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domingo, 30 de janeiro de 2011

O coito forçado institucionalizado no continente africano


A imprensa internacional tem divulgado que a violência sexual tem sido usada como uma arma na República Democrática do Congo, um país em crise após anos de guerra. Uma recente pesquisa revelou que 24% dos homens e 39% das mulheres foram vítimas de estupro no país africano.

Não somente no Congo ocorre a violência sexual de estupro ("institucionalizado") mas na África do Sul também, hoje considerada a capital do estupro do mundo. Uma menina nascida no país de Mandela, tem mais chances de ser violentada sexualmente do que de aprender a ler. Surpreendentemente, um quarto das meninas sul-africanas sofrem o coito forçado antes de completarem 16 anos. Este problema tem muitas raízes: machismo (62% dos meninos com mais de 11 anos acreditam que forçar alguém a conjunção carnal por meio de grave ameaça não é um ato de violência). Isto é uma catástrofe humana. Acabar com a cultura do estupro requer uma liderança ousada e ações direcionadas, para assim trazer mudanças para o continente africano.

Sob o enfoque espírita será que quando uma mulher sofre um estupro (seja por problemas culturais, seja por desvios de condutas ) poderia essa barbárie estar em "seu destino", ou é apenas reflexo moral de uma violência dos tempos difíceis da humanidade atual? Baseado na obras de básicas do Espiritismo , podemos afirmar que não é e nem pode ser determinístico o destino das vítimas de estupros e nem está “escrito” (como se diz!) e nem mesmo faz parte de possíveis "provações" reencarnatórias, pois se isso fosse verdade, seríamos andróides da vida, automatos, nas mãos do destino.

Desse modo, os detalhes dos episódios que nos ocorrem não podem estar sob o guante das “escritas do além” ou pré-determinado em nossas provas e expiações. Embora saibamos que pelo prisma da Lei da reencarnação , sempre carregamos os vínculo e compromissos do passado ante a Lei de Causa e Efeito.

Doutrinariamente falando, o que dizer mais sobre violências como essa aqui referidas? Existem muitos insanos entre nós. E até questionamos quando pensamos nisso: o que é exatamente sanidade?

Diz o jargão popular que “a ocasião faz o ladrão”. Desde cedo, ouvimos na escola que o homem é produto do meio em que vive. Tendemos a concordar com isso, porque o meio, através de seus costumes, é que cria o caldo de cultura. Pelo que conhecemos sobre reencarnação, nascemos com uma certa índole decorrente de um projeto feito no plano espiritual. Sem contradizer o que disse acima, é evidente que a nossa tendência (e promessa) será também aplicar o que acordamos com espíritos superiores.

Ficamos estarrecidos ao ler e ouvir a reportagem sobre o fato africano. Recentemente ouvimos a notícia de que foi condenada a 12 anos a professora que manteve um relacionamento íntimo com sua aluna aqui no Brasil. Neste caso, apesar ser condenável pela nossa sociedade, parece ter havido alguma afetividade. Perguntamos se isso não seria patológico (?...) Retornemos aos dantescos fatos que se passam no Congo e na África do Sul. É difícil vislumbrar como é exatamente o cenário de crise que vive esses países após terem estado anos em guerra e segregação racial. O que sobra dos valores construídos por um povo? Um espaço delimitado por fronteiras cuja cultura foi depauperada, e onde aqueles que sobrestaram portando armas se portam agora como algozes e que molestam homens e mulheres a esmo, subjugam qualquer um a seu bel prazer. Mas que prazer é esse? Este é o cerne de toda essa questão, não é? Como explicar o comportamento animalesco que assumem esses violentadores? Aliás, de Angola também ouvimos outras tantas barbaridades.

