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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

“SELINHOS” MUITAS VIDAS E MULTIPLOS CONFLITOS NAS AFINIDADES PARENTAIS (Jorge Hessen)


Jorge Hessen


A médica Charlotte Reznick vem causando polêmica entre pais ao sugerir que eles evitem dar “selinho” em seus filhos. De acordo com ela, essa é uma demonstração de afeto "erotizante" e pode confundir a criança.  Para Charlotte a boca é uma zona erógena do corpo e, assim, as crianças podem associar o beijo com atividades românticas e sexuais entre os pais. [1]A opinião da médica foi criticada e combatida por outros médicos e psicólogos, como Sally-Anne McComarck que afirma ser impossível um “selinho” confundir a cabeça dos filhos. Se fosse assim , profere McComarck, a amamentação traria mais confusão. Aliás, em 2013, Mayim Bialik, que interpreta a cientista Amy Farrah Fowler na série The Big Bang Theory , foi duramente criticada por uma foto em que aparece amamentando o filho de três anos no metrô de Nova York. Apesar de afirmar sentir falta de amamentar o filho, a atriz celebrou o momento em que o filho escolheu desmamar. 
Há diversos debates em torno do infantilismo psicossexual - Apesar da mãe ser o parente que gratifica principalmente os desejos infantis, a criança começa a formar uma identidade discreta sexual - "menino", "menina" - que altera a dinâmica do relacionamento entre pais e filhos; os pais tornam-se objeto de energia libidinal infantil. Na teoria clássica da psicanálise, o complexo de Édipo ocorre durante o estágio fálico do desenvolvimento psicossexual (a idade de 3 até 6 anos), quando ocorre também a formação da libido e do ego; no entanto, pode se manifestar em idade mais precoce.[2] As chamadas complicações edipianas outra coisa não representam senão os laços obscuros que entretecemos, ao enlear almas queridas no nosso carro sentimental – laços esses que passam a reclamar-nos o preciso desfazimento, para que a mútua libertação nos felicite.
Emmanuel nos instrui afirmando que o filho excessivamente vinculado à mãe, na maioria das ocasiões, é aquele mesmo companheiro que a genitora jungiu à própria senda, no passado, a suplicar-lhe agora o apoio necessário, a fim de exonerar-se das algemas psicológicas que o prendem à insegurança. E a filha imensamente ligada ao pai, habitualmente é a mesma companheira que ele acorrentou ao próprio destino em experiências do passado, a implorar-lhe hoje o auxílio indispensável, a fim de se desembaraçar do egoísmo com que se lhe enviscou à influência, em nome do amor. [3]
Baseando-nos no trabalho biológico de construção do ser, assente em milênios numerosos, é indubitável que surpreenderemos na criança todo o equipamento dos impulsos sexuais prontos à manifestação, quando a puberdade lhe assegure mais amplo controle do carro físico. E, com esses impulsos, eis que lhe despontam do espírito as inclinações para maior ou menor ligação com esse ou aquele companheiro do núcleo familiar. O jogo afetivo, porém, via de regra se desenrola mais intensivamente entre a criança e os pais, reconhecendo-se para logo se os laços das existências passadas estão mais fortemente entretecidos com o genitor ou a genitora. [4]
Debitando-se ao impulso sexual quase todos os alicerces da evolução sobre os quais se nos levanta a formação de espírito, é compreensível que o sexo apareça nas cogitações das crianças em seu desenvolvimento natural, e, nesse território de criações da mente infantil, será fácil definir a direção dos arrastamentos da criança, se para os ascendentes paternos ou maternos, porquanto aí revelará precisamente as tendências trazidas de estâncias outras que o passado arquivou. [5]
Apreciando isso, recordemos o cipoal das relações poligâmicas de que somos egressos, quanto aos evos transcorridos, e entenderemos  com absoluta naturalidade, os complexos da personalidade infantil. Assim sucede, porque herdamos espiritualmente de nós mesmos, pelas raízes do renascimento físico, reencontrando, matematicamente, na posição de filhos e filhas, aqueles mesmos companheiros de experiência sentimental, com os quais tenhamos contas por acertar. Atentos a semelhante realidade, somos logicamente impulsionados a concluir que os vínculos da criança, de uma forma ou de outra, em qualquer distrito de progresso e em qualquer clima afetivo, solicitam providências e previdências, que sintetizaremos tão-somente numa palavra única: educação. [6]
A inquietação da Dra.  Charlotte Reznick sobre os “inocentes selinhos” é corroborada pelo Mentor de Chico Xavier quando afiança que   no fundo da personalidade paterna ou do maternal coração, descansam os remanescentes de grandes afeições, às vezes desequilibradas e menos felizes, trazidos de outras estâncias, nos domínios da reencarnação. A libido ou o instinto sexual na forma de energia psíquica, tendente à conservação da vida, permanece, em muitos casos, na carícia dos pais, vestida em veludíneo manto de carinho e beleza, mas o amor é ainda, no adito do espírito, qual fogo de vida que se nutre do próprio lenho [7]
Toda criatura consciente traz consigo, devidamente estratificada, a herança incomensurável das experiências sexuais, vividas nos reinos inferiores da Natureza. De existência a existência, de lição em lição e de passo em passo, por séculos de séculos, na esfera animal, a individualidade, erguida à razão, surpreende em si mesma todo um mundo de impulsos genésicos por educar e ajustar às leis superiores que governam a vida. [8]Cada homem e cada mulher que ainda não se angelizou ou que não se encontre em processo de bloqueio das possibilidades criativas, no corpo ou na alma, traz, evidentemente, maior ou menor percentagem de anseios sexuais, a se expressarem por sede de apoio afetivo, e é claramente, nas lavras da experiência, errando e acertando e tornando a errar para acertar com mais segurança, que cada um de nós - os filhos de Deus em evolução na Terra - conseguirá sublimar os sentimentos que nos são próprios, de modo a erguer-nos em definitivo para a conquista da felicidade celeste e do Amor Universal. 
Como vemos temos que entronizar na discussão a importância da teoria da reencarnação para uma compreensão melhor e mais humana dos chamados “complexos parentais”. As ainda raras pesquisas científicas sobre a reencarnação abrem novas possibilidades de compreensão dos conflitos entre pais e filhos. O Espiritismo, por isso mesmo, se torna mais apto a ajudar a psicologia profunda na descoberta das raízes verdadeiras das situações parentais conflitivas.

