.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

OBSESSÃO SIMPLES

Por Leonardo Paixão (*)
“Dá-se a obsessão simples, quando um Espírito malfazejo se impõe a um médium, se imiscui, a seu mau grado, nas comunicações que ele recebe, o impede de se comunicar com outros Espíritos e se apresenta em lugar dos que são evocados” – Allan Kardec – O Livro dos Médiuns, Segunda Parte, cap. XXIII – item 238.
Devido a trazer consigo a expressão “simples”, o gênero de obsessão que Allan Kardec classificou como obsessão simples tem sido mal interpretado por alguns adeptos do Espiritismo. O Codificador, no mesmo item 238 acima citado, afirma: “Este gênero de obsessão é, portanto, apenas desagradável e não tem outro inconveniente, além do de opor obstáculo às comunicações que se desejara receber de Espíritos sérios, ou dos afeiçoados”. É preciso compreender que Allan Kardec fala aqui especificamente dos médiuns ostensivos. Raciocinemos sobre o último parágrafo do item 238: “Podem incluir-se nesta categoria os casos de obsessão física, isto é, a que consiste nas manifestações ruidosas e obstinadas de alguns Espíritos, que fazem se ouçam, espontaneamente, pancadas ou outros ruídos”.
Pois bem, a obsessão física, mais conhecida por poltergeist, ainda que simples, em geral, demanda, ao menos é a nossa experiência com tais casos, um certo tempo para que venha a cessar e, assim como um Espírito que vive a se intrometer nos comunicados de um médium não o faz em um só dia em caso de obsessão simples, os Espíritos que provocam o poltergeist ou obsessão física também buscam perturbar o máximo de tempo e, especialmente, em horas as mais inapropriadas. Raramente os fenômenos físicos deixam de ocorrer com apenas uma sessão de desobsessão, há casos que duram anos.
Em nosso Movimento Espírita atual têm ocorrido com enorme frequência tal gênero obsessivo, ao ponto de o tribuno Divaldo Pereira Franco dizer que 70 a 80% do Movimento Espírita está comandado pelas trevas. Perguntar-se-á: Mas, se está comandado pelas trevas não é porque se está no grau de obsessão por fascinação? 
Respondemos que não é o caso, e isto, devido a uma observação de nosso confrade Alírio de Cerqueira Filho, de que os Espíritos obsessores têm mantido a lucidez intelectual que dos mantém sob sua influência, não interessa muito a estes Espíritos o fechar as Casas Espíritas, a tática mudou, agora eles preferem ir adentrando a mente dos dirigentes e, devagar, impondo ideias como o autoritarismo, a imposição do que se quer, a sensação de superioridade sobre os demais (conhecemos dirigente de casa espírita que interrompe palestras dos convidados a falarem na Casa que dirige, demonstrando prazer em se colocar como conhecedora, não enxergando o ridículo que passa por, claro, não ser superior a ninguém e a gerar antipatia dos frequentadores), são pessoas que, em se mantendo lúcidas, acreditam estar lutando pela pureza doutrinária, se esquecendo que pureza doutrinária é o “zelar pelo patrimônio que nos foi concedido pela Revelação, respeitar e praticar, com autenticidade e exemplos bons, os ensinamentos superiores, os quais há um século [hoje pouco mais de um século e meio] recebemos do Alto, é assimilarmos esses mesmos ensinamentos livres de sofismas e ideias pessoais que a vaidade inspira; é sermos humildes de coração e dignos da assistência espiritual que não cessamos de rogar, aprendendo com o Mestre as qualidades que de cada um de nós poderão fazer um discípulo verdadeiro, e não falsos profetas que deturpam tudo aquilo que nos códigos doutrinários encontram” (Pereira, Yvonne. Cânticos do Coração, vol. 2. Rio de Janeiro: CELD, 1994. Cap. VI. Pp. 67-68).
A obsessão simples, como vemos, não é tão simples como aparenta à primeira vista e, como todo processo de desobsessão, é fundamental a constante vigilância e o esforço diário em busca da transformação moral, pois é da obsessão simples do “vou tomar uma cervejinha hoje só pra relaxar” que tem início a subjugação do alcoolismo; é da obsessão simples do “só esta vez, não acontecerá de novo” que se iniciam adultérios, uso de drogas ditas não lícitas, o comer em excesso, o desfalque de empresas, processos de irritabilidade promovendo discussões, a ociosidade, etc. Todos os dias os noticiários estão cheios de acontecimentos que aos estudiosos dos assuntos espíritas remetem a casos de obsessão simples que terminam em tragédias. 
No livro “Dramas da Obsessão”, do Espírito Bezerra de Menezes, psicografia de Yvonne do Amaral Pereira, temos o relato de um caso de obsessão simples que poderia resultar em suicídios em uma família, aconselhamos a leitura ou a revisita da obra aos interessados no assunto.Paciência, perseverança, autoconhecimento com reforma íntima e oração, são itens essenciais ao obsidiado para que venha a se libertar do processo obsessivo.
Que nós, discípulos do Evangelho Redivivo, estejamos firmes, embasados no Evangelho e na Codificação Kardequiana para estarmos aptos à tarefa árdua e nobre da desobsessão. 
Vigilância sempre. 
Oração constante.

21/08/2014

Campos dos Goytacazes, RJ
(*) - Leonardo Paixão é Orador espírita (que tem viajado por alguns Estados brasileiros, quando possível, na divulgação da Doutrina Espírita), articulista, poeta, tem críticas literárias publicadas no site orientacaoespirita.org e um artigo publicado em Reformador em Agosto de 2010, A Revelação - uma perspectiva histórica e tem escrito alguns artigos no jornal eletrônico O Rebate. Participa com um grupo de amigos de ideal do GE Semeadores da Paz em Campos dos Goytacazes, RJ, onde exerce direção de estudos e trabalhos na área mediúnica, atuando como médium psicofônico na desobsessão e como psicógrafo de mensagens esclarecedoras, poesias e cartas consoladoras.
           formiga-paixao.blogspot.com.br

