegiados. 

Se aceitarmos o dogma do roustanguismo como um principio de fé, teremos que aceitar um Deus injusto, parcial tanto quanto alguns homens, um Deus que determina o sofrimento aqueles espíritos que não caíram nas graças de seu amor eterno, e o que é pior, na sua presciência Ele já mantinha preferencias.

Mas os conceitos de Roustaing são contraditórios, pois ele informa que Deus cria sempre um número de espíritos falíveis, e é logico entendamos de que os demais sejam espíritos perfeitos, isto é, não sujeitos a falência, entretanto, se em sua Onisciência Ele cria os espíritos falíveis, qual é a razão de castiga-los conforme nos informa Roustaing, pois esses espíritos serem falíveis é um determino do autor da vida, então vamos passar a palavra ao ilustre Roustaing.

“(....) Não vendo aquele de quem tudo emana, negam-lhe a existência e se consideram a base e a cúpula do edifício. Nesse caso, sobretudo nesse caso, mais severo é o castigo.

É um dos casos de primitiva encarnação humana. Preciso se torna que os culpados sintam, no seu interesse, o peso da mão cuja existência não quiseram reconhecer.” (Pagina 311)

E nosso querido amigo continua se contradizendo, agora ele estará apresentando uma revelação símile a da queda dos anjos, mas antes de apresentarmos qualquer comentário sobre a mesma, vamos transcreve - lá.

Escreve Roustaing que os Espíritos “ateus” sofrem o castigo da “primitiva encarnação humana” transformando-se em larvas, a que Roustaing dá o nome de “Criptógamos Carnudos”.

Eis como Roustaing descreve os “Criptógamos Carnudos”. 

“São corpos rudimentares. O homem aporta a essas terras no estado de esboço, como tudo o que se forma nas terras primitivas. O macho e a fêmea não são nem desenvolvidos, nem fortes, e nem inteligentes”. 

“Mal se arrastando nos seus grosseiros invólucros, vivem, como os animais, do que encontram no solo e lhes convenha. As arvores e o terreno produzem abundantemente para a nutrição de cada espécie. Os animais carnívoros não os caçam. A previdência do senhor vela pela conservação de todos (...)”. Quanta contradição, os espíritos na erraticidade, isto é, não habitavam nenhum mundo de matéria, desconheciam o ciúme, a inveja, o rancor, e o ódio, que motivos encontraram esses espíritos para sucumbirem?

Como na queda de Lúcifer, um anjo que foi criado por Deus, perfeito, conforme narra à ortodoxia bíblica, mas o Criador deve ter se enganado no momento de sua criação, e este anjo maravilhoso, resplendente de luz, manifestou algo de que nem Deus imaginava a inveja de seu próprio Criador, sendo projetado no inferno.

E a teoria de Roustaing se apresenta símile a este contexto bíblico, os espíritos após haverem conquistado uma evolução em que alguns deles já cooperavam na construção em plano maior, como nos informa Andre Luiz em o livro “Evolução em Dois Mundos”, foram transformados em lesmas, que se alimentam do que encontram no solo, e conforme o autor da “Revelação das Revelações” tem como habitat os pés de lírios.

Mas essa revelação é insustentável, pois esses criptógamos Carnudos, que conforme Roustaing seriam o inicio da encarnação do espirito na Terra como seres humanos, não existe, não há qualquer relato, de haver existido esse elemento, nenhum molusco ou inseto, foi descrito com esse nome, este vocábulo existe sim, mas não tem nada a ver com os seres que constam da lista dos insetos ou moluscos, e para corroborar o que informamos passamos a palavra ao Professor Herculano Pires.

“Essa é a revelação da revelação. Roustaing copia e desfigura Kardec acrescentando aos seus ensinos os maiores absurdos. Note-se que essas criaturas estranhas em forma de larvas, e lesmas, são encarnações de espíritos humanos que haviam atingido alta evolução sem passar pela encarnação humana. Depois de desenvolverem a razão em alto grau de haverem colaborado com Deus no processo da Criação, chegando mesmo a orientar criaturas humanas, voltam a condição de criptógamos carnudos”.

“Mas porque falam os reveladores em substancias humanas? Por que não simplificam as coisas dizendo simplesmente que esses espíritos descaídos vão encarnar-se em lesmas? Porque é preciso enganar os espiritistas que aceitam Kardec e sabem que a evolução espiritual é irreversível, que o espirito humanizado não pode regredir ao plano animal. (...)”