Nota e referências bibliográficas:

[1] Disponível em http://mulher.terra.com.br/vida-de-mae/selinho-nos-filhos-confunde-e-deve-ser-evitado-diz-medica,6e8b07999ea47234d0b590037d0cbadb74rcRCRD.html   acesso 21/09/2015
[2] Joseph Childers, Gary Hentzi eds. Columbia Dictionary of Modern Literary and Cultural Criticism (New York: Columbia University Press, 1995)
[3] Artigo publicado na coluna dominical "Chico Xavier pede licença" do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970. 
[4] Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, ditado pelo espirito Emmanuel , RJ: Ed. FEB 1970, cap. 14
[5] Idem
[6] Idem
[7] Idem
[8] Xavier,  Francisco Cândido. Vida e Sexo, ditado pelo espirito Emmanuel , RJ: Ed. FEB 1970, cap. 24

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Espiritismo, Suicídio e Usuários de Substâncias de Abuso.


Luiz Carlos Formiga


Em 1994 surgiu o “Programa de Prevenção de Suicídio Fita Amarela”, que se tornou internacional, 47 países. A data de 10 de setembro tornou-se o dia mundial de prevenção, pois falar de suicídio pode salvar vidas.
Num Hospital Universitário, pesquisadores encontraram a taxa de 83,6 na faixa etária de 10-49 anos. Portadores de transtorno mental e usuários de substâncias de abuso eram 50,9%.
A maior parte das comunidades terapêuticas é mantida por comunidades religiosas. Hoje há um maior numero de pesquisas e discussões acadêmicas sobre a relação entre religião, espiritualidade e saúde mental.
Investigações passaram a demonstrar que pessoas religiosas não eram sempre neuróticas ou instáveis. Indivíduos com fé religiosa profunda na realidade pareciam lidar melhor com estresses da vida. Recuperavam-se mais rapidamente de depressão, apresentando menos ansiedade e outras emoções negativas. Assim, religiosidade e a espiritualidade vêm sendo claramente identificadas como fatores protetores ao consumo de drogas.
Os dependentes de drogas apresentam melhores índices de recuperação quando seu tratamento é permeado por uma abordagem espiritual, de qualquer origem, quando comparados a dependentes que são tratados exclusivamente por meio médico.
As entidades religiosas são importante recurso comunitário de apoio ao tratamento da dependência química. Devido ao papel de assistência social das religiões a exploração deste tema pode ser de grande relevância para a saúde pública em países como o nosso.
Na década de 1980 foi produzido um vídeo contando com a participação de espíritas profissionais de saúde. Nele, recebemos a tarefa de dar o enfoque espírita ao problema da droga. Não poderiam ser esquecidos três pontos fundamentais: o encontro de uma personalidade com uma droga psicotrópica, dentro de um certo grupo ou contexto sócio/cultural.
O documentário discutiu diversas questões, vejam algumas: como explicar a vulnerabilidade de determinadas pessoas? As drogas podem trazer à tona instintos primitivos arquivados no inconsciente profundo? Que tipo de educação recebida pela criança pode favorecer seu consumo?  A dependência pode ser provocada por espíritos desencarnados? Por que pessoas bem sucedidas na vida, executivos, artistas, consomem drogas? Como o Centro Espírita pode ajudar na prevenção? As taxas de consumo são mais elevadas no subconjunto populacional em que as famílias não são coesas? E, a família como vai?
Convidamos agora ao exame de parte do documentário, transcrito abaixo, resgatando memórias e alguns textos mais recentes indicados para leitura adicional.
Se a comunidade religiosa é importante na ajuda aos usuários de drogas, poderá ser útil também neste Setembro Amarelo.
“O Evangelho é portador de todos os ensinamentos essenciais e necessários, sem nos impor a necessidade de recorrer a nomenclaturas difíceis, distantes da simplicidade com que o Mestre nos legou a carta de redenção, na qual nos pede atenção amorosa e não teorias complicadas.” Emmanuel/Chico Xavier. Caminho, Verdade e Vida. Lição 160. O Varão da Macedônia.
Dependência Química e Espiritismo (parte 4/5)
A Doutrina Espírita não libera o indivíduo do tratamento com profissionais de saúde competentes, seja da área da Psicologia ou da área Médica. Junto fazemos um tratamento que é importante, porque ele visa ao que chamaríamos de “evangelização do paciente”. Porque nessa questão que estamos desenvolvendo, o que deve ser tratado é a vida emocional infantil, dos espíritos imperfeitos, que passam pela problemática das drogas.
Então, nós vamos fazer um trabalho de evangelização do paciente, no Centro Espírita, para que ele possa desenvolver, ao longo do processo, altos níveis de consciência, até que ele possa acordar a consciência, antes estava adormecida, e possa atingir estágio mais alto de consciência lúcida, porque quando atinge esse estágio ele apreende a verdadeira realidade; reconhece o verdadeiro sentido da própria vida.