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

EDUCAÇÃO ESPIRITA DEVE SER PROVIDA NO LAR E NO CENTRO ESPÍRITA (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br

A rede de escolas charter KIPP (Knowlegde is Power Program), nos Estados Unidos, tem como meta levar seus alunos (quase 90% oriundos de famílias pobres) até a universidade. A proposta consubstancia-se em diversas atividades visando despertar entusiasmo, perseverança, autocontrole, gratidão, otimismo, inteligência social e curiosidade em seus alunos. Uma de suas unidades, localizada no Harlem, em Nova York, extrapolou e criou uma inusitada aula de “CARÁTER”. Nesse sentido a escola investiu no ensino de habilidades como comunicação, resiliência e determinação. A proposta é para fazer conexões com a ciência e explicar como o cérebro funciona, através de técnicas de meditação, concentração e yoga. 1
Efetivamente não ponderamos bastante sobre a educação moral, mesmo neste século, ou nas últimas duas décadas. Somente agora psicólogos pesquisam sobre a “inteligência emocional” e pedagogos timidamente começam a falar sobre autoconhecimento, mesmo assim atrelados à “sociedade do conhecimento”, dando mais ênfase ao intelectual que ao moral.
Algumas propostas pedagógicas atuais são elogiáveis para instruir o homem, porém "é pela educação, mais do que pela instrução, que se transformará a humanidade". 2 A Educação do Espírito é o núcleo da lição espírita. "O Livro dos Espíritos é um manual de Educação Integral oferecido à Humanidade para a sua formação moral e espiritual na Escola da Terra".3 A Doutrina dos Espíritos, sem sombra de dúvida, é uma súmula cultural, compreendendo diversos campos da ciência, tendo como ponto de aliança a Pedagogia. Não foi por acaso que o professor Rivail embrenhou-se pela educação após receber profundo legado de Pestalozzi, a representação mais poderosa da Pedagogia mundial.
Na máxima “Fora da caridade não há salvação, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no céu. Essa divisa é o facho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a Terra da Promissão.” 4 A caridade legítima, sob qualquer aspecto, que o cristão deve procurar realizar, não pode restringir-se somente ao importante e imprescindível assistencialismo material (às vezes circunscritos e improfícuos), contudo sim a caridade da Educação.
Para o ínclito pedagogo lionês, “há um elemento que não se ponderou bastante, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a moral, e nem ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar o CARÁTER, aquela que cria os hábitos adquiridos”. 5 O empenho pela Educação integral não pode resvalar pelos sofismas materialistas, utilitaristas e de usuras vazias, que são atualmente o mote da maior parte das ideologias dominantes. O cerne da pedagogia espírita é uma proposta de educação do espírito. Nesse sentido, entendemos ser na ESCOLA DA FAMÍLIA que podemos e devemos em primeiro lugar conquistar e exercitar virtudes fundamentais da educação espiritual, como altruísmo, paciência, amor ao próximo, e ao mesmo tempo o empenho de contribuirmos para o progresso do semelhante.
Trata-se, pois, A FAMÍLIA de um universo permanente e fecundo para a Educação Plena. O mais forte impulso que o Espiritismo ajusta na relação entre os elementos de uma mesma família é o rompimento de hierarquias de funções. Cabe aos pais a missão de educar os filhos e na verdade trata-se de empreitada de amplo encargo moral. Todavia, pai, mãe, filho, filha, esposo, esposa, avó, avô, neto e neta são invariavelmente Espíritos andantes da evolução humana, cada qual transportando sua herança pregressa e seu mandato atual, necessariamente  análogos, e dignos todos de respeito e amor, sejam velhos, adultos, jovens, crianças, homens e mulheres.
Lamentavelmente, hoje as obras cinematográficas, os programas de TV, a Internet, as revistas em quadrinhos, que veiculam violências com heroísmo, inventando universos fantasiosos além do mundo real, decretando  que os “mocinhos” usem as mesmas estratégias  dos bandidos, como se a harmonia pudesse ser apropriada através do uso da truculência. Muitas escolas e grupos familiares instruem autoritariamente, sem o exercício do diálogo, do trabalho construtivo, obstinando em empregar aprendizados acabados, fórmulas fechadas e preleções recorrentes. Nesse caso, quem pode ser apontado como culpado das misérias morais na sociedade? Respondem os Espíritos que é “a sociedade”, e rematam: “é frequentemente a má educação que falseia o critério dessas pessoas, em lugar de asfixiar-lhes as tendências perniciosas”. 6
No debate há os que acodem a ideia de se levar a filosofia espírita da educação para os educadores e para a escola formal. Defendem que somente a filosofia espírita pode impulsionar o fazer educacional para fins superiores. Afiançam que é numa instituição de ensino primário, secundário ou superior, que devemos colocar em prática a Educação segundo o Espiritismo.
Defendem que é preciso criar espaços institucionais, onde as crianças, os adolescentes e os jovens possam receber uma Educação integral; ser amados e observados como Espíritos imortais e reencarnados; ser estimulados a se auto-educarem. Para tais arautos, a cultura, tanto objetiva como subjetiva, da “Era do Espírito”, não pode ser transmitida às novas gerações através dos limitados recursos da Educação Cristã ou da Educação Laica, ambas superadas. O conflito materialismo versus espiritualismo, que gerou essas duas formas de educação, não tem mais possibilidade de sobreviver na cultura atual. A nova concepção do homem e do mundo, que marca o nosso tempo, exige uma nova educação de dimensões cósmicas e espirituais.
Sob esse argumento evoca-se como justificativa Eurípedes Barsanulfo, que fundou e dirigiu o Colégio Allan Kardec em Sacramento, MG, lá pelos idos de 1909. Após essa empreita do apóstolo mineiro, afirmam os causídicos da educação espírita nas escolas regulares que ninguém mais pode deter a marcha da escola formal de ensino espírita. Só confiamos que eles não ignorem que a humanidade não se converterá ao Espiritismo dessa forma.
Quem sabe o argumento seja até instigante analisado sobre a plataforma da educação espírita nas escolas particulares. Todavia optamos por considerar a contestação levando-se em conta o ensino público onde pugnamos pela ideia de que educação Laica, do ponto de vista do Estado e dos direitos de cidadania, deve ser mantida como tema de foro íntimo do indivíduo, alojado ali, junto à liberdade de consciência e de opinião. 
Diante da diversidade existente no Brasil, por exemplo, é central que esta questão seja novamente discutida, no sentido de que não haja mais nas escolas públicas espaços para a pregação/ensino de quaisquer crenças religiosas patrocinadas pelo poder público. Não cabe ao Estado destinar energia e dinheiro para esse fim, sendo isso uma responsabilidade das instituições religiosas e da família.
Considerando a posição assumida pelo Conselho Federativo Nacional, em reunião plenária de 9 de novembro de 1997, a Federação Espírita Brasileira propôs que o ensino religioso deve ser ministrado no lar e no Centro Espírita tão somente; recomendou ainda que as Instituições Espíritas de todo o país orientassem os pais para que declarem expressamente, no ato da matrícula dos alunos espíritas, nas escolas públicas de ensino fundamental, que eles não assistirão às aulas de ensino religioso, sob qualquer hipótese.
Perfilhamos ao lado do mesmo pensamento febiano, pois admitimos que a educação espírita deve ser mantida restrita aos centros espíritas (para os espíritas), ao lar e, sobretudo, desprovida da roupagem imprópria do sectarismo. O núcleo familiar é o primeiro grupo social do qual participamos e recebemos, não somente, herança genética ou material, mas principalmente moral. A educação espírita aí tem um papel importantíssimo na formação do CARÁTER do indivíduo, ou melhor, na formação da pessoa como um todo.
Salvo melhor juízo, recusamos qualquer ensino de “Espiritismo” nos currículos das escolas e faculdades formais (públicas e ou privadas).

Referências bibliográficas: 
1 Disponível em http://www.mundosustentavel.com.br/2014/06/escola-nos-eua-inclui-aula-de-carater-no-curriculo/ acesso em 14/08/2014
2 Kardec ,Allan.  Obras Póstumas, Rio de Janeiro: Ed. FEB 1980, página 384.
3 Pires, J. Herculano. Pedagogia Espírita. São Paulo, Edicel, 1985
4 Kardec Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. cap. XV “Instruções dos espíritos”, item 10, ditado pelo Espírito Paulo, o apóstolo (Paris,1860.), RJ: Ed FEB, 1990
5 Kardec Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed FEB 2000, questão 685-A:
6 Idem questão 813

domingo, 17 de agosto de 2014

PUREZA DOUTRINÁRIA (Hélio Tinoco)

Em uma Época de transição planetária, tão amplamente discutida no meio Espírita, tornam-se necessárias as inúmeras comunicações dos Prepostos do Cristo, chamando-nos a Oração e a Vigilância. São palavras de Manoel Philomeno de Miranda, através das confiáveis mãos de Divaldo Franco, no Livro ‘Trilhas da Libertação’, e também em ‘Amanhecer de uma Nova Era’, que nos alerta para as “armas” que os ainda Inimigos do Cristo iriam se utilizar a fim de tentar promover a falência do projeto de resgate da humanidade promovido por Jesus com a participação de seus companheiros que viriam de todas as partes (Livro Boa Nova, capítulo 3). Entre estas, estaria a ideia de criar dissenção e divisão por questões doutrinárias.

Dividir e não unificar, aguçar trevas e não exaltar a luz, trazer ensinos passageiros em vez da mensagem renovadora do Evangelho de Jesus... tomar tempo desviando o olhar para os valores mais importantes do ensino do Cristo...

Diante deste quadro real e vigente em nossas Casas Espíritas e em especial nos Eventos que promovemos, me sinto compelido a me levantar em defesa da imperiosa necessidade de falarmos e ‘fazermos’ a tão cantada Pureza Doutrinária. É Meimei, através das abençoadas mãos de Chico Xavier, que no Livro Caminho Espírita traz-nos a “Prece diante da palavra”, onde em uma de suas partes, nos orienta a rogar aos Céus que ‘não me deixes emudecer diante da verdade, mas conserva-me em Tua prudência’. Embora seja um assunto de difícil abordagem, não me resta senão outra atitude amorosa que não seja a dizer ‘sim, sim, não, não’ como a orientação do Cristo nos propõe.

Bem, vamos lá: Quando abracei a Tarefa de pesquisar e divulgar o Espiritismo a alguns anos à traz, um veterano companheiro de Juiz de Fora (Cidade que iniciei minha caminhada no Espiritismo) comentou em uma de suas exposições, sobre a necessidade do palestrante espírita ser também ouvinte de palestras. Recomendou, baseado na sua própria experiência, que a cada palestra feita deveria se escutar três! Daí em diante tenho procurado ser assíduo nas Reuniões de Palestras públicas da minha região, o que de fato muito me tem ajudado nas reflexões pessoais para a minha reforma moral e também na elaboração do conteúdo das palestras que faço.

É nesta frequência que tenho observado, de forma preocupante, a infiltração de ideias não espiritas, muitas vezes proferidas por companheiros bem intencionados, mas que têm se tornado, por conta da invigilância, instrumento das Sombras para minar, pouco a pouco, a genuinidade da Doutrina trazida pelos Espíritos, tornando-se coparticipante do projeto macabro de atrapalhar a expansão do Reino de Deus no coração dos homens.