Podemos inferir também que esses irmãos (africanos) incorreram no erro que talvez tenham se proposto a reparar antes da reencarnação. Não temos conhecimento mas detalhado como os fatos ocorrem por lá, e não podemos compreender tampouco como descem ao nível sub-humano de molestar barbaramente uma pessoa (que a essa altura está longe de ser um irmão), ostentando uma autoridade que deveria estar sendo utilizada para a recuperação e manutenção da ordem e da dignidade que essa cultura atingiu. Parece que o caos instiga esses “fortes” a caírem no mal, quem sabe, por inspiração de outros desencarnados que se alimentam dessa situação de terror. Se assim for, a ocasião cria de fato um ambiente propício para a aparição do ladrão e das mais nefastas agruras humanas.

Em que pese os contrastes da vida social , considerando as várias culturas terrenas, Deus não abdicou do comando dos mundos. Há uma ordem nas coisas e não estamos abandonados por Jesus e pela espiritualidade, que acompanham cada acontecimento e oferece sempre a oportunidade de melhoria para o infrator e o amparo ao que sofre uma ação má.


Jorge Hessen
http://jorgehessen.net

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

RESGUARDEMOS KARDEC DAS ENXERTIAS CONCEITUAIS E PRÁTICAS EXÓTICAS

RESGUARDEMOS KARDEC DAS ENXERTIAS CONCEITUAIS E PRÁTICAS EXÓTICAS


Para alguns confrades de índole "light ou clean" (!?),a pureza doutrinária ecoa como algo obscuro, subjetivo. Não compartilhamos dessa tese. Cremos que consiste na observância da simplicidade dos conceitos escritos, praticados e alicerçados na Codificação, cujas recomendações básicas foram apoiadas pelos "Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos Céus", (1) no dizer do Espírito de Verdade, na introdução de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
Aconteceu conosco recentemente: ao término de uma palestra, cujo tema enfatizava a questão das práticas estranhas às normas de conduta que a Doutrina Espírita preceitua, aproximou-se de nós um confrade, deixando transparecer uma série de dúvidas quanto a instituição espírita, onde freqüentava, próxima à sua residência. Confessou-nos que estava tentando se harmonizar com aquele grupo, mas a forma como conduziam os trabalhos conflitava com os esclarecimentos contidos nos Livros da Codificação.
Esclareceu-nos, também, que, naquele centro, os trabalhadores adotavam a prática da "apometria" para promoverem sessões de "desobsessão" e que o tratamento pela "corrente magnética" era a coqueluche do centro-oeste brasileiro. (sic) (!?) Disse-nos, ainda, que, enquanto uns utilizavam cristais para energizarem os assistidos, outros recomendavam o hábito da meditação sob pirâmides para o necessário equilíbrio espiritual. Havia, também, aqueles que incentivavam o famoso "banho de sal grosso", juntamente com ervas "medicinais" e outros quejandos.
Convidado para trabalhar naquele centro, em serviços de atendimento aos necessitados da região, mostrou-se-nos extremamente receoso em assumir tal responsabilidade, já que tais práticas não eram condizentes com os ensinamentos da Doutrina Espírita.
Ao nos questionar se deveria ou não aceitar tal tarefa, esclarecemos-lhe da seguinte maneira: já que ele possuía algum conhecimento sobre as normas da Codificação, e demonstrava bom senso crítico e critério doutrinário, das duas uma: ou ele se afastaria do grupo em que se associara, procurando se identificar com outra instituição, na qual estivessem estabelecidas reuniões nos moldes da Terceira Revelação, ou permaneceria qual missionário, transmitindo, aos poucos, as claras noções da Doutrina Espírita. Lembramos ao nosso irmão que muitos centros sustentam movimentos e idéias hipnotizantes, na tentativa de embutir, na espinha dorsal da Doutrina Espírita, algumas práticas estranhas, sob os auspícios dos apelos assistencialistas de inócuos resultados, e propagam neologismos de impacto para "tratamentos espirituais", supostamente eficazes. Explicamos que o trágico da questão é que esses grupos são dominadores e, por conseqüência, detêm poder hegemônico no movimento espírita em certas localidades.