Esse indivíduo nesse nível de consciência, percebendo agora o verdadeiro sentido da vida, passa a ter as taxas de consumismo decaindo, rapidamente. Aquilo que muitas vezes não interessa à sociedade, onde está inserido.
Na medida em que vai frequentando a Casa Espírita ele vai desenvolvendo o domínio da afetividade e atingindo níveis mais altos de consciência, ele também começa a se libertar do problema, sob o ponto de vista psicológico-espiritual.
A Casa Espírita não fica aí. Nós temos outros recursos, que podem ser valiosos para o paciente. À semelhança do que ocorre em outras doenças, quando você apresenta um processo de intoxicação por alguma droga, nós fazemos uma desintoxicação. Seria uma fase chamada de “soroterapia”, para neutralizar o veneno, como acontece numa mordida de cobra.
No Centro Espírita fazemos a desobsessão. Porque, como o homem é de natureza espiritual, nós percebemos que existe a possibilidade de espíritos desencarnados exercerem pressões sobre os espíritos ainda encarnados. Então há um processo que chamaríamos de “espirítopatia”, que é o predomínio de uma mente sobre a outra. Nós poderíamos pensar em tipos diferentes desse processo.
Espíritos simplesmente sofredores encontram indivíduos com personalidade frágil e que estão envolvidos com o problema das drogas. Encontrando sintonia mental eles se acoplam ao processo, numa verdadeira fusão perispiritual, dos corpos espirituais. Nessa fusão então há o agravamento causado pelos espíritos, pelos espíritos sofredores.
Mas existem também espíritos que não são apenas sofredores. Eles são muito mais imperfeitos, muitas vezes são maus, capazes de subjugar o indivíduo, imprimindo-lhes o seu pensamento e modificando-lhes a vontade. O indivíduo passa então a necessitar de doses cada vez maiores da droga e com maior frequência, num processo extremamente difícil de ser trabalhado no Centro Espírita, porque não depende exclusivamente da Casa Espírita, depende também da vontade do obsidiado de se desligar de seu obsessor.
Então nesse processo de subjugação, em que há um predomínio forte de uma mente sobre a outra, há necessidade de um bom trabalho na Casa Espírita, de uma reunião, que chamamos de desobsessão.
Essa obsessão, a contrição de um espírito sobre o outro, pode se processar num nível que passa por aquilo que chamamos de fascinação. Isso nós vamos encontrar em executivos, nos artistas, que diante de todo um processo de fama, acabam entrando nas drogas.
A droga os ajuda a criar, a permanecerem mais ativos. Isso, muitas vezes, é ocasionado pela fascinação de um espírito que trabalha envernizando o seu ego, e ele vai entrando nesse processo de dominação, que também é um pouco mais difícil de ser resolvido. Mas esse trabalho existe na Casa Espírita e é um trabalho de amor.  Você trabalha tanto o indivíduo que consome as drogas, quanto o espírito que o leva a consumir ou auxilia esse processo de consumo, tratando os dois doentes e tentando fazer essa separação.
Mas, na realidade em Doutrina Espírita não há separação, porque o amor une. Ou seja, nós vamos trabalhar as duas personalidades a encarnada e a desencarnada para que ambas atinjam um alto nível de consciência e possam perceber o verdadeiro sentido da vida, quando isso acontece evidentemente a cura é mais rápida.
Por isso que a Doutrina Espírita tem muito a oferecer nesse campo.
Mas, além disso, é feito outro tipo de trabalho. Já que a Doutrina Espírita não utiliza medicamentos, nós trabalhamos com o nós chamamos de água fluidificada.
Nós sabemos que a água é veículo poderoso para carrear energias, medicamentos energéticos, colocados pela espiritualidade. A água é utilizada não apenas nesses casos.
Além de água fluidificada a terapêutica espírita utiliza um processo, que foi ensinado inicialmente por Jesus, que é o “Passe”, a imposição de mãos. E nesse passe, nessa imposição de mãos, o que é veiculado ao indivíduo, para o seu fortalecimento perispiritual é aquilo que nós chamamos de bioenergia. Essa bioenergia é aquela mesma que, no laboratório de Bioquímica, é capaz de modificar a cinética de uma enzima, ou seja, através do passe é possível acelerar a atividade de uma enzima ou realizar fenômeno inverso, dependendo da orientação para a cura do paciente.
Então em síntese: a terapêutica espírita está baseada na educação do espírito, no sentido de um crescimento espiritual; no afastamento de espíritos que podem estar acoplados ao processo e um tratamento do corpo perispiritual, que é lesado nessas condições, através da água fluidificada e do passe, como Jesus nos ensinou.
Leitura adicional
Observação.  Dependência Química e Espiritismo
Parte 1/5
Parte 2/5
Parte 3/5
Parte 5/5

IDENTIDADES DO UNIVERSO ORANTE

Margarida Azevedo
Ao tempo de Jesus, o Judaísmo não tinha um centro de ortodoxia. O próprio Templo não era um centro unificador ideológico. A ele convergiam os grupos mais diversos, tais como baptistas, zelotas, farizeus, aos quais se juntou um novo grupo, os cristãos.