Algumas destas palestras, que tem por certo alguma utilidade, embora distantes do propósito maior de instruir e consolar propostos pela Doutrina Espírita, acabam por tomar acentuadamente um cunho de ‘auto ajuda’, permeadas por mensagens filosóficas de autores não espíritas, trazendo para dentro da Doutrina informações que destoam da verdadeira mensagem do Consolador Prometido. Tenho visto e ouvido a exaltação dos ‘chacras’ e do ‘carma’, oriundos da cultura indiana, trazendo um conceito diferente e arriscado para ‘Centro de Forças’ e ‘Lei de Causa e Efeito’; tenho observado também palestras inteiras onde o nome de Jesus se quer é citado e nada se fala de Espiritismo... temas que até atraem e congregam inúmeras pessoas, mas que deixam de fora o propósito mais nobre, que é a transformação do homem em um ser melhor e com maior utilidade no bem e no amor, para ser utilizado por Deus para a transformação da humanidade.

Nestas reuniões, os ouvintes são instruídos distantes dos princípios basilares da Doutrina Espírita, e muitos dos que nos visitam em busca de consolo deixam nossas Casas e Eventos decepcionados, e talvez não tenham tão cedo uma nova oportunidade...

Essa estratégia com aparência inocente e de pouco volume, vai lentamente construindo um tipo de seguido sem raízes e que facilmente é levado ao sabor dos ventos de um para outro lado. Alguns se auto intitulam, espíritas não praticantes, fazendo com que a Verdade seja banalizada e tida como possível de se seguir sem esforço e dedicação. Isso nos faz pensar se já não seja a hora de repensarmos se de fato estamos alcançado o objetivo primordial de levar a mensagem rediviva do Cristo até os confins do mundo.

O Cristo nos alertou quanto a presença de falsos Cristos nos ‘fins dos tempos’, e as perguntas responsáveis e honestas que devemos fazer a nós mesmos é: Não estarei eu sendo um falso Cristo? Que mensagem tenho pregado e por que motivo a tenho pregado?

Emmanuel nos diz no Livro Estude e Viva, no capítulo 40, que a maior caridade que podemos fazer pela Doutrina é sua própria divulgação. É preciso divulgar de forma acertada os ensinos evangélicos redivivos, sem permitir quaisquer infiltrações de conceitos que choquem com as verdades das obras básicas, sob pena de estarmos semeando sombras com aparência de luzes, e conduzindo muitos aos caminhos do conformismo, da desesperança e da insegurança, angariando para nós mesmos consequência inevitáveis de dor, quando a proposta maior é de exaltar Jesus e seus ensinos, hoje tão claros e racionais, trazidos pelo Espiritismo.

Pensemos companheiros Expositores sobre nossa responsabilidade. Mergulhemo-nos em pesquisas sérias e roguemos aos Bons Espíritos do Cristo que nos oriente, inspire, intua e instrua a fim de fazer o melhor sempre para Jesus e cumprimos nossa missão de divulgar com esmero e dedicação.

Tomemos o máximo de cuidado com a ‘pureza doutrinária’ dos princípios Espíritas e não nos descuidemos de vigiar, a fim de que não sejamos disseminadores de inverdades que levam as pessoas em direção à ruina e não à renovação espiritual...

Muita paz!


Fonte: http://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blogs/pureza-doutrinaria-1

sábado, 16 de agosto de 2014

Ideologia partidária X Doutrina dos Espíritos (Revista O Consolador)

O legado da tolerância doutrinária não se deve manifestar na forma de omissão diante das enxertias conceituais e ideias anômalas que alguns companheiros intentam impor nas instituições doutrinárias em nome da militância política. Principalmente nas proximidades das disputas para eleições político-partidárias, em que surgem aqui e acolá discussões sobre se o espírita deve ou não candidatar-se a algum cargo eletivo.

Em verdade, a Doutrina dos Espíritos não estimula o engajamento para funções nas estruturas político-partidárias. E não ajusta sua tribuna a serviço da propaganda partidária de quaisquer candidatos. A tarefa urgente do espírita é a transformação de comportamento individual, a luta pelo ideal do bem, em nome do Evangelho. Agindo assim, os espíritas não estão alheios às questões políticas; engana-se quem pensa o contrário. Os espíritas incorruptíveis, fiéis à família, à sociedade e aos compromissos morais, são, integralmente, cidadãos ativos, que exercem o direito e/ou obrigação (depende do ponto de vista) de votar; porém, sem vínculos com as absurdas contendas ideológico-partidárias.

Se algum confrade estiver vinculado a qualquer partido político, se deseja concorrer como candidato a cargo eletivo, obviamente tem total liberdade de fazê-lo, mas que atue bem longe dos ambientes espíritas, de modo que não camufle, dentro da Instituição Espírita, disfarçada intenção, visando conquistar votos dos frequentadores. O excesso de cautela nesse caso é recomendável; não é questão de preconceitos; é até uma questão de lógica, pois, em se discutindo assuntos da política humana, é inadmissível trazer, para as hostes espíritas, o partidarismo, a ideologia (de “direita”, “esquerda”, “centro”, “ambas” etc. etc. etc.). Conquanto, como cidadão, cada espírita tenha o direito e o livre-arbítrio para militar no universo fragmentado das ideologias político-partidárias, não tem o direito de confundir as coisas. Não esqueçamos que o Espiritismo não é um fragmento da política mundana, nem tampouco se envolve com grupos políticos sectários, que utilizam meios contraditórios com os fins de poder.

Como vimos, por razões óbvias, repetimos, é imperioso distinguir o interesse de valor inócuo da política humana da excelsa política de Jesus – a “Verdadeira luz que alumia a todo homem”(1). Quando trabalhamos pela erradicação da miséria e da exclusão social, estamos adotando a política “d’Aquele que é desde o princípio”(2). A política do verdadeiro espírita é a favor do ser humano e de seu crescimento espiritual. O espírita consciente não se submete nem se omite diante do poder político, e nem tampouco assume o lugar de “oposição” ou de “situação”. Até porque "o discípulo sincero do Evangelho não necessita respirar o clima da política administrativa do mundo para cumprir o ministério que lhe é cometido. O Governador da Terra, entre nós, para atender aos objetivos da política do amor, representou, antes de tudo, os interesses de Deus junto do coração humano, sem necessidade de portarias e decretos, respeitáveis embora"(3).

Bezerra e Eurípedes

O primeiro capítulo do Estatuto da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas estabelece a seguinte PROIBIÇÃO (isso mesmo, PROIBIÇÃO!): “AS QUESTÕES POLÍTICAS, DE CONTROVÉRSIA RELIGIOSA E DE ECONOMIA SOCIAL NELA [S.P.E.E.] SÃO INTERDITAS”. Portanto, e por imparcial razão, é inaceitável alguém utilizar a tribuna espírita para propaganda político-partidária. Da mesma forma, é situação deprimente um espírita utilizar palanques eleitoreiros a fim de implorar votos, valendo-se demagogicamente de sofismas e simulacros de “modéstia”, “pobreza”, “humildade”, “altruísmo”, “tolerância”, exaltando suas inigualáveis “virtudes” e colossais obras de “caridade”. Aconselhamos a tais imponderados "espíritas”, mendicantes de votos, que se afastem do Espiritismo e optem por outro credo, a fim de que seja assegurado ao movimento espírita a não contaminação dessa infecciosa política reles e mesquinha de interesses pessoais.

Alguns defensores da politização nas casas espíritas evocam Bezerra de Menezes e Eurípedes Barsanulfo a fim de justificarem seus arrazoados. A carreira política de Bezerra de Menezes iniciou-se em 1861, quando foi eleito vereador municipal pelo Partido Liberal. Foi reeleito para o período 1864-1868 e elegeu-se Deputado Geral em 1867. Novamente foi eleito vereador em 1873. Ocupou o cargo de presidente da Câmara, que atualmente corresponde ao de prefeito do Rio de Janeiro, de julho de 1878 a janeiro de 1881. Nessa época, a intensificação da luta abolicionista teve a adesão de Bezerra, que usou de extrema prudência no trato do assunto. Entretanto, no dia 16 de agosto de 1886, o público de duas mil pessoas que lotava a sala de honra da Guarda Velha, no Rio de Janeiro, ouviu, silencioso e atônito, o famoso médico e político anunciar sua conversão ao Espiritismo. A partir daí, não se envolveu com o partidarismo político.

Quanto a Eurípedes Barsanulfo, foi respeitável representante político de sua comunidade, sem dúvida. Tornou-se secretário da Irmandade de São Vicente de Paula, tendo participado ativamente da fundação do jornal "Gazeta de Sacramento" e do "Liceu Sacramentano". Logo viu-se guindado à posição natural de líder, por sua segura orientação quanto aos verdadeiros valores da vida. Através de informações prestadas por um dos seus tios, tomou conhecimento da existência dos fenômenos espíritas e das obras da Codificação Espírita. Diante dos fatos, voltou completamente suas atividades para a nova Doutrina, pesquisando por todos os meios e maneiras, até desfazer totalmente suas dúvidas. A partir daí, o partidarismo político deixou de ser parte integrante dos anseios do jovem mineiro.