Esclarecemos-lhe que o Centro Espírita tem que funcionar como se fosse um autêntico pronto-socorro espiritual, tal qual refrigério em favor das almas em desalinho, e não um reduto de ilusões. A Casa Espírita tem que estar preparada para receber um contingente cada vez maior de pessoas perdidas no lodaçal de suas próprias imperfeições, e que estão nos vales sombrios da ignorância.
Aqueles que lêem livros tidos como de literatura avançada, mas de autores um tanto quanto duvidosos, sem antes lerem e estudarem com seriedade Allan Kardec, correm o grande risco de enveredarem por caminhos estreitos e trilhas confusas, de difícil acesso esclarecedor. Os núcleos espíritas refletem a índole e consciência doutrinária dos seus dirigentes. As práticas que nos narrou o irmão chocam, nitidamente, com os postulados Kardecianos. Logo, aí não se pratica Espiritismo. Contudo, são estágios de entendimento insipientes, talvez necessários para pessoas neófitas (lembrando aqui: a cada segundo o merecimento). Foi preciso lembrá-lo, porém, de que, mesmo nos grupos mal orientados por seus dirigentes, existem pessoas que se dispõem a ajudar irmãos necessitados, independentemente de regras preestabelecidas, o que lhes confere algum mérito, obviamente.
Alertamos-lhe, todavia, sobre as dificuldades que, certamente, iria encontrar, pois não seria fácil o acesso às mentes cristalizadas em bases de "verdades indiscutíveis", mas nada obstando que aceitasse o desafio, se a vontade de servir fosse maior que as práticas não alinhadas com o projeto Espírita. O importante é servir em nome do Cristo, mesmo convivendo, heroicamente, com práticas vazias de sentido lógico. Por outro lado, serenando-lhe o espírito hesitante, lembramos-lhe de que ninguém é obrigado a conviver sob as amarras dos constrangimentos.
O Espiritismo traz-nos uma nova ordem religiosa que precisa ser preservada. A Terceira Revelação é a resposta sábia dos Céus às interrogações da criatura aflita na Terra, conduzindo-a ao encontro de Deus. Cremos que preservá-la da presunção dos reformadores e das propostas ligeiras dos que a ignoram, e apenas fazem parte dos grupos onde é apresentada, constitui dever de todos nós. "Neste momento, contabilizamos glórias da Ciência, da Tecnologia, do pensamento, da arte, da beleza, mas não podemos ignorar as devastadoras estatísticas da perversidade que se deriva dos transtornos comportamentais"(...)as criaturas humanas ainda não encontraram o ponto de realização plenificadora. Isto porque Jesus tem sido motivo de excogitações imediatistas no campeonato das projeções pessoais, na religião, na política e nos interesses mesquinhos.(...)"(1)
Se abraçamos o Espiritismo, por ideal cristão, não podemos negar-lhe fidelidade. O legado da tolerância não se consubstancia na omissão da advertência verbal diante às enxertias conceituais e práticas anômalas que alguns companheiros intentam impor no seio do Movimento Espírita.
Para os mais afoitos, a pureza doutrinária é a defesa intransigente dos postulados espíritas, sem maior observância das normas evangélicas; para outros, não menos afobados, é a rígida igualdade de tipos de comportamentos, sem a devida consideração aos níveis diferenciados de evolução em que estagiam as pessoas. Sabemos que o excesso de rigor na defesa doutrinária pode nos levar a graves erros, se enredarmos pelas trilhas de extremismos injustificáveis, posto que redundarão em divisão inaceitável, em face dos impositivos da fraternidade.