Para além das abordagens teológicas que caracterizavam cada grupo, face à Lei e aos profetas, bem como as singularidas ritualísticas entre si (os banhos rituais entre os essénios, por exemplo), o modo de orar era um elemento identitário característico. Orar com os essénios não era o mesmo que com os zelotas.

Este elemento, porém, não caracteriza o orante quanto ao “quem é”, mas quanto ao “como é”. “Diz-me com quem oras, dir-te-ei como és”, isto significa que o modo de orar é identitário da espiritualidade do orador. Dito de outro modo, “Com quem oro é como eu sou”: essénio, zelota, cristão, etc.

Ao “quem é” responde-se: “É X, o filho de Y; “É A, mulher dos filhos de C”; “É D, da localidade Z”. Há o recurso ao exterior a si para identificar uma identidade parcial, tal como tribo, família, nacionalidade e naturalidade.

Ora, o ”como é” é mais complexo do que o “quem é”. O “quem é” pertence ao nome, ao que é discriminável no espaço e no tempo; o “como é” fala de uma natureza que ultrapassa as questões do nome, é uma identificação fora da impressão digital familiar, tribal ou religiosa.

Pergunta-se: O que é orar? É sentir estadios de consciência; sensações inefáveis, desapossar-se de si; é acreditar que algo vai acontecer e que se gosta; é estar espectante; é, basicamente, mudar o sentido às palavras por meio de uma vontade. Orar é sentir forças e esperar que elas ajam sem barreiras.

Por meio dessa vontade, o orante apela simultaneamente à transformação do mundo. Por isso, a oração é tanto mais sublime quanto mais se espalha, transpondo o débil e limitado horizonte do orante. Como é que se dá esta passagem? De que forma o “como é” se transcende e se ulrapassa? Na oraçâo, há uma possessão característica, pois aquele que ora sente-se possuído por forças. Ao expor-se-lhes, surgem revelações donde a maior é tomar consciência de que algo infinitamente grande se minimiza descendo ao muito pequeno, num momento de uma intimidade que se não expressapor palavras, fazendo-as surgir, num sem sentido, o mesmo é dizer, num sentido que não lhes pertence, num ímpeto de dizer o indizível. O ”como é” une-se ao universo de tal forma que este toma as dimensões do seu coração.

Não se pense que isto tem a ver com o universo mágico. Não se trata de uma coisa passar a ser outra, mas de se manter a mesma, porém com outro modus operandi. Isto é, os afectos exortam o “como é” a que, fervorosamente e por meio de práticas que agradem ao Absoluto, suplique a Sua presença junto de si e do mundo. O material e o imaterial encontram-se no sem sentido das palavras do “como é”.

Este sente-se, por isso, interprete no universo discursivo do outro/novo sentido das palavras, o que para ele significa poder. A palavra pode curar, libertar, purificar, apoucar o mundo à palma da sua mão.

Será o universo “como é” um mundo de fantasias, criador de super-poderes, paradigma de inconscientes perturbados ansiosos de liderança? Para bem das nossas consciências, entende-se por oração um discurso para o bem. Se com Jesus temos o Pai Nosso, oração identitária dos cristãos, que põe em cheque a dimensão hipócrita da vida, e acaba radicalmente com o sistema religioso da troca, temos, por outro lado, como complemento, o cosmopolitivismo da força da palavra, pois o Pai Nosso é uma oração cósmica e passível por ser dita em qualquer credo. Isto é, a cordialidade e o bom entendimento entre todos os que vivem debaixo do Sol é elemento purificador tão forte que dá sentido e força à oração. É identitária para os cristãos, mas é universal na boca do seu profeta. Como ela aprendemos que orar e estar de mal com alguém é anular a força da oração e, reciprocamente, o que é pretendido atingir.

Daqui se infere o quanto ainda estamos longe de tais vivências. A nossa fragilidade leva-nos a cair numa lógica implacável: Dar a Deus para que Deus dê. Logo, quem mais dá mais recebe; o outro é mau, não posso aproximar-me dele. Erro puro.

Não somos fatalmente infelizes, somos cruelmente hipócritas. As longas preces são uma teatralização. A oração em grupo transformou-se num espectáculo para atrair fiéis. Para não se tornarem enfadonhas e despropositadamente repetitivas, o ministrante faz-se auxiliar de equipamentos apelativos.

Além disso, o universo orante não é compatível com o negócio. Ninguém paga a ninguém para orar porque todos nascem preparados para o fazer. Isto significa que a oração é o discurso de um particular que se transcende. Esta força inata impõe-se por uma espiritualidade centrada na misericórdia da Divindade, que a todos dá os meios salvíficos. Assim, Aquele a Quem se ora não nos ama por muito orarmos, nem por muito lhe ofertarmos sacrifícios e outras oferendas. Ele ama-nos antes de nós O amarmos, e porque somos amados conseguimos amar. Temo-Lo dentro de nós.