Não temos necessidade de representantes políticos 
 
Por fortes razões, é necessário que façamos profunda distinção entre Espiritismo e política partidária. Somos “políticos” desde que nascemos e vivemos em sociedade; sim, e daí? A Doutrina Espírita não poderá, jamais, ser veículo de especulação das ambições particulares nesse campo. Se o mundo gira em função de políticas econômicas, administrativas e sociais, não há como tolerar militância política dentro das hostes espíritas. Não se sustentam as teses simplistas de que só com a nossa participação efetiva nos processos políticos ao nosso alcance ajudaremos a melhorar o mundo. Isso é parvoíce ideológica.

Não há como confundir a política terrena de interesses menores com a política do “Filho do Altíssimo”(4). Cada situação na sua dimensão correta. Política partidária, aos políticos pertence, enquanto que prática espírita é atividade para espíritas cristãos. O argumento de que os parlamentares se servem, com o pretexto de "defender" os postulados da Doutrina, ou aliciar prestígio social para as hostes espíritas, ou, ainda, ser uma "luz" entre os legisladores, é argumento ardiloso, desonesto. "NÃO TEMOS NECESSIDADE ABSOLUTA DE REPRESENTANTES OFICIAIS DO ESPIRITISMO EM SETOR ALGUM DA POLÍTICA HUMANA"(5).

Os legítimos estudiosos espiritistas acercam-se da compreensão de viver naturalmente impregnados de bom senso e humildade. Entendem que "a missão da doutrina é consolar e instruir, em Jesus, para que todos mobilizem as suas possibilidades divinas no caminho da vida. Trocá-la por um lugar no banquete dos Estados é inverter o valor dos ensinos, porque todas as organizações humanas são passageiras em face da necessidade de renovação de todas as fórmulas do homem na lei do progresso universal"(6).

Mais uma vez, afiançamos que não se sustentam as teses inúteis de que só com a nossa participação efetiva nos processos políticos ao nosso alcance ajudaremos a “melhorar” o Brasil. Não esqueçamos que o “Rei dos Séculos”(7) cogitou muito a melhora da criatura em si. Não nos consta que o “Filho de Deus”(8) tivesse aberto qualquer processo político-partidário contra ou a favor do poder constituído à época. Portanto, a nossa conduta apolítica (apartidária) não deve ser encarada como conformismo; pelo contrário, essa atitude é sinonímia de paciência operosa, que trabalha sempre para melhorar as situações e cooperar com aqueles que recebem a responsabilidade da administração de nossos interesses públicos.

É acertado lembrar que, nos imperceptíveis consentimentos, vamos descaracterizando o programa da Terceira Revelação. A título de tolerância, diversas vezes fechamos os olhos para a politização nas casas espíritas; entretanto a experiência demonstra que, às vezes, é presumível até fechar um olho, porém nunca os dois. Considerando que nosso mundo é a morada da opinião, é natural que apresentemos para os companheiros militantes políticos desacordos sobre esse tema. Inadmissível, porém, tendo em vista a própria orientação da Doutrina Espírita, é o clima de injunções que se coloca, não raro, envolvendo os que confundem intensidade com agressividade, ou defesa da verdade com inflexibilidade.

Estamos investidos de compromisso mais imediato, em vez de mergulhar no mundo da política saturada por equívocos deploráveis. Por isso, não devemos buscar uma posição de destaque, para nós mesmos, nas administrações transitórias da Terra. Se formos convocados pelas circunstâncias, devemos aceitá-la, não por honra da Doutrina que professamos, mas como experiência complexa, onde todo sucesso é sempre muito difícil. "O espiritista sincero deve compreender que a iluminação de uma consciência é como se fora a iluminação de um mundo, salientando-se que a tarefa do Evangelho, junto das almas encarnadas na Terra, é a mais importante de todas, visto constituir uma realização definitiva e real. A missão da doutrina é consolar e instruir, em Jesus, para que todos mobilizem as suas possibilidades divinas no caminho da vida. Trocá-la por um lugar no banquete dos Estados é inverter o valor dos ensinos, porque todas as organizações humanas são passageiras em face da necessidade de renovação de todas as fórmulas do homem na lei do progresso universal."(9)

Conclusão
Fosse uma sociedade educada para a tolerância recíproca, para o respeito à autoridade, para o trabalho persistente, sem conflitos entre servidores e governo, empresários e trabalhadores, em que as pessoas se unissem para compreender a necessidade dos valores espirituais na vida de cada um ou de cada grupo social, seríamos um país venturoso e pacífico. Muitos podemos admirar a política enquanto ciência, enquanto princípios, enquanto filosofia, mas definitivamente não precisamos nos envolver em partidarismos políticos. Pensamos ser justos em lutar por nossa ação voluntária na Sociedade, seja na ação profissional, seja na ação de cidadania, sem trocar nossa dignidade por politicagens ou conveniências pessoais.

Referências bibliográficas:
1 João 1:9
2 1 João 2:13
3 Xavier, Francisco Cândido. Vinha de Luz, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999, cap. 59
4 Lc 1.32
5 VIEIRA, Waldo. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de janeiro: FEB, 2001, Cap. 10
6 Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1984, pergunta 60
7 1Tm 1.17
8 Mt 2.15
9 Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1984, pergunta 60.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

EM SÃ CONSCIÊNCIA, QUEM PODE ARREMESSAR A PRIMEIRA PEDRA? (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br

Vivemos uma dessas incomuns ocasiões em que, a partir de uma nova representação tecnológica, isto é, de uma nova relação com a sociedade moderna, um novo modelo de humanidade é concebido. Estamos num estágio social em que o mundo virtual é quase o real; contudo, ele nos brota como sonho. Alguns sonham com cuidado, outros se submergem nos cipoais dos desvarios oníricos. Em todos esses estágios há o perigo de essa situação virar pesadelo. Esse é o preço que o homem paga pelo avanço da Tecnologia da Informação (TI), apesar de muitos cidadãos ainda não terem se dado conta de que seus atos pelas vias virtuais estão estabelecendo desastres morais de consequências imprevisíveis. Vejamos: a questão aqui colocada como inquietante é o duplo adultério ocorrido pelas ferramentas virtuais, desaguando na vida real.

Um casal bósnio está se divorciando, depois de descobrir que um traía o outro em chats na Internet. Detalhe: eles começaram o relacionamento virtual usando pseudônimos, e só descobriram a verdade quando combinaram um encontro real com os "novos parceiros". Sana Klaric, 27 anos, e seu marido Adnan, 32, usavam os pseudônimos de "Sweetie" e "Prince of Joy" em salas de bate-papo. Conheceram-se e iniciaram uma relação, confidenciando-se mutuamente os problemas que tinham em seu casamento. 1

Os dois estavam convencidos de ter finalmente encontrado sua alma gêmea e resolveram marcar um encontro real para se conhecer, e descobriram a verdade. A esposa disse que "de repente estava apaixonada, parecia que eu e "Prince of Joy" [pseudônimo do esposo] estávamos amarrados no mesmo tipo de casamento infeliz". "Depois, me senti tão traída", disse a esposa. O marido, por sua vez, continua sem poder acreditar no que aconteceu. "É difícil pensar que “Sweetie” [pseudônimo da esposa], que escreveu coisas tão maravilhosas para mim [Prince of Joy] , é na verdade a mesma mulher com quem me casei e que, por anos, não foi capaz de me dizer uma única palavra agradável". 2

Sem dúvida estamos diante de insólita ocorrência inteiramente edificada sobre as areias de um casamento arruinado, da escapatória do consórcio por meio da recíproca infidelidade conjugal e da autocomiseração em face do mútuo adultério. Diante do fato, tenta-se a busca do “divórcio” para “resolver” a demanda de dois corações lesionados. Compreendemos que a traição dói de todas as maneiras, seja ela virtual ou real.

Perante a deslealdade conjugal, grande contingente pessoas exibem duas fases de reação: protesto e desespero. A pessoa se contorce, grita, chora, implora por uma nova chance. Já na segunda fase, a reação será muito parecida com a de pacientes em depressão: falta de vontade de interagir socialmente, perda de apetite, insônia e desinteresse por qualquer atividade. Obviamente não existe adultério onde reina sincera afeição recíproca.