É óbvio que não podemos converter defesa de pureza kardeciana em cristalizada padronização de práticas que podem obstar a criatividade espontânea, diante da liberdade de ação. Inobstante repelir atitudes extremas, não podemos abrir mão da vigilância exigida pela pureza dos postulados espíritas. Não hesitemos, pois, quando a situação se impõe, e estejamos alerta sobre a fidelidade que devemos a Kardec e a Jesus. É importante não esquecermos de que nas pequeninas concessões vamos descaracterizando o projeto da Terceira Revelação.
"É necessário preservar o Espiritismo conforme o herdamos do eminente Codificador, mantendo-lhe a claridade dos postulados, a limpidez dos seus conteúdos, não permitindo que se lhe instale adenda perniciosa, que somente irá confundir os incautos e os menos conhecedores das suas diretrizes"(2) É inegável que existem inúmeras práticas não compatíveis com o projeto doutrinário que urge sejam combatidas à exaustão,. nas bases da dignidade cristã, sem quaisquer laivos de fanatismo, tendente a impossibilitar discussão sadia em torno de questões controversas.
Apresentando certa apreensão quanto ao Movimento Espírita nosso 'Kardec Brasileiro' recorda: "a Boa Nova (...)produz júbilo interno e não algazarra exterior (...) Não é lícito que nos transformemos em pessoas insensatas no trato com as questões espirituais. Preservar, portanto, a pulcritude e a seriedade da Doutrina no Movimento Espírita é dever que nos compete a todos e particularmente ao Conselho Federativo Nacional através das Entidades Federadas"(3) (grifamos)
Sobre os que ainda se fixam demasiadamente nas questões fenomênicas, Bezerra lembra: "(...) a mediunidade deve ser exercida santamente, cristãmente, com responsabilidade e critérios de elevação para não se transformar em instrumento de perturbação e desídia"(4). O exercício da mediunidade deve ser reservada às pessoas que conheçam Espiritismo, posto ser extremamente perigosa a participação de pessoas ignorantes em trabalhos de aguçamentos mediúnicos, e, por desatenção desse tópico , após mais de um século de mediunidade à luz da Doutrina Espírita, temo-la, ainda, atualmente, ridicularizada pelos intelectuais, materialistas e ateístas, que insistem em desprezá-la até hoje.
Lamentavelmente, em nome do Espiritismo, muitos propõem apometrias, desobsessão por corrente mento-eletromagnética(5) , aplicações de luzes coloridas para higienizar auras humanas e curar (pasmem!) azia, cálculo renal, coceiras, dores de dente, gripes, soluços em crianças, verminoses, frieiras, etc.. Se não bastasse, recomenda-se, até, carvãoterapia (?!) para neutralizar "maus-olhados". É só colocar um pedaço de tora de carvão debaixo da cama e estaremos imunes ao grande flagelo da humanidade - o "olho comprido"- e, nessa tragicomédia, o Espiritismo vai capengando em certos centros espíritas.
A verdadeira prática Espírita é a expressão da moral cristã, consubstanciada no Evangelho do Mestre Jesus. Assim, o grupo espírita só terá maior credibilidade se houver pureza doutrinária e se a prática estiver conforme os ensinamentos de Jesus, sob qualquer tipo de continente (desobsessão, educação mediúnica, palestras, livros, mensagens, Assistência Social etc.).
No Espiritismo, o Cristo desponta como excelso e generoso condutor de corações e o Evangelho brilha como o Sol, na sua grandeza mágica. Uma doutrina que cresceu assustadoramente nos últimos lustros, em suas hostes surgiram bons líderes, ao tempo em que também apareceram imprudentes inovadores, com a presunção de "atualizar" Kardec.
Recordemos que Kardec legou à humanidade a melhor de todas as embalagens (pureza doutrinária) ao divino presente que é a Doutrina dos Espíritos, e aqueles que têm como base o alicerce do Evangelho podem, até, conviver com qualquer obra ou filosofia, que estarão imunizados contra o vírus das influenciações obsidente.