É este o apontamento a registar no nosso coração. Estamos perante um novo registo existencial que consiste numa mudança radical, de tal forma que corta pela raíz com a lógica negocial.

Com Jesus, inaugura-se o dom do amor como a transcendência da palavra que, na oração, tem o poder ilimitável do Bem.

sábado, 26 de setembro de 2015

Suicídio e Resiliência (*)


Luiz Carlos Formiga
O suicídio é problema de saúde relevante e uma das principais causas de morte, que se pode prevenir (1). Diante da tese da reencarnação, perguntamos como se refletirá no espírito uma lesão cerebral causada pelo suicídio? Por que pessoas que passam por situações difíceis de suportar não pensam nele, enquanto outras se matam depois de aborrecimentos ligeiros?

A grande diferença é que as pessoas resistentes conseguiram encontrar algum sentido no sofrimento e usam sua inteligência para o bem de todos.

Tivemos um amigo que ficou órfão cedo. Jovem foi contaminado pelo M. leprae, o que lhe rendeu sofrimentos, mas viveu muitos anos (2).

Sentimos saudades de sua voz declamando no Centro Espírita: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e o Cristo te esclarecerá”(3).

O Espírito na sua “delação premiada” demonstrava a herança acumulada. Ela seria considerada pelos geneticistas do plano espiritual para que tivesse a melhor provação corporal, de acordo com as suas necessidades espirituais. Assim nasceu Amazonas Hércules. Com fé e confiança no futuro, encontrando sentido no sofrimento, programou 91 anos.

Agora no corpo e diante da dureza da prova poderia ter pensado em suicídio. Mas resolveu trabalhar na seara do Cristo ajudando a mitigar outros sofrimentos. Nessa tarefa redentora, seria incansável e sempre arranjaria auxílio para as famílias carentes.

Por que este homem foi um Hércules diante da palavra leproso?

Ao receber o diagnóstico da enfermidade que carrega o estigma da lepra alguns pacientes mal informados se desesperam.

Amazonas adoeceu antes da existência dos quimioterápicos e antibióticos. Portando a forma mais grave da hanseníase apresentou sequelas perceptíveis no vídeo (6). Foram 91 anos!

Muitos retornam e no corpo a vida não prospera. Necessitam dele, mesmo em curto tempo, para tratar lesões periespirituais. Geralmente, deixaram a vida na Terra pela porta do suicídio naquelas quedas de grandes alturas.

No futuro, a Ciência Biomédica saberá das lesões que o próprio indivíduo causou ao cérebro material-espiritual, dando origem à anencefalia (4).

Algumas lesões do corpo sutil somente são corrigidas com reencarnações saneadoras. Rendamos homenagens a essas mães que conseguem aceitar este tipo de gestação.

Existe convicção de que o espírito será capaz de escolher as provações que experimentará na Terra, entre os espíritas que são profissionais de saúde. Evidentemente, desde que se mostre na posição evolutiva moral de resolver quanto ao próprio destino. “A criatura elege, automaticamente, para si mesma, grande parte das doenças que se lhe incorporam às preocupações” (5). Cada caso é um caso.

Como explicar aquelas crianças que nascem fora de série, como aquela que executou uma sonata ao piano com quatro anos e compôs uma ópera, aos oito? 

Amazonas Hércules tornou-se órfão de pai, antes do nascimento, e de mãe, antes de um ano. Como o tratamento elimina o contágio, tinha contato pessoal com as crianças. Veja-o ensinando o valor das mães (6). Tinha mãos imperfeitas, mas agora abençoadas, “porque adquiriu a noção justa da confiança em Deus

“O discípulo alcança a luz do conhecimento a fim de aplica-la ao próprio caminho”. Jesus “concedeu-lhe um traço do Céu para que ele o desenvolvesse e o estendesse através da terra em que pisava”.

Aquele “leproso”, sem preconceito, compreendeu que “dar-se a Cristo é trabalhar pelo estabelecimento de seu reino. Sendo forte no conhecimento, não procurou repouso na indiferença ante os impositivos sagrados da luz acesa, pela infinita bondade do Cristo, em seu mundo íntimo.”

Em “O Poeta do Amor” colhemos relato de Gilberto Lepenisck (7) sobre o dia anterior à sua desencarnação:

- Está vendo, meu irmão, o crepúsculo da tarde dando lugar à noite?

- Sim, estou, respondeu Gilberto.

- Ele nos envolve com os seus encantos.

- É verdade.

- Assim adormecemos e viajamos todas as noites.

O diálogo continuou por mais algum tempo e ele dormiu...

No dia seguinte, o telefone tocou. Era Jaqueline dizendo-me que ele havia desencarnado. Abril de 2004, aos 91 anos.

Não tive a mesma sorte de Gilberto, a quem agradeço poder mentalmente contemplar este “crepúsculo da tarde dando lugar à noite”.

Amazonas Hércules era um forte e “adquiriu a noção justa da confiança em Deus e não se furtou a luta aguardando o céu” (8).

Espírito liberto nos fala pela psicografia (**). Vejamos o inicio de sua carta:

“Todos os dias, ao acordar, pela fresta da janela, contemplava a natureza como sendo a presença de Deus a me desejar bom-dia.