Não estamos aqui para lançar juízos sob o império conceitual de falsa superioridade ante os que se encontram dilacerados nos sentimentos. Sobre o adultério em si preferimos recorrer à sentença do Cristo que diz: “atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver isento de pecado.”. 3 Esta sentença faz da indulgência um dever para nós outros, porque ninguém há que não necessite, para si próprio, de indulgência. “Ela nos ensina que não devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que nos absolvemos. Antes de profligarmos a alguém uma falta, vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita.”. 4

Sobre o  ditado “atire a primeira pedra”, é “curioso notar que Jesus, em se tratando de faltas e quedas, nos domínios do espírito, haja escolhido aquela da mulher, em falhas do sexo, para pronunciar a sua inolvidável sentença. Todavia, dos milenares e tristes episódios afetivos que reverberam na consciência humana, resta, ainda, por ferida sangrenta no organismo da coletividade, o adultério que, de futuro, será classificado na patologia da doença da alma, extinguindo-se, por fim, com remédio adequado.”. 5

Infelizmente, o “adultério ainda permanece na Terra, por instrumento de prova e expiação, destinado naturalmente a desaparecer, na equação dos direitos do homem e da mulher, que se harmonizarão pelo mesmo peso, na balança do progresso e da vida. Quando cada criatura for respeitada em seu foro íntimo, para que o amor se consagre por vínculo divino, muito mais de alma para alma que de corpo para corpo, com a dignidade do trabalho e do aperfeiçoamento pessoal luzindo na presença de cada uma, então o conceito de adultério se fará distanciado do cotidiano, de vez que a compreensão apaziguará o coração humano e a chamada desventura afetiva não terá razão de ser.”. 6

O Espírito Emmanuel ilustra que “no rol das defecções, deserções, fraquezas e delitos do mundo, os problemas afetivos se mostram de tal modo encravados no ser humano que pessoa alguma da Terra haja escapado, no conjunto das existências consecutivas, aos chamados "erros do amor". 7

“Quem não haja varado transes difíceis nas áreas do coração no período da reencarnação em que se encontre, investigue as próprias inclinações e anseios no campo íntimo, e, em sã consciência, verificará que não se acha ausente do emaranhado de conflitos, que remanescem do acervo de lutas sexuais da Humanidade.”. 8

Achamo-nos muito longe da pureza do coração, e por isso mesmo, se alguém nos parece cair sob enganos do sentimento, não critiquemos; em vez disso, silenciemos e oremos a seu benefício. Nenhum de nós consegue conhecer-se tão exatamente a ponto de saber hoje qual a dimensão da experiência afetiva que nos espera no futuro. Somos incapazes de examinar as consciências alheias, e cada um de nós, ante a Sabedoria Divina, é um caso particular em matéria de amor, reclamando compreensão.

Referências bibliográficas:

1             Disponível em http://metro.co.uk/ acesso 12/08/2014
2             Disponível em http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI1920421-EI4802,00.html acessado em 12/08/2014
3             João 8:7
4             Kardec, Allan. Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1977,item 13, do Cap. X,
5             Xavier, Francisco Cândido. Sexo e Vida , ditado pelo espirito Emmanuel, RJ: Ed FEB, 2001
6             idem
7             idem
8             idem

VOO DE CONSCIÊNCIA


Por Leonardo Paixão (*)
Apesar de suas tentativas de modernização da Igreja Católica com realizações de reuniões carismáticas (leia-se mediúnicas), vemos com a renúncia recente do Papa Bento XVI – o que caracterizou o ineditismo de se terem dois Papas na Igreja -,a fragilidade dela para se manter intacta diante de um mundo cada vez mais racional, onde a ingenuidade dos fieis desapareceu, restando aqui e ali um ou outro que se mantém ligado às suas tradições. O Espiritismo que veio restabelecer, através da interpretação em espírito, a Verdade trazida pelo Cristo, tem os seus profetas que denunciam estas e outras coisas, abrindo os olhos dos que os têm para ver. Eis aqui um exemplo de denúncia profética feita pelo Espírito do vate português Guerra Junqueiro, que através de médiuns como Chico Xavier, Jorge Rizzini, Dolores Bacelar, América Delgado e que vem escrevendo também por nós alguns versos. Abaixo do poema temos a opinião do sr. José Passini sobre.
Apreciem.
AO PAPADO
(Especialmente á renúncia do atual Papa Bento XVI)

Eis a grande prostituta, a Santa Igreja,
que pompas à vontade despeja,
relegando o povo sofredor e pobre
a ficar imerso em contemplação a lhe doar seu cobre.
Age assim a Igreja, esta vil Messalina
que doutrina ignóbil ensina,
traindo os ideais do Cristo que são Luz.
Fala do Alto a inspiração à flux...
Ah! É apenas um morto que aqui fala,
dirão os tolos padres vestidos de esmeralda.
O morto, porém, se faz vivo
e sua voz entoa o terrível hino
da denúncia à crueldade que a Igreja espalha
conduzindo a homens como se fossem bonecos de palha.

O Papa - este ser mandado pelos negros jesuítas -,
vem agora a público renunciar à sua tiara
demonstrando da Igreja a estrutura fraca,
ela que se orgulha de existir há dois mil anos...

Mudanças são precisas hoje e sempre e tanto,
pois imutável só o Pai Celestial,
a Igreja, no entanto, se acha a Verdade Integral
e o seu Sumo Pontífice declara: "É preciso mudar da Igreja os rumos".
É o reconhecimento de sua estrutura em areia construída,
desabando após sísmicos tremores,
que deixam-na em chorosos clamores.
E o progresso é apenas da Natureza Lei Integral

Segui, oh! clérigos impertinentes,
a enganar com sofismas aos ingênuos crentes,
que hoje vos veneram o saber,
mas que a verdade quando forem compreender -
a doutrina cristã em plenitude -, eis a abandonar os sacros muros e fazer
de suas vidas um lindo canto ao fim do anoitecer.
______________________________________
Cantai Hosanas
Cristãos da Nova Era,
Cristo vos convida
A renovar a Terra.
A hora histórica
Da grande renovação
Começa agora
Em cada coração.
Avante espíritas, avante.
Jesus aguarda
O sagrado testemunho
Dos que estão na retaguarda.
Vamos seguindo adiante
Fazendo a nossa parte
E teremos por fim
A vitória na Imortalidade.

Guerra Junqueiro e Casimiro Cunha
(Poema psicografado em reunião de psicografia do GE Luiz de Gonzaga no dia 22/02/2013 pelo médium Leonardo Paixão).

Opinião do senhor José Passini (Reitor da Universidade de Juiz de Fora, MG), enviada por e-mail:
Tudo identifica Guerra Junqueiro.
Cada vez mais, se evidencia o 666 do Apocalipse:
Os títulos do Papa, conforme o livro A Caminho da Luz, em Latim, se somados os algarismos romanos, nos três títulos, o resultado é 666.
VICARIVS GENERALIS DEI IN TERRIS
VICARIVS FILII DEI
DVX CLERI
ABRAÇO,
Passini

(*) - Leonardo Paixão é Orador espírita (que tem viajado por alguns Estados brasileiros, quando possível, na divulgação da Doutrina Espírita), articulista, poeta, tem críticas literárias publicadas no site orientacaoespirita.org e um artigo publicado em Reformador em Agosto de 2010, A Revelação - uma perspectiva histórica e tem escrito alguns artigos no jornal eletrônico O Rebate. Participa com um grupo de amigos de ideal do GE Semeadores da Paz em Campos dos Goytacazes, RJ, onde exerce direção de estudos e trabalhos na área mediúnica, atuando como médium psicofônico na desobsessão e como psicógrafo de mensagens esclarecedoras, poesias e cartas consoladoras.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

ENVELHECER É UMA ARTE E UMA CIÊNCIA (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br