Jorge Hessen
E-Mail: jorgehessen@gmail.com
Site: http://jorgehessen.net
FONTES:
(1) Bezerra de Menezes. (Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, em 9 de novembro de 2003, no encerramento da Reunião do Conselho Federativo Nacional, na sede da Federação Espírita Brasileira, em Brasília. Publicada em Reformador/Dezembro/2003)
(2) Idem
(3) Idem
(4) Idem
(5) Jornal Alavanca - abril/maio-2000

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

TRAGÉDIA COLETIVA NO RIO DE JANEIRO ANTE A LEI DE CAUSA E EFEITO


TRAGÉDIA COLETIVA NO RIO DE JANEIRO ANTE A LEI DE CAUSA E EFEITO

Com o desequilíbrio ambiental (aquecimento global) em pleno verão, chuvas violentas são consequentes, e a tragédia das enchentes, dos desabamentos, dos desabrigados, se repetem, variando apenas o número de mortos e desaparecidos em decorrência desse fenômeno. Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, têm ocupado vasto espaço no noticiário, comovendo-nos mediante tantas vidas destruídas. Nesses episódios, as imagens midiáticas, virtuais ou impressas, mostram-nos, com colorido forte, as tintas do drama de inúmeros estragos, enquanto a população recolhe o que sobrou e chora seus mortos.

Muitos ficam em estado de extrema revolta contra tudo e todos, mas não nos esqueçamos que nos Estatutos de Deus não há espaço para injustiças, razão pela qual os flagelos destruidores ocorrem com o fim de fazer o homem avançar mais depressa. A destruição é necessária para a regeneração moral dos Espíritos, que adquirem, em cada nova existência, um novo grau de aperfeiçoamento. A Lei de causa e efeito ainda é coisa obscura para a humanidade, principalmente para aquelas pessoas que vivenciam a tragédia. Aquele que vê sua família dizimada dificilmente raciocinará; ele simplesmente não compreenderá os motivos para isso, porque não consegue ver que causas poderiam levar a tamanha perda e na forma como ocorre. É um momento de desespero, em que a visão se turva e não se é capaz de pensar em outra coisa que não seja a “injustiça”, embora que no plano espiritual o processo esteja ocorrendo de outra forma, com a harmonia da Lei Maior.

Nesses tristes fatos é comum emergir a indagação clássica: qual a finalidade desses acidentes, que causam a morte conjunta de várias pessoas? Como a Justiça Divina pode ser percebida nessas situações? Sendo Deus a Bondade Infinita, por que permite a morte aflitiva de tantas pessoas indefesas? Os Espíritos elucidam a questão afirmando que "as expiações e/ou as grandes provas são quase sempre um indício de um fim de sofrimento e de aperfeiçoamento do homem, desde que sejam aceitas por amor a Deus".(1) Encarando, porém, a vida sem a compreensão das leis da consciência e do processo da reencarnação, não poderemos explicar a Justiça de Deus – principalmente nos casos brutais de mortes coletivas.

Nos casos tão dramáticos ocorridos nas serras “cariocas”, encontraremos uma justificativa plausível para os respectivos acontecimentos, se analisarmos atentamente as explicações que só a Doutrina Espírita nos fornece, para confirmar que, até mesmo nessas tragédias, a Lei de Justiça se faz presente, pois, como nos afirma Allan Kardec, não há efeito sem que haja uma causa que o justifique.

Todos os que pereceram nessas circunstâncias carregavam na alma motivos para se ajustarem com a Lei Divina, a fim de amortizar seus débitos com a indefectível e transcendente Justiça, encontrando aí a oportunidade sublime do resgate libertador. “Salvo exceção, pode-se admitir, como regra geral, que todos aqueles que têm um compromisso em comum, reunidos numa existência, já viveram juntos para trabalharem pelo mesmo resultado, e se acharão reunidos ainda no futuro, até que tenham alcançado o objetivo, quer dizer, expiado o passado, ou cumprido a missão aceita.”.(2)