Os verdes e as flores pareciam gargalhadas de cores para felicitar meus dias. Procurava, então, expressar, em forma de sorriso, a minha alegria por ter Jesus como guia. Por isso, indicava-O para todos os que batiam em minha porta à procura de remédios. Para as dores físicas dava remédios, para as dores morais dava o Evangelho, o mais lindo poema de amor que Deus ofertou aos Seus filhos, afastando-os da dor.”

Ainda posso ouvi-lo, lembrando Paulo (Efésios, 5:14):

“Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e o Cristo te esclarecerá.” 

“Grande número de adventícios ou não aos círculos do Cristianismo acusa fortes dificuldades na compreensão e aplicação dos ensinamentos de Jesus. Alguns encontram obscuridades nos textos, outros perseveram nas questiúnculas literárias. Inquietam-se, protestam e rejeitam o pão divino pelo envoltório humano de que necessitou para preservar-se na Terra. São vítimas de paralisia das faculdades” (9).

Amazonas tinha problemas de locomoção. A muleta e a cadeira de rodas eram soluções. No entanto, onde ia fazer palestras, na ausência de elevador chegava ao salão muitas vezes carregado. A hanseníase sem tratamento pode levar à cegueira, mas ele não tinha essa herança.

Por que Deus permite o nascimento de crianças cegas e surdas? Por que permite que, ainda na infância, cheguem a esta condição (10).

Por que Hellen não pensou em suicídio? De onde vem essa força estranha que os faz permanecer vivos, lutar pela vida e perseguir sonhos?

Apesar de tudo, Hellen escrevia em inglês, francês, e fez conferências pelo mundo. Seus livros são admiráveis. Em "Minha Vida de Mulher" fala da religiosidade: "ninguém pode saber melhor do que eu o que são as amarguras dos defeitos físicos. Não é verdade que eu nunca esteja triste, mas há muito resolvi não me queixar. Eis para que serve a religião: inspirar-nos à luta até ao fim, de ânimo forte e sorriso nos lábios". "Mas, uma ambição eu tenho: a de não me deixar abater. Para tanto conto com a bênção do trabalho, o conforto da amizade e a fé inabalável nos altos desígnios de Deus".

Uma pergunta não poderia faltar. Como conciliar “Carma” e Misericórdia?

Francisco Cândido Xavier, que era deficiente visual, respondeu: "Quando temos dívida na retaguarda, mas continuamos trabalhando a serviço do próximo, a Misericórdia Divina manda adiar a execução da sentença de resgate, até que os méritos do devedor possam ser computados em seu benefício".


Leitura adicional.







5. Doenças Escolhidas. Livro Religião dos Espíritos.


6. Dia das mães.



8. Livro Pão Nosso. Lição 46. Vós, Entretanto 


9. Livro Pão Nosso, lição 68. Necessário Acordar


10. Borboletas na Janela.


(*) Professora, Fátima Araújo de Carvalho: "a resiliência é caracterizada por um conjunto de atitudes adotadas pelo ser humano para resistir aos embates da vida. O ser resiliente não foge das opressões e consegue neutralizar seus efeitos, sem que necessariamente as mesmas sejam afastadas ou diminuídas". Recebemos da professora, de São José dos Campos texto de Heloisa Helvécia - "Resiliência em Alta", oriundo da Folha de São Paulo, onde destaca o termo deslocado da Física: "este conceito nomeia a propriedade de alguns materiais de acumular energia, quando exigidos e estressados, a voltar ao seu estado original sem qualquer deformação". Universidade da Alma. Para Sobreviver.  




(**) Psicografada por Fábio Caetano da Silva, em 30/10/2005, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro-RJ.
“Caravaneiros do Amor” foi o nome da primeira caravana espírita do Centro Espírita Filhos de Deus, localizado na Colônia de Hansenianos de Curupaití, em Jacarepaguá.Rj.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O SUICÍDIO. A PREVENÇÃO E O CENTRO ESPÍRITA.

Luiz Carlos Formiga

Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre. Tal é a lei.

Allan Kardec.

Manhã, 23 de setembro de 2015. Após executar o trabalho de “auxiliar de assuntos gerais domésticos” abrimos o Evangelho Segundo o Espiritismo (OESE), “Os órfãos” (1). À noite faremos estudo no Centro Espírita (*). Minutos antes liguei o computador, encontrei a notícia de um Seminário Internacional sobre suicídio, no Rio de Janeiro, RJ. Aconteceu dia 11. Fiquei “furioso”. Como sou mal informado!

No capítulo XIII do OESE, o item 18, nos fala sobre os órfãos. Lembrei Anália Franco (2).

No início, emociona: “Meus irmãos, amai os órfãos; se soubésseis quanto é triste ser só e abandonado, sobretudo na infância!” Por que permite Deus que haja órfãos? Será que a criança que socorremos já nos foi cara numa outra encarnação? Este SOS seria um simples dever se nos lembrássemos desta outra encarnação? 

Reencarnação, check-in, é palavra chave no “Consolador Prometido” (3). Será “ator principal” da palestra sobre Suicídio e Loucura (*). Tomei a decisão de não falar em números. É preciso ir além dos números. Ir à política, pensar em ideologias? O número de suicídio aumenta num país “que tem muito barulho e pouca informação” (4)? Também não falarei sobre isso. 