Anne Leitrim, uma inglesa de 70 anos de idade, residia sozinha em Bournemouth, no sul da Inglaterra, e foi encontrada morta no quarto do seu apartamento (após seis anos). Os vizinhos supunham que ela tinha se mudado e a família (pasmem!) não sentiu sua ausência durante todo esse tempo. Diante do caso, o servidor Cliff Rich, membro da organização Contact the Elderly, instituição filantrópica de apoio a idosos, alegou que muitos anciães são praticamente “invisíveis” para o resto da sociedade inglesa. 1
Observemos que estamos diante da sociedade mais conservadora da Terra, tida como de “primeiro mundo”, onde se apregoa muito a importância do “bem-estar” dos idosos. “No Brasil, alguns sociólogos afirmam que, se um país como o nosso precisa de um "estatuto dos idosos" (ou seja, de uma lei), para lembrar a respeitabilidade deles, isso indica que algo está muito errado com a sociedade.”. 2
Certo dia escutei um cidadão (brasileiro) na fila do cartório, esbravejando que o direito do idoso era uma incoerência, um exagero. Revoltado, arrazoava: “vamos ao banco, ao cinema, em qualquer fila, até as de emergência, e aquele montão de pessoas passa na nossa frente se dizendo “preferencial”. Quem é idoso? A pessoa às vezes nem tem 60 anos, anda de sapato esportivo (tênis), usa óculos Ray Ban, está magnificamente arrumada, mulheres maquiadíssimas, homens arremessando glamour e dizem "sou idoso". E lá ficamos nós, otários, para trás. Acho que há muita indolência. Até office velho os escritórios arrumaram... Empréstimos, décimo-terceiro antecipado, medicamentos e trabalho? Tudo é para eles, e nós, que estamos na idade adulta e necessitada, o que sobra para nós? O governo devia pensar em todos, mesmo porque ser idoso não é ser minoria".
Sem entrar em disputa com tal indignado cidadão, cabe-lhe recordar que não se pode generalizar jamais numa circunstância dessas. O processo envelhecer demanda uma atenção especial em virtude das modificações biológicas, psicológicas e sociais, sendo necessária uma maior atenção por parte da sociedade e formulação e efetivação de políticas públicas voltadas para o idoso. Em muitas culturas e civilizações, principalmente as orientais, o idoso é visto com respeito e veneração, representando uma fonte de experiência, do valioso saber acumulado ao longo dos anos, da prudência e da reflexão, enquanto em outras o idoso representa "o velho", "o ultrapassado" e "a falência múltipla do potencial do ser humano" – é lamentável!
A História mostra que o envelhecimento do corpo de muitos anciãos não se processou em paralelo, para quem soube cultivar o Espírito. A idade cronológica não representou barreiras para Giuseppe Verdi, compositor italiano, que aos sessenta anos compôs "Aída"; com mais de setenta e quatro, "Otelo", e aos oitenta e quatro completa três imorredouras páginas religiosas: "Ave Maria", "Stabat Mater" e "Te Deum". Pablo Picasso, o genial pintor espanhol, aos noventa e um anos, cria; Winston Leonard Spencer Churchill, septuagenário, foi a alma da resistência na Segunda Grande Guerra, e morre aos noventa e um anos em plena contribuição social.
Que falar ainda de Albert Einsten, Thomas Edison, Albert Schweitzer, Louis Pasteur, Alexander Fleming, Konrad Hermann Joseph Adenauer, Bertrand Russell, espíritos altamente produtivos aos setenta, oitenta, noventa anos de idade física, que não se entregando à vida contemplativa, permanecem vivos até hoje, quando pelos efeitos de suas descobertas, invenções, ideias e ideais se mantiveram produtivos, interessados, interessantes e atuantes, apesar, do envelhecimento físico.
Cremos que a decrepitude deveria ser encarada como venturosa pelo que contém de gratificante, mormente por causa das longas refregas das buscas e das realizações. Envelhecer é uma arte e uma ciência, se buscarmos rejuvenescer nossa alma. Há idosos que conquistaram a longevidade de forma sadia e feliz, contudo muitos estão largados nos asilos da vida, amargando suas enfermidades no isolamento. Há os que aceitam sua decrepitude sem rezingar e sem exigir nada dos outros; todavia igualmente indiferentes não oferecem nada a ninguém.
Dizem que a idade avançada é a noite da Vida, entretanto, a noite pode ser bela, clara, toda ornamentada de estrelas e constelações, luar e claridade a se esparzirem de uma longa vida cheia de virtude, bondade e honra! O entendimento espírita vê a idade avançada como o outono no tempo, fase normal, necessária, imprescindível na sucessão harmônica dos objetivos e funções da encarnação, envolta, igual a todas as outras, nos dons da Natureza, nas bênçãos de Deus.


Referências:
1              Disponível em http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/06/britanica-e-achada-morta-em-apartamento-apos-6-anos.html Acessado em 08/08/2014
2              Disponível em http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes acessado em 09/07/014