Mas o que são os criptógamos carnudos? Por que esse nome estranho? Tudo tem a sua razão na maquina infernal do ilogismo roustanguista, embora seja sempre a anti - razão que entra em cena. Apreciemos o assunto á luz da razão para tentar esclarece- lo.

“A palavra criptógamo é empregada cientificamente para designar certas plantas, cujos órgãos reprodutores não aparecem, são ocultos”. A origem do termo é grega: cryptos, que quer dizer brotos, e gamos que quer dizer oculto casamento união. Assim, criptógamo é um exemplar da espécie vegetal que tem os seus órgãos reprodutores escondidos.

Os reveladores roustanguista acrescentaram a palavra carnudo para adaptar a designação ao reino animal”. (...)

Herculano Pires explica com clareza de maneira cientifica, de que este termo utilizado não faz parte da relação dos animais, dos moluscos, ou dos insetos, este é um termo místico criado por Roustaing.

E então perguntamos estudar o que, pois nesta breve síntese que apresentamos não encontramos nada que some ao conhecimento dos espiritas, muito pelo contrario, tudo o que nos é apresentado por Roustaing em “Os Quatro Evangelhos” tem a intenção de denegrir a lógica e a racionalidade do espiritismo.

Então sou levado a concluir de que as terças feiras quando os febeanos se reúnem para realizar esses “estudos”, outra coisa não fazem que não, uma lavagem mental nas mentes dos “espiritas” que não se utilizam do bom senso, da lógica, e da razão, inserindo na mente destes, essa mística absurda.

Acredito que os presidentes da FEB, como os demais participantes da mística roustanguista, hajam sido adeptos da crença doucetista, que reencarnados, apesar de haverem tido contato com o espiritismo, não conseguiram penetrar a essência do mesmo, e conservam ainda apaixonados esse dogma arraigado nas entranhas da alma, levando-os a abdicar a lógica e a razão, pois nem mesmo eles encontram lógica nessa mística, tanto é assim de que eles não respondem as criticas que apresentamos a essa mística optam por calar, e justificam essa paixão, acomodando-a no amago do ser, pensando lógica ora a lógica, para que nos serve essa lógica. 


5. Você entende de que esse misticismo sustentados pela FEB, tanto quanto por alguns espiritas em geral, seja um motivo para a deserção de alguns adeptos do espiritismo? Como por exemplo, o caso de Morel Felipe?

Sola -   Eu entendo que tudo o que não possa ser sustentado pela lógica, e pela razão, que se pretenda inserir ao espiritismo é prejudicial, ou seja, retarda um pouco o avanço do mesmo, mas é impossível retê-lo, pois ele é no dizer de Emmanuel a religião universal do amor e da sabedoria, que palpita inevitável, no coração de cada criatura, é o encontro marcado com as lições de Jesus.

O postulado espirita se sustenta por uma lógica e por uma racionalidade inquestionável, é natural de que na prática existam algumas distorções, como por exemplo, algumas questões que são extrapoladas de forma equivocada, mas quem estude atentamente a filosofia espirita, vai se aperceber da lógica de conjunto que esta encerra. 

E um dos mandamentos apresentados por Kardec é de que tudo o que ouvirmos dos homens ou dos espíritos, devemos submetê-lo a luz da lógica e da razão, e do bom senso, e que aceitemos para nós o que a nossa consciência permite, e é natural de que vivendo momentos diferenciados na evolução, diferente seja a condição para apreciar um fato, ou um fenômeno.

Alguns confrades espiritas alegam que cada um de nós tem uma lógica, o que não é verdade, o correto é que cada um de nós tem uma opinião, que pode ser lógica ou não.

Por exemplo, os pais da igreja católica desenvolveram o dogma do inferno eterno, a principio era uma opinião, hoje é um dogma inquestionável, entretanto esse dogma não se sustenta pela lógica e tampouco pela razão, e Allan Kardec explicita a ilógica desse dogma em o livro “Céu e Inferno”.

E quanto ao amigo Morel tem todo o direito de abdicar de ser espirita, pois é dotado do livre arbítrio, mas se um dia ele foi espirita de verdade, o que não me parece, pois os argumentos que o mesmo apresenta são desprovidos de lógica, embora o mesmo se demore imaginando que esteja a fazer uso da mesma.