A curiosidade pode fazer-nos pensar em taxas. Cuba é o país das Américas com a taxa de suicídio mais alta, 16,3% por 100.000 habitantes. Canadá e Estados Unidos? Encontramos 12 e 11,4%, respectivamente (5). 

O suicídio é um problema de saúde relevante e uma das principais causas de morte, que se pode prevenir, no continente. O aumento do suicídio na Europa é diferente? O seu aumento pode ser apenas a ponta do iceberg (6)?

Voltemos à reencarnação, palavra chave!

Pense na resposta que daria um materialista e um espírita, quando lhe perguntasse sobre “quem e o que sou”?

Esta é a pergunta do início da exposição. Podemos até permitir a “técnica do cochicho”.

Outras questões podem aguçar a curiosidade. Temos uma herança após a morte? Considerando a reencarnação como Lei Natural e que somos herdeiros, de nós mesmos, como isso influenciaria na nova vida? Temos várias heranças? O que plantamos, colhemos?

Se, somos também seres de natureza espiritual, como um estudante das Ciências Biomédicas pensaria esse ser multifacetado? Como considerar a Lei de Causa e Efeito e o fator perispiritual?

Considerando-nos herdeiros de nós mesmos, como se refletirá no espírito uma lesão cerebral causada pelo suicídio? Geneticistas desencarnados ajudam a escolher a melhor expiação corporal?

Podemos através da hipnose e regressão de memória ajudar um paciente com fantasias suicidas? O que descreveria o paciente das vidas anteriores?

Regressão deve ser feita apenas por estudiosos competentes com sólida formação e registrados em seus Conselhos Profissionais?

Recordar ou esquecer?

Resposta na questão 392, O Livro dos Espíritos, Allan Kardec. 

“Não pode o homem, nem deve, saber tudo. Esquecido do seu passado, ele é mais senhor de si” (7).

Fantasia suicida, ideia suicida deve acender luz amarela? Uma pessoa com transtorno afetivo deve derrotar a depressão, o mais rápido possível?

O espírita não deve negligenciar a água fluidificada nem o passe num Centro Espírita. Principalmente onde os dirigentes estão mais preocupados com os encargos e tenha reunião de desobsessão, bem orientada (8).




(*) G. E. Esperança em Cristo. Palestra 23 set. 2015. 20 h. R. Anhembi, 197. Irajá, RJ.RJ. Tel. (21) 2471-9580. 






(5) Rev Cubana Med Gen Integr 2003;19(1). 









ZIBIA GASPARETTO - Mediunidade estocada


Publicado em 22 de setembro de 2015


—Zíbia diz que Lucius quer modernizar a linguagem de seus livros.


Com os negócios em queda, a médium está revisando a linguagem de seus livros com o objetivo de melhorar os resultados comerciais.

A médium Zíbia, matriarca do clã Gasparetto, oferece aos críticos bom material para análise do contexto mediúnico e do produto final da mediunidade: a mensagem, que no caso dela são os livros publicados, a maioria deles romances.

Não se pode duvidar da sua condição de médium, que é incontestável, mas pode-se analisar sua obra e negar a esta a mesma qualidade. O que não significa, necessariamente, condenar a médium por desvios ou os espíritos por possíveis más ideias.

Ao observador cabe reunir os fatores que envolvem a função mediúnica, ou as funções, melhor dizendo, pois, o médium exerce não só a função de intermediário, mas, também, a de intérprete das ideias que lhe são apresentadas pelos comunicantes invisíveis.

Folha de S. Paulo traz hoje, 22 de setembro de 2015, interessante notícia sobre as atividades da médium. O mote principal é revelar as modificações que estão sendo feitas em suas obras, modificações, quer-se crer, principalmente de linguagem, a fim de as adaptar aos tempos pós-modernos do império das redes sociais.

O espírito mentor, Lucius, revela Zíbia, está de acordo com as mudanças e colaborando com elas, considerando ele que os tempos são outros. Ambos pretendem retirar ou modificar expressões, frases etc., das obras publicadas com o objetivo de dar a elas uma linguagem de acordo com o que se pratica hoje em todo o mundo. Segundo diz a médium, interpretando o espírito, “As coisas mudaram. Precisamos ter uma linguagem mais clara, mais simplificada. Nós estamos aí com a internet. Vamos modernizar.”

É direito de qualquer autor alterar sua obra e Lucius e Zíbia são autores, portanto, gozam desse direito. Lucius é dono da ideia e Zíbia é a intérprete que materializa a mensagem, conquanto muito raramente a posição de médium deixe entrever essa realidade, pois, parece que o médium é apenas alguém que recebe e retransmite nas condições colocadas pelo autor espiritual. É um erro pensar assim. Zíbia tem consciência disso, tanto que afirma: “Mudei as frases, tornando-as mais claras. Troquei floreios e facilitei o entendimento”.

Na mediunidade psicográfica não temos, em geral, um autor e um receptor em funções plenamente distintas como se imagina. Espírito e médium estão imbricados na mensagem. Por isso, quando Zíbia aparece e diz que a linguagem dos livros que publicou está sendo revista, pode estar dizendo, também, que essa decisão é apenas dela, ou dela e do espírito, mas nunca pode afirmar que é somente do espírito, porque este, obviamente, depende dela e de sua vontade. Como também do que ela faz com as ideias dele.