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

A possibilidade de um espirito atravessar outro espirito


José Sola

Temos um relato do  espirito do irmão Jacob em o livro “Voltei”, através da psicografia de Francisco Candido Xavier, em que uma senhora encarnada, carregando alguns pacotes, sem sequer ter a noção da presença do Bezerra de Menezes, do irmão Jacob, e do Andrade, atropela nossos amigos espirituais, indiferente mesmo de haver se chocado com alguém.  Estarei transcrevendo este relato, no sentido de analisa-lo, pois esta é uma questão que ainda não foi estudada e esclarecida na doutrina espirita, vejamos: 
“Dispúnhamo-nos a deixar o abrigo a que nos refugiáramos, quando percebi que me encontrava em trajes impróprios. Arraigado à ideia de que seria visto por amigos encarnados, não ocultei um gesto de aborrecimento. 
À distância do leito, aquele roupão alvo não deixava de ser escandaloso. Marta que me seguia as reflexões, sorridente, vestia-se com apurado gosto. 
Ia expor-lhe os receios que me assaltavam, quando se adiantou, asseverando que as preocupações do momento me atestavam as melhoras. 
– Um homem desalentado não pensa em roupa - disse-me alegremente. 
Acrescentou que Bezerra e o Irmão Andrade não se demorariam e que a solução do problema fora prevista na véspera. 
De fato, transcorridos alguns minutos, chegaram, atenciosos. A possibilidade de endereçar-lhes a palavra encheu-me de imenso júbilo. Abracei-os reconhecidamente. 
Trouxeram-me um costume cinza, muito semelhante aos que eu ai preferia no verão.  
O Irmão Andrade ajudou-me a vesti-lo. 
Mas alguns instantes e, entre os dois benfeitores que me amparavam lado a lado, oferecendo-me os braços, afastamo-nos da praia. 
Enorme o movimento nas vias públicas. A mesma diferença que assinalara no mar, nas plantas e no casario, notava nas pessoas. Cada qual se revestia de halo diferente. Não me sentia, contudo, disposto a formular indagações. Assombrava-me com a locomoção própria e esse problema naturalmente solucionado bastava, por enquanto, à minha capacidade de analisar. Andava, sem grande desenvoltura; todavia, a lentidão de meus passos obedecia à inexperiência e não a qualquer impedimento por parte do corpo, que reconhecia leve e ágil. 
Aproveitaria o momento para acentuar observações nesse sentido, quando apressada senhora, sobraçando embrulho de vastas proporções, investiu indiferentemente contra nós. 
Grande foi o abalo para mim. Recuei, num movimento instintivo, temendo o atrito, mas não houve tempo. A dama atravessou-nos o grupo, sem dar conta de nossa presença. 
Assustado, procurei o olhar dos companheiros. Todos me fitavam sorridentes. 
– Este, meu caro Jacob – falou Bezerra, bem-humorado –, é o novo plano da matéria, que vibra em graduação diferente. 
– Passou por nós, sem perturbar-nos! - exclamei. 
– Por nossa vez, não a perturbamos também - acentuou o Irmão Andrade, satisfeito. 
O incidente chocara-me. Via-me perfeitamente integrado no antigo patrimônio orgânico. 
– Não estaremos num corpo de ilusão? – ousei interrogar. 
Bezerra esclareceu, delicado: 
– O poder da vida, na ilimitada Criação de Deus, é infinito, e a mulher que passou despercebidamente por nós, cujo veículo de carne caminha para a morte, poderia fazer a mesma pergunta. 
A pequena ocorrência nos dava bastante material à reflexão. Gostaria de trocar comentários e propor questões diversas; todavia, o meu abatimento ainda era grande. Deixei-me, pois, conduzir sem relutância, de imprevisto a imprevisto.” 
Demoro-me a analisar esta questão por motivos óbvios, primeiro Francisco Candido Xavier é um médium idôneo, responsável, médium impar, em todas as suas comunicações sempre foram comprovadas a identidade dos espíritos, jamais deixando duvida da individualidade do comunicante.
Também por não termos como duvidar da idoneidade do irmão Jacob, e por contarmos com a afirmação de Bezerra de Menezes que estava presente no momento, e ainda porque todas as comunicações que se faziam pela psicografia do Chico, eram supervisionadas por Emmanuel.
Com todo respeito sem desmerecer ninguém, mas se esta revelação tivesse sido apresentada através de outro médium, a minha preocupação seria a de comprovar a mesma, a luz da lógica, da razão, e do bom senso. 
E não deixaremos de aplicar na extrapolação desta revelação, estes parâmetros que são fundamentais, para a apreciação e aceitação de qualquer premissa, qualquer revelação, enfim, para todos os momentos de nossa vida.
Entretanto não o farei duvidando da premissa apresentada, mas procurando a luz do aprendizado, na tentativa de esclarecermos nossas duvidas, os elementos que esclareçam esta revelação, pois a mesma é autentica.
Aprofundando nossos estudos na intenção de conhecermos melhor a Inteligência Suprema da Vida, temos afirmado em temas anteriores, de que Deus é a vida do universo, que é absoluto em sua perfeição, em sua manifestação de vida, de que a vida a manifestar-se de Deus no universo é completa, absoluta, nada se subtrai e nada se adiciona a mesma.
Acreditar fosse possível acrescentar-se algo a vida do universo, seria acreditar que Deus fosse incompleto, e este acréscimo, o tornaria perfectível como somos nós espíritos, centelhas divinas do Criador.
Pois sabemos que embora sejamos perfeitos por essência, pois somos vidas manifestas da Vida de Deus, e de uma fonte perfeita não é possível emanar a imperfeição, entretanto jamais seremos perfeitos na eternidade, pois a evolução é infinita, é eterna, seremos eternamente perfectíveis. 
Entretanto Deus é perfeito no absoluto, é completo, é pleno em sua manifestação de vida no universo, e tampouco nada se subtrai ao Mesmo, ao universo, pois acreditar nessa possibilidade seria o mesmo que acreditar na possibilidade de eliminar-se um dos atributos do Eterno, e se assim fosse como retro informado, Ele seria mutável, e conforme Kardec, a imutabilidade é um dos atributos de Deus.
Se o universo é infinito, e Deus é a vida do mesmo, podemos por uma questão de lógica e racionalidade, afirmar de que Ele é a essência de vida do universo, esta essência do Criador é a substância que ao maturar-se, inicia sua caminhada em busca da individualidade, contendo em seu núcleo, o elemento que em sua mutação será matéria e energia, pois como já o sabemos matéria é energia em velocidade, em aceleração em movimento, e energia é matéria decomposta. 
Mas não podemos nos esquecer de que no núcleo da substância, esta também contida a centelha divina, principio inteligente, eu diretor da matéria, pois é esta centelha divina, que evolui, perfazendo os caminhos da evolução anímica a partir do reino do minério, que possibilita a evolução da matéria e da energia, não houvesse este eu diretor da matéria, e as mutações infinitas da substância, ora como matéria, ora como energia, não assimilariam nada em suas infinitas mutações. 
Recorremos às palavras de Kardec em o livro A Gênese, quando nos afirma de que o universo esta para Deus, tanto quanto, nosso corpo esta para nosso espirito, e já apreendemos de que nosso espirito revestido do corpo energético (períspirito), esta em simbiose com o corpo material, ocupando aparentemente o mesmo espaço.
 Digo aparentemente, pois a lei que a física nos apresenta, e é exata, nos afirma que dois ou mais corpos de matéria não ocupam o mesmo lugar no espaço, o que acontece é que o espirito e o períspirito ocupam os vazios externos e os vazios internos dos átomos, mas é completamente impossível, introduzirmos, um elétron, um próton, ou um neutro em outro, e estes corpúsculos são partículas infinitesimais da matéria, pois foram mensuradas, lhes conhecemos o peso e o diâmetro.
Sintetizando citarei o peso atômico do elétron, que conforme a física tem o peso especifico de 9,107x10-28 em gramas, e o diâmetro de 10-13 em diâmetro, e a lógica nos leva a concluir de que se o mesmo não fosse matéria, não apresentaria peso e tampouco dimensão.
Apreendemos em física de que se o edifício Itália se transformasse em uma massa nuclear, isto é, em um momento em que os átomos se comprimem, eliminando o vazio existente entre eles, este edifício se transformaria em uma agulha de coser, um homem se transformaria em um bacilo, etc., isto informo para que tenhamos uma noção do vazio dos átomos.
Pelo apresentado, espirito, períspirito, e matéria, se demoram em simbiose, ocupando um mesmo espaço, e esta simbiose entre o espirito, o períspirito e a matéria, acontece desde o reino do minério, pois não se demorassem vivendo esta associação intrínseca, e como retro informado, não assimilariam as experiências resultantes das vivenciações e experienciações, por que passa a substância nas mutações de matéria para e energia, e vice - verso. 
Alguns confrades, não aceitam esta possibilidade, por entenderem de que o períspirito (corpo energético) esta externo ao corpo, e interpretando Kardec a letra como comumente o fazem, entendem que o períspirito, revista o espirito com as energias do mundo em que este se demore, e isto é correto, mas não conforme a interpretação elementar que apresentam, vejamos Kardec, “Livro dos Espíritos”. (Ver o texto Concepção do Períspirito)
 93 - O espirito propriamente dito vive a descoberto, ou como pretendem alguns, envolvidos por uma substância? 
R - O Espirito é envolvido por uma substância que é vaporosa para ti, mas ainda bastante grosseira para nós; suficientemente vaporosa, entretanto, para que ele possa elevar-se na atmosfera e transportar-se para onde quiser.
 Como a semente de um fruto é envolvido pelo perisperma o espirito propriamente dito é revestido de um envoltório, por comparação, se pode chamar períspirito. 
Aplicando a lógica, verificaremos que esta analogia não esta equivocada, pois realmente o períspirito reveste o espirito, entretanto, não apenas a parte externa deste, mas em seu todo, incluindo os órgãos internos, pois pelo que já aprendemos na doutrina espirita, é o períspirito, ou corpo energético, o elemento plasmático que possibilita a aderência das células ao espirito.
Aceitando a premissa resultante da extrapolação equivocada apresentada por alguns confrades de que o períspirito reveste tão somente a parte externa do espirito, como é que acontece a formação dos órgãos internos?
Conforme Kardec, o períspirito reveste o espirito, mesmo que nos demoremos a letra, e aceitemos a hipótese de ser o corpo energético um envoltório que reveste apenas a parte externa do espirito como uma capa a envolver o mesmo; como explicar o períspirito externo ao  corpo, como se fosse um balão flutuante?
Se o mesmo estivesse externo ao corpo material, o espirito também, infelizmente esta premissa da parte de alguns confrades não se sustenta, e o pior é que a apresentam dando-lhe ênfase, com desenhos coloridos e tudo mais, mas completamente desprovidos de lógica e racionalidade. 
E, esta premissa não atende sequer a letra, pois Kardec nos informa que o períspirito envolve o espirito, e a lógica nos diz que espirito e períspirito envolvem a matéria, não se demoram afastados desta, pois o corpo energético e o elemento plasmático que possibilita, as células se agrupem ao espírito, não fosse o períspirito, e o corpo de matéria não teria como formar-se.  
Se nos detivermos no dogma que nos apresentam alguns confrades, encontraremos uma dificuldade imensa em confirmar a evolução do ser, através da evolução anímica, pois atidos a letra, nada preocupados com a essência da mensagem, entendem nas palavras de nosso mestre Allan Kardec, que o períspirito, ou corpo energético, seja apenas um envoltório do espirito, a partir do momento em que atingimos a condição de humanoides; será?
Sem que houvesse  um corpo energético, permitindo as células se aglutinassem, associando-se a centelha divina, como informado, não aconteceria a formação do corpo material, pois o corpo energético é como já o apreendemos no espiritismo, o elemento plasmático que possibilita a aderência das células, é o corpo mediador que une a matéria ao espirito, resumindo se o corpo energético não estivesse presente desde o reino do minério, a evolução se veria impraticável. 