6. Nosso amigo Morel, em seu vídeo acusa Francisco Candido Xavier, e Divaldo Pereira Franco de místicos, você entende que o esteja fazendo de forma sustentável, amparado pela lógica e pela razão, ou que suas palavras reflitam apenas um ressentimento intimo?

Sola -   O que eu pude entender das palavras apresentadas por Morel, é que nosso amigo apesar de toda essa aparência lógica, e racional, que apresenta, quando iniciou na doutrina espirita, como sucede a muitos, não tinha conhecimento algum da mesma, digo isto, porque, o mesmo confessa não acreditar em incorporação (psicofonia), e a manifestação dos espíritos através da incorporação, da psicografia, da vidência, da materialização, é comprovada.

Diga-se de passagem, sem a mediunidade, não existiria o espiritismo, pois o “Livro dos Espíritos” que é a pedra angular em que se sustenta o edifício monumental do espiritismo, foi ditado a Kardec, através da faculdade de efeitos físicos de duas meninas, Caroline e Julie Boudin, e mais tarde juntando-se a estas, já no processo de correção, Kardec contaria com a faculdade de outra menina a Srta. Cecile Japhet.

Então nos parece que nosso amigo começou a crer, em uma filosofia insustentável desde as origens, pois não acreditando na possibilidade de comunicação dos espíritos, faltava-lhe a base de sustentação para sequenciar sua crença.

Mas vamos direto a questão, pois nosso amigo revela não crer na incorporação de Bezerra de Menezes através do médium Divaldo Pereira Franco, alegando que o médium mistifica ser o espirito do médico dos humildes e sofredores.

Direi a principio de que a incorporação acontece através dos médiuns, e não unicamente dos médiuns do espiritismo e da umbanda, mas também de algumas religiões evangélicas, pois em algumas delas manifestam-se entidades que eles atribuem seja o Espirito Santo.

Mas vou relatar alguns fatos que corrobora a incorporação. Na época em que o Dr. Adolfo Fritz se comunicava através do médium José de Freitas (Arigó), lhes fiz uma visita em Congonhas do Campo, não os conhecia, e o Arigó tampouco a mim. O médium chegou, e acanhado cumprimentou a todos, entrou numa cabine que havia no extenso salão, e quando se apresentou novamente já havendo se incorporado o Dr, Fritz, falava alto e grosso, no idioma português, com um forte sotaque Alemão, até esse momento poderia ser mistificação.

Entretanto sem que eu houvesse dado meu nome para ser consultado, pois não fiz essa visita com essa intenção, o que eu desejava era verificar a realidade dos fatos que diziam ali acontecer, pois como todos os fenômenos, que se manifestam este não fugia a regra, alguns o negavam, afirmando que não passava de uma mística, e outros endeusavam o médium. Para minha surpresa, o Dr.Fritz olhou para mim, ali perdido no meio de uma multidão de pessoas, e me chamou, no seu jeito áspero de ser, você, apontando para mim, e eu surpreso, mas feliz, pois era o que eu mais desejava me aproximar o suficiente para analisar melhor o que realmente ali acontecia; perguntei-lhe eu?

Caminhei até o Dr.Fritz, e ele me disse o estou esperando desde quando você saiu de São Paulo, até então poderia ser uma tentativa mística, - um chute conforme o ditado popular, - mas quando ele começou a narrar particularidades de minha vida, como por exemplo, de que eu era rimo de família, era solteiro, e brincando me revelou intimidades de que o médium não saberia jamais, minha duvida começou a desvanecer, e quando ele me informou de que eu tinha uma ulcera duodenal, meu castelo de duvidas ruiu, pois disto eu sabia e tomava remédios. Não vejo aqui qualquer possibilidade de mistificação, era realmente meu amigo Alemão quem me falava através do médium Arigó.

E para demonstrar a veracidade da incorporação, apresento um relato pessoal ocorrido em minha vida. Nasci em berço espirita, e minha mãe era médium de incorporação sonambúlica, de vidência, e possuía ainda a faculdade de xenoglossia, e isto eu comprovei, pois em algumas oportunidades se incorporaram espíritos de outras nações falando o idioma de origem logicamente de que isto acontecia quando havia um familiar, ou alguém presente que entendesse o que estava sendo dito pela entidade incorporada, pois senão houvesse essa incorporação não poderia ser comprovada.