Mas a reportagem da Folha mostra outros detalhes interessantes. A médium, que há algum tempo abandonou o rótulo de médium espírita, no que foi acompanhada pelos filhos, tanto que encerrou as atividades do centro espírita que fundou e dirigia, transformou-se em empresária e montou uma indústria gráfica de médio porte, o que demandou investimentos consideráveis. Agora, revela que a empresa está com dificuldades econômicas por causa das quedas nas vendas e na prestação de serviços a terceiros.

Junte-se os pontos: queda nas vendas dos livros – são 35 ao todo, sendo que o 36º está a caminho – e mudança na linguagem, tudo ao mesmo tempo, pode revelar que no meio disso está a preocupação comercial e que esta preocupação é tão ou mais importante que qualquer outra coisa. É o que se pode depreender do que diz a repórter: “A preocupação comercial é maior do que nunca na casa, que teve a vendagem “um tanto afetada”.

O fato é que a médium longeva Zíbia Gasparetto vem, mais uma vez, surpreender o público. Fez isso quando decidiu abandonar o espiritismo, quando encerrou as atividades do centro, quando transformou sua obra em negócio próprio, quando investiu numa empresa gráfica e quando deixou claro que a caridade não ajuda ninguém a crescer. E mais, quando assumiu, junto com seu filho mais famoso, Luiz Antônio Gasparetto, que o resultado financeiro do produto mediúnico e sua utilização é direito dela. Ou seja, colocaram-se contra a ideia, defendida pelo espiritismo, de que a mediunidade deve ser gratuita.

 Fonte: http://www.expedienteonline.com.br/zibia-gasparetto-mediunidade-estocada/

terça-feira, 22 de setembro de 2015

O AUMENTO NO SUICÍDIO PODE SER A PONTA DO ICEBERG

Luiz Carlos Formiga
Deus não faz acepção de pessoas (1)

Um artigo publicado no British Medical Journal afirma que a crise econômica mundial de 2008 poderia ser a causa do aumento das taxas de suicídio na Europa e nos EUA, especialmente entre os homens, e nos países com maiores níveis de destruição do emprego.

Os números utilizados nesta investigação provêm das bases de dados de mortalidade da Organização Mundial de Saúde (OMS), dos Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças e dos dados sobre as perspectivas da economia mundial do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Para os pesquisadores, o aumento no suicídio pode ser a ponta do iceberg da dor extenuante emocional relacionada à recessão. Segundo as estatísticas, para cada indivíduo que se mata, aproximadamente de 30 a 40 tentam suicidar-se; estima-se que para cada tentativa, uma dezena teve pensamentos suicidas.

A organização Mundial de Saúde (OMS) expressou a sua preocupação em relação ao impacto que pode ter a crise na saúde mundial e recomendou ações para controlar e proteger a saúde, especialmente entre as pessoas pobres e mais vulneráveis (2)

Certa vez fui ouvir um orador que inicialmente disse tudo sem utilizar palavras. Ele chegou ao Centro Espírita de ambulância deitado numa maca. (3, 4)

Diz Emmanuel que “o melhor meio de nos premunirmos na Terra contra o suicídio, será sempre o de nos conservarmos no trabalho que a vida nos confia, porque o trabalho, invariavelmente dissolve quaisquer sombras que nos envolva a mente”

O “Programa de Prevenção de Suicídio Fita Amarela” se inicia em 1994. Anos antes, década de 1970, surgia a Campanha Permanente Espírita de Evangelização, com o propósito de fazer chegar à criança e ao jovem, no período mais propício, a escala de valores da Ética Espírita.

Assim, como o orador referido anteriormente, essa criança depois no estágio adulto espiritualizado poderia resistir à atmosfera estressante das grandes cidades, com o recurso da prece (4).

O jugo leve (5). Vinde a mim, vós todos os que andais em sofrimento e vos achais carregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis repouso para as vossas almas Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mateus, 11:28 a 30)

“Venho ensinar e consolar os pobres deserdados. Venho lhes dizer que elevem sua resignação à altura de suas provas. Que chorem, pois a dor foi consagrada no Jardim das Oliveiras, mas esperem, pois os anjos consoladores virão enxugar suas lágrimas.”

“Deus consola os humildes e dá a força aos aflitos que a imploram. Seu poder cobre toda a Terra e, por toda a parte, ao lado de cada lágrima, Ele colocou um alívio que consola. O devotamento e a abnegação são uma prece contínua e contêm um ensinamento profundo: a sabedoria humana reside nessas duas palavras.”

“Possam todos os Espíritos sofredores entender esta verdade, ao invés de protestar contra as dores, os sofrimentos morais que aqui na Terra são a vossa herança.”

“Tomai por lema estas duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes, pois elas resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõem. O sentimento do dever cumprido vos dará a tranquilidade de espírito e a resignação.”

“O coração se tranquiliza, a alma se acalma e não há mais desânimos, porque o corpo sofre menos diante dos golpes recebidos quanto mais fortalecido se sente o Espírito.”

Por que crianças se suicidam? (6)

Leitura


2. “Impact of 2008 global economic crisis on suicide: time trend study in 54 countries”. BMJ 2013. http://www.agenciasinc.es/Noticias/La-crisis-economica-de-2008-pudo-ser-la-causa-de-miles-de-suicidios-en-el-mundo




5. O Cristo Consolador