E Clarencio em o livro “Entre  a Terra e o Céu”, escrito por Andre Luiz, através da psicografia de Francisco Candido Xavier   nos informa de que o corpo sutil do espirito, é elaborado através dos milênios sem conta, isto é, através da evolução anímica desde os reinos inferiores da natureza, a partir do reino do minério.
O universo está  para Deus, tanto quanto nosso corpo está para nosso espirito, o quer nos dizer que Deus esta no infinito do universo, assim como nosso espirito está no todo de nosso corpo, e sendo o universo infinito em sua expansão, é natural que Deus é infinito em sua manifestação, tanto quanto, nosso espirito é a vida que alimenta o corpo de matéria, pois todas as sensações do homem, são oriundas do espirito, assim também todas as manifestações que a vida nos apresenta, é um atributo divino de Deus a manifestar-se no universo.
E esta lógica nos leva a raciocinar que nós vivemos em Deus, que desde a eternidade já nos demoramos contidos em Sua substância antes de iniciarmos a nossa caminhada rumo a individualidade na evolução anímica, a partir do reino do minério, e mesmo havendo conquistado a nossa individualidade, continuaremos eternamente contidos em Deus, não nos dissociaremos jamais do Espirito Supremo da Vida é Ele que nos alimenta a vida na eternidade.
E para uma assimilação maior desta premissa, estarei a apresentar uma analogia entre o universo e Deus, e o oceano e a vida aquática.
Os peixes as algas marinhas os batráquios habitam o oceano, nele se movem, se sustentam, entretanto no estagio embrionário de sua evolução, não se apercebem que a massa aquática é o elemento que lhes propicia a vida, mas retirados do oceano imensurável, morrem. 
E enquanto se demoram mergulhados na agua, locomovem-se a vontade, sem alterar de forma alguma o elemento que lhes possibilita a vida, pois os mesmos percorrem distancias, e não deixam qualquer vestígio no trecho percorrido, isto é não alteram em nada o elemento que lhes sustenta a vida.
Deus se manifesta no infinito do universo, é a vida do Mesmo, a substância está para Deus, tanto quanto nosso plasma sanguíneo está para nosso espirito, e a vida que de Deus se manifesta, a partir do momento em que nos é possível concebe-la, a partir do reino do minério, a caminho da individualidade, em analogia esta está para Deus, assim como os peixes e os batráquios estão para o Oceano.
O Espirito do Eterno, é a essência da vida do universo, assim como a agua não se altera, com o movimento dos peixes e batráquios no oceano, tampouco o Espirito de Deus. 
E o ser inteligente desde a condição de centelha divina, ao mais perfeito espirito que nossa mente possa conceber, percorre o universo, sem contudo alterar o Principio Originário da Vida, em outras palavras, como espíritos que somos, nos locomovemos livres nesse Oceano Infinito de Vida.
Não atravessamos o Espirito Supremo do Eterno, porque o universo é infinito, e Deus está no todo mesmo, mas nos movemos Nele como os peixes se movem no oceano, sem alterar-Lhe a essência, Deus é imutável, é Eterno, Onisciente, Onipresente, é Imaterial, é a vida absoluta, completa, plena, a manifestar-se no universo.    
Esta premissa nos leva a concluir, que se Deus se demorasse limitado como nos demoramos nós os espíritos, não estivesse no todo do universo, e nós o atravessaríamos; e não podemos nos esquecer que somos essência de Deus, pois somos a centelha divina do Criador, conforme Kardec, e se podemos nos mover a vontade sem qualquer empecilho, no Espirito do Eterno, que é a fonte de que nossa vida deriva e se sustenta, torna-se compreensivo que um espirito atravesse outro sem causar  ou sofrer qualquer afetação.
Tivemos diversos relatos de pessoas descrentes, que não acreditam na imortalidade, e quando se defrontaram com a presença de um espirito, para confirmar que esta aparição não passava de uma ilusão da mente, tentaram palpar a entidade, entretanto nada palpavam, e alguns atravessaram  mesmo o espirito.
E não podemos nos esquecer de que a pessoa descrente, estando encarnada, era constituída de três corpos diferentes, espirito, períspirito, e matéria, o que nos leva a acreditar de que o espirito mesmo encarnado deveria ter encontrado resistência ao tentar palpar o outro, mas isto não aconteceu.
Entretanto devemos lembrar de que a vida na espiritualidade, não é uma abstração, que nas colônias espirituais como por exemplo Nosso Lar, os espíritos quando queiram apertar as mãos um dos outros, ou quando desejem permutar um abraço não o consigam, lógico desde que se demorem na mesma condição evolutiva, e isto fazem com naturalidade.
E lembramos ainda as entidades que são socorridas em Nosso Lar, as mesmas não se apresentavam a Narcisa, a Lisias, a Andre Luiz, como seres abstratos, eram tratados conforme nos relata Andre Luiz, em seus corpos espirituais enfermos, carregando ainda consigo as chagas que lhes arrancou a vida física, e isto quer dizer de que eram concretos, palpáveis. 
Apreendemos que existem espíritos de uma evolução que nos escapa a percepção, e estes espíritos por haverem rarefeito o seu períspirito, não são vistos nem por entidades outras já evoluídas, para se apresentarem eles necessitam materializar-se.
Então somos levados a crer que a mente do espirito atua nestes dois momentos diferenciados que vive o espirito, nos casos em que espíritos se atravessam isto acontece com a total ignorância do espirito, como aconteceu com a senhora, que longe estava de se aperceber da presença do Bezerra, do Jacob, e do Andrade. E no caso daqueles que tentam palpar uma entidade para comprovar que esta é apenas uma ilusão, em sua negação plasmam através da mente a condição de ilusão, isto é não existe espirito algum.
Somos levados a crer que o períspirito exerça um papel relevante junto ao espirito, pois conforme Allan Kardec, o mesmo se reveste  das energias do mundo em que o espirito se demore, e no texto anterior, comprovamos esta verdade, e aprofundando-nos no estudo do tema, como retro informado, Clarencio nos informa que o corpo sutil do espirito, se forma junto ao espirito, a partir do reino do minério.
E importa lembrar que o períspirito não se dissocia do espirito jamais, encarnado ou desencarnado o espirito se demora revestido do corpo energético, lembrando ainda, que ao reencarnarmos, o espirito não cria um novo períspirito, pois como nos informa Andre Luiz em o livro “Missionários da Luz” no capitulo da Reencarnação, o períspirito passa por um processo de miniaturização, ou seja, redução de suas proporções.
E isto nos leva a crer, que o espirito e o períspirito se demoram numa simbiose divina, sendo o corpo energético o elemento que propicia ao espirito nos mundos, ou colônias espirituais,  em que se demore, a condição física consistente, que lhe permita viver com os demais espíritos que partilham de sua condição vibracional.
E não podemos nos esquecer de que as dimensões vibracionais das diversas colônias espirituais, algumas delas que se prestam ao auxilio as entidades menos felizes, outras mais voltadas ao aprendizado dos espíritos, são elaboradas com energias pertencentes ao próprio planeta, pois nosso maravilhoso mundo, em sua constituição é harmônico, e encerra em seu psiquismo, ou alma da terra, energias sublimes; em outras palavras a Terra é um micro universo a refletir a vida de Deus.
Estas elucubrações aqui apresentadas nos levam a compreender a importância do corpo energético associado em simbiose ao espirito, e que o espirito desprovido deste corpo, é plenamente imaterial, e como centelha divina que somos do Criador, assim como não encontramos resistência alguma em nos locomovermos em Deus, tampouco a encontraríamos em atravessar outro espirito.
E importa lembrar que o pensamento é uma energia a que denominamos idioplastia mental, e como nos disse Jesus vós sois deuses, isto quer dizer encerramos em nosso inconsciente puro um eterno vir a ser, temos iniciativa própria, fazemos uso de nossa vontade, pois Deus nos outorgou com  o livre arbítrio, e a partir de então a vida nos pertence. 
E é esta inteligência individualizada do espirito que faz a diferença, pois nós somos indefiníveis, embora saibamos que somos uma energia, entretanto não temos como explicar a essência desta energia, pois conforme Kardec nós somos uma centelha divina do Criador, e se pudéssemos definir a essência constitutiva do espirito, estaríamos definindo a essência de Deus e isto é impossível.
Não podemos nos esquecer de que existem energias outras diversas, que se cruzam, se atravessam, entretanto, não se confundem, conservam sua individualidade, por exemplo; as ondas  luminosas, as ondas sonoras, as ondas hertzianas, ondas eletromagnéticas, e infinitas outras. 
As ondas luminosas se derramam do sol sobre toda a terra de forma ininterrupta, estas ondas são atravessadas por infinitas outras.
Dentre outras, temos as ondas hertzianas, estas ondas se manifestam em ondas curtas e longas, tendo como fonte uma estação radiofônica, as ondas longas, são recebidas pelo aparelho receptor o radio, como ondas sonoras em AM, as ondas curtas em FM, e embora se cruzem, não se confundem, o aparelho receptor recebe as informações da estação radiofônica em que estiver sintonizado. 
E o espirito é uma onda indestrutível, ininterrupta, tem como fonte Deus se expande na eternidade, carregando eternamente a individualidade, pois esta onda é conforme nos diz Kardec o principio inteligente do universo, é centelha divina de Deus é essência do mesmo, e por esta razão indefinível.
Porem Deus é a fonte suprema de vida, nas suas infinitas modalidades de ser, e as infinitas ondas que se cruzam no universo, tem sem duvida alguma como fonte primaria  Deus, embora saibamos como retro informado que cada uma delas tem uma outra fonte que as manifestam, como por exemplo as estações radiofônicas.
Já informamos que a substância contém em seu núcleo a centelha divina que maturando-se através da evolução anímica vai se transformar em espirito, mas também já o dissemos, que no núcleo da substância esta contido também o elemento que se manifestara na vida como matéria e como energia. 
E as infinitas modalidades de energia que se manifestam no universo, além da fonte primaria que é Deus tem uma outra fonte que as sequenciam, e estas energias são a resultante da maturação da substância, na mutação por que passa através dos bilenios, de energia para matéria, e de matéria para energia, e assim sucessivamente. 
Estas ondas energéticas não deixam de ser inteligentes, entretanto, esta inteligência se manifesta direta e proporcionalmente de Deus na vida, e não resta duvida que o principio inteligente que as ordena conserve uma individualidade, pois a evolução se manifesta de maneira absoluta em todo o universo, tudo evolui na eternidade, pois o universo é um eterno vir a ser.
Entretanto somos levados a crer que o fato dessas ondas energéticas, se cruzarem, se atravessarem umas as outras, e não se fundirem, isto é, não perderem a sua individualidade,
se deve ao fato de não possuírem um corpo energético, e principalmente por não possuírem uma razão como sucede ao espirito, pois o espirito plasma através da mente sua “materialização” envolvendo-se da energia ambiental do mundo, ou da religião a que pertença. 
E como retro informado, o períspirito conforme Clarencio, é elaborado junto ao espirito através dos milênios infinitos, está associado a este por simbiose infinita, é, e será sempre o elemento que permitirá ao mesmo, revestir-se da substância em forma de energia e de matéria,  lógico de que dependendo da evolução em que este se demore, a matéria se manifestará em outra dimensão, não mais na condição de matéria sólida. 
Faço aqui um interregno, pois tenho a certeza de que esta matéria deve ser polemizada, e não me compete o direito de encerra-la, então fico no aguardo de quem deseje acrescentar algo, ou refutar-me em algo neste texto que escrevi.                                                                                     
                                                                                                    Sola