E mais, quando os espíritos se incorporavam pela minha mãe, aqueles que haviam convivido comigo, como era o caso de meu pai, que desencarnou quando eu tinha nove anos, eu lhe reconhecia a voz, e os trejeitos de quando encarnado, e os espíritos que eu não os houvera conhecido encarnados, após algumas manifestações, eu conseguia saber quem era, sem que ele me declinasse seu nome.

E quanto à incorporação do Bezerra através do Divaldo, eu já a presenciei, algumas vezes e não vi nestas, nada de ridículo, muito pelo contrario, foram sempre idôneas, apresentando muita propriedade.

E mais, no dia 18 de abril, data de lançamento de o livro dos espíritos, de Allan Kardec, o médium baiano psicografou uma página em inglês, no sentido inverso. Esta mensagem foi escrita pela sua mentora Joanna de Ângelis e esta inserida em o livro “O Fenômeno Divaldo Franco”, nas paginas 54 e 55, escrito pelo biografo do médium, Miguel de Jesus Sardano.

Afirmar que um médium que permite a um espirito escrever uma pagina ao inverso, que para ser lida, torna-se necessário coloca-la a frente de um espelho, é um médium mistificador, para sermos educados, é uma atitude inocente da parte de quem o faça.

É possivel realizarmos esta façanha? Sim, escrevemos a mensagem como comumente o fazemos, a colocamos frente a um espelho, e desenhamos as letras, mas isto leva um bom tempo.

Entretanto não é isto que aconteceu, a mensagem foi escrita diante de assistentes, que verificaram esse fenômeno, e o corroboram.

Então nosso amigo Morel, deve explicar de forma mais especifica onde foi que Divaldo mistificou, pois felizmente a sua acusação é insustentável. 

E quanto a Chico haver mistificado criando na mente a imagem de um “amigo imaginário” Emmanuel, é algo duvidoso, pois Emmanuel extrapola o Evangelho com lógica e racionalidade sem igual, se o mentor de Chico é uma criação de sua mente, com todo respeito, esse amigo imaginário supera em muito a matriz de origem, pois com todo respeito o Chico não tinha esta condição.

E mais se Emmanuel não passou de uma imagem da mente de Chico, temos que admitir de que este foi um mistificador, e que os demais espíritos que psicografaram através de sua mediunidade, não foram individualidades reais, foram também criação da mente fértil de Chico.

Então vamos analisar essa possibilidade, utilizando-nos da lógica e da razão, principiando por questionar nosso amigo Morel, como explica ele, o primeiro livro psicografado “Parnaso de Além Tumulo”, livro este em que os poetas do além, apresentaram através da psicografia de Chico poemas que analisados por especialistas, ficou comprovado de que estes mantinham o mesmo estilo poético que quando estavam encarnados.

Mas vamos um pouco além, tendo Chico apenas o terceiro ano primário, como explica nosso amigo desertor, os livros escritos por, - ou que são atribuídos - ao espirito de Andre Luiz, por exemplo, “Os Mecanismos da Mediunidade”, “Missionários da Luz” ou “Evolução em Dois Mundos”?

Em o livro “Os mecanismos da Mediunidade” o espírito de André Luiz descreve a geração da eletricidade a partir do gerador, explicitando que este gera energia em megawatts, informando-nos de que esta energia vai passar por transformadores elevadores de potencia, alteando a mesma, para quilowatts para que a energia elétrica seja transmitida paras as capitais, através das linhas de transmissão. Descreve-nos ainda os componentes de proteção da usina e o faz com muita propriedade. E se isto informo é porque trabalhei por muitos anos no projeto de usinas hidrelétricas.

E para angariar conhecimentos que nos permitam falar desta matéria com segurança, é necessário haver feito uma faculdade de geração elétrica, e mais ao estarmos concluindo a faculdade, temos que ingressar como estagiários nas empresas que desenvolvam esse projeto, pois é trabalhando que vamos adquirir conhecimento da mesma; será que Chico Xavier com três anos escolares conhecia essa matéria? Se a temática desenvolvida neste livro fosse de Chico, ele seria um gênio nato, pois com certeza na escola primaria ele não a aprendeu.

Em o livro “Missionários da Luz” verdadeiro compendio de anatomia e fisiologia, André nos fala com naturalidade, apresentando-nos o cérebro e suas funções, a fecundação, nos explicita a especificidade do sistema endócrino; será que com três anos escolares, sem haver concluído nenhum curso na área da saúde, Chico Xavier teria como adquirir esses conhecimentos?

E em o livro “Evolução em Dois Mundos” nosso amigo André Luiz corrobora a evolução anímica, descrevendo a evolução do ser desde a mônada, e os protozoários, atendo-se ao conceito rígido das ciências que nos apresentam dados sobre essas temáticas, pois nenhum conhecedor dessa matéria contestou as informações descritas nesta obra.

E o que dizer das mensagens escritas pelas mãos de Chico, e nessas comunicações, os filhos escreviam as suas mamães, informando-as de que sobreviviam e estavam bem, relatando algumas provas que confirmavam a sua individualidade, e estas comunicações foram transformadas em um filme.

Mas pode ser de que nosso amigo Morel, conheça a parapsicologia, seja um psicanalista ou um psicólogo, e se utilize do álibi que tem sido utilizado por alguns desses profissionais dessas ciências, para afirmar de que o que Chico escrevia, o fazia através de uma leitura na mente do sujet, ou consulente, então vamos demonstrar com clareza de que não era isso que acontecia. 

Em o livro “Somos Seis” psicografado por Francisco C. Xavier, no capitulo, O Incêndio do Joelma, temos esta prova evidenciada. 

Quando do desencarne de Volquimar uma jovem que trabalhava no vigésimo terceiro andar desse edifício, sua mamãe desejou visitar o Chico, na esperança de obter uma mensagem da filha. O primeiro encontro entre D. Walkiria e Chico foi em Araras, e ao despedir-se, Chico falou-lhe da filha, identificando-a por Volquimar, que por sinal é um nome pouco comum, mas pode ser que Chico haja lido a mente da mãe.

Entretanto dois meses depois, quando D. Walkiria foi a Uberaba recebeu da filha Volquimar a informação de que houvera deixado uma cartolina com alguns dizeres, sendo que a mamãe de Volquimar ignorava a existência da mesma.

Como é que se explica a leitura na mente de um consulente, sendo que este ignora por completo a existência de um objeto, como aconteceu com D. Walkiria? É me parece que o Morel foi um espirita de superfície, se demorou atento à letra, mas não chegou a penetrar a essência do espiritismo. ’’

Então só nos resta repetir as palavras de Monteiro Lobato quando afirmou: Se Chico Xavier é verdadeiramente o autor de toda esta literatura, poderá sem duvida alguma, ocupar qualquer cadeira acadêmica do Brasil.


7. Felipe Morel alega de que os espiritas sofrem uma lavagem mental no sentido de não criticarem, esta critica concerne?

Sola -   Não concerne. Tanto é assim de que estou apresentando uma critica aos “Quatro Evangelhos” de Roustaing, e outros amigos também o têm feito, tais como o Professor Herculano Pires, (já desencarnado), o Gélio (autor do livro “Conscientização Espirita,”) Dr. Américo Nunes, Jorge Hessen, José Passini, Euripedes, Roberto Cury, e muitos outros de que não tenho conhecimento, e de que não me recordo.

E não apenas criticamos, mas ao apresentarmos algo que não faça parte da literatura ortodoxa do espiritismo, algo que foge ao convencional, convidamos nossos confrades a que nos refutem, se verificarem que o apresentado não se sustenta pela lógica, e pela razão, e isto sempre faço quando apresento um texto.

Entretanto, informo sempre, de que não basta dizer não creio, é necessário que me expliquem em que estou errado, e como é o certo, isto é polemizar não sendo assim, estaremos vivendo uma perlenga, isto é, discutindo em vazio, em outras palavras brigando.

Então é evidente de que não basta criticar pelo fato de discordarmos, de não acreditarmos, é necessário apresentemos uma critica que explique de maneira explicita, a causa da mesma, e nosso amigo Morel, não especifica a critica que apresenta como o fiz especificando algumas questões místicas do roustainguismo, digo algumas, pois são muitas.

Às vezes me pergunto, como é que alguns espiritas, que leram, não vou dizer estudaram, as obras postulares do espiritismo, e as Revistas Espiritas de Allan Kardec, podem aceitar os misticismos elementares que Roustaing nos apresenta? 

Entretanto a resposta logo me vem à mente, imaturidade do espirito, pois ninguém pode dar daquilo que não tem os que aceitam esses dogmas, estão na condição de um aluno primário, convidado a assistir algumas aulas de faculdade, acham vislumbrantes às palavras, entretanto estas não encontram campo para sedimentação em suas mentes, por falta-lhes sequencia no campo do aprendizado.


8. O Espiritismo é considerado elitista pelas estatísticas, predominando nas classes com mais escolaridade; isto confere?

Sola -   Primeiro desejo informar de que essa não é uma apreciação correta, pois embora a maior parte dos adeptos do espiritismo pertença à elite, nem todos os que possuem uma posição financeira melhor na sociedade, que possuam títulos honrosos, aceitam o espiritismo. Entendo de que para ser espirita, não basta termos um conhecimento em uma ou mais áreas da ciência, nem de possuir títulos, é necessário que tenhamos maturidade, e esta maturidade o espirito a adquiri, através das experienciações e vivenciações que conquista através das reencarnações muitas que lhe são concedidas em sua evolução na eternidade.

Temos muitos cientistas que não aceitam o espiritismo, e não direi que não são maduros por não aceitar o espiritismo, pois Einstein, Newton, Galileu, Descartes, Goswami, e muitos outros, não foram e alguns da atualidade não são espiritas, mas se utilizam da lógica e da razão, nas apreciações fenomênicas que apreciam, e corroboram a maturidade que já conquistaram. Entretanto alguns se demoram vivenciando um dogmatismo cego, a ponto de negarem a inteligência suprema da Vida, Deus, e importa prestemos atenção, pois a vida inteligente a manifestar-se de Deus no universo, não é uma premissa, não é um sofisma, é um fato que se repete constantemente, permitindo-nos o apreciemos e analisemos.

Entretanto concordo que para conhecermos melhor o espiritismo, o conhecimento e a cultura estarão nos favorecendo infinitamente, pois a física nos possibilita estudemos o campo do micro, dissecando as propriedades do átomo, que é matéria quando estes se agrupam por afinidade, pois a física nos informa de que matéria é energia em movimento em velocidade em aceleração, e que energia é matéria decomposta, apreendemos em física de que o elétron quando a uma velocidade de cem mil quilômetros por segundo se transforma em um tufão eletrônico.

A astronomia ou a astrofísica, nos permitem mensurar os mundos, e sóis definindo lhes a magnitude, e através do espectro seu tempo de existência no universo. A anatomia e a fisiologia nos favorecem no estudo e mensuração de nossos órgãos, permitindo nos conheçamos melhor. 

E é por ser o espiritismo uma doutrina cientifica filosófica, e moral, que devemos estudar sempre, buscando adquirir um conhecimento melhor dessas temáticas cientificas, nos detendo atentos a esta máxima, buscai a verdade ela vos libertará. 

Más existem aqueles que não têm títulos honrosos, não possuem posses materiais, mas que em reencarnações pretéritas conquistaram o conhecimento, e adquiriram a maturidade suficiente para sequenciarem sua evolução na eternidade, e encontram no espiritismo, as respostas aos porquês da mente que questiona no campo da lógica e da razão. Não nos esquecendo de que é o amor à essência que consubstancia que solidifica os conhecimentos do “Ser”, e este é um atributo que herdamos de Deus, não é privilégio de nenhuma religião, os espiritas como todos os demais a possuem, e se aplicam em sequenciar sua caminhada na eternidade, inebriados por essa essência divina.

O espirita que estuda desprendido do amor próprio exasperado aprende de que a vida manifestação de Deus no universo, se submete ao mecanismo inexorável da evolução, e compreende de que ninguém, nada permanece estacionado no mesmo, de que a evolução é ininterrupta na eternidade.

E acreditar que após havermos conquistado uma evolução sublime a ponto de colaborar com Deus na manifestação da vida, havendo nos transformado em deuses como nos disse Jesus, ou mesmo vivendo a crença por Roustaing apresentada de que Deus cria os espíritos puros, entretanto a alguns Ele os assiná-la para a queda, pois são estes os “condenados” a reencarnar, e que caíamos da imensidão esplendorosa por nós conquistada, ou mesmo agraciada, transformando-nos em um criptógamo carnudo (uma lesma) como nos ensina Roustaing, é acreditar que a vida manifestação de Deus no universo é incerta, indefinida, sujeita a casualidades e eu pergunto; onde a certeza do amor eterno, da eterna felicidade, e da justeza da Lei, esta mística apresentada por Roustaing é simplesmente desoladora?

Para a crença roustanguistas Deus é uma incerteza, uma indefinição, nos determos nas glórias da vida, num momento da eternidade, e involuirmos noutro momento qualquer da mesma, é apenas uma questão de casualidade, pois a Vida conforme a mística roustanguista é indecisa e indefinida.