Naturalmente a Lei é para todos nós. Emmanuel lembra que “quando retornamos da Terra para o Mundo Espiritual, conscientizados nas responsabilidades próprias, operamos o levantamento dos nossos débitos passados e rogamos os meios precisos a fim de resgatá-los devidamente. E antes de reencarnarmos, sob o peso de débitos coletivos, somos informados, no além-túmulo, dos riscos a que estamos sujeitos, das formas pelas quais podemos quitar a dívida, porém, o fato, por si só, não é determinístico, até porque dependem de circunstâncias várias em nossas vidas a sua consumação, uma vez que a Lei de causa e efeito admite flexibilidade, quando o amor rege a vida. Conforme ensinou Pedro, “o Amor cobre uma multidão de pecados”(3), portanto, podemos resgatar, através da prática do Bem, o equívoco praticado em outras instâncias.

De fato! Engendramos a culpa e nós mesmos movemos os processos destinados a extinguir-lhe as consequências. E Deus se vale dos nossos esforços e compromissos de resgate e reajuste a fim de direcionar-nos a estudos e progressos invariavelmente mais amplos no que tange à nossa segurança psíquica. É por essa razão que, de todas as tragédias humanas, nos retiramos com mais experiência e mais luz na mente e no coração, para defender-nos e valorizar a vida.

A situação no Rio é comovedora, como sinistro foi o terremoto no Haiti, o tsunami na Ásia. Ainda aqui, Emmanuel esclarece: “lamentemos sem desespero quantos se fizeram vítimas de desastres que nos confrangem a alma. A dor de todos eles é a nossa dor. Os problemas com que se defrontaram são igualmente nossos. Não nos esqueçamos, porém, de que nunca estamos sem a presença de Misericórdia Divina junto às ocorrências da Divina Justiça, que o sofrimento é invariavelmente reduzido ao mínimo para cada um de nós, que tudo se renova para o bem de todos e que Deus nos concede sempre o melhor.”(4) Inobstante, para o encarnado comum esse argumento emmanuelino não fazer muito sentido.

Diante de tantos e lúcidos esclarecimentos dos Benfeitores, não mais podemos ter quaisquer dúvidas de que a Justiça Divina exerce sua ação, exatamente com todos aqueles que, em algum momento, contrariaram a harmonia da Lei de Amor e Caridade, e por isso mesmo, cedo ou tarde, defrontar-nos-emos inexoravelmente com a Lei de Causa e Efeito, ou, se preferirmos, com a máxima proferida pela sabedoria popular: “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”.

Jorge Hessen

http://jorgehessen.net

Referências:

(1) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, RJ: Ed. FEB, 1989

(2) Kardec, Allan. Obras Póstumas, RJ: Ed Feb, 1993, Segunda Parte, pág. 215, no Capítulo: Questões e problemas

(3) I Pedro, 4:8

(4) Xavier, Chico. Mensagem ditada pelo Espírito Emmanuel, reunião pública, na noite de 28 de fevereiro de 1972, em Uberaba, Minas Gerais

A ANOREXIA NUMA SUCINTA ANÁLISE ESPÍRITA


A jovem francesa Isabelle Caro, após sofrer todo tipo de constrangimentos físicos e morais, desencarnou no dia 17 de novembro de 2010. Caro foi a “modelo” que se tornou mundialmente conhecida após mostrar seu corpo “esqueleticamente nu” para as imagens midiáticas, na tentativa altruística de advertir as jovens das passarelas da moda sobre as consequências da anorexia, doença que sofria desde os 13 anos.

Segundo o informe do Instituto Nacional de Saúde Mental Norte Americano (NIMH), as desordens alimentícias apresentam as taxas de mortalidade mais altas de todas as patologias mentais. Na década de 1970, Karen Carpenter, cantora do grupo Carpenters, também desenvolveu anorexia nervosa. Ela tentou, em 1982, tratamento com renomados psicanalistas americanos, porém, no ano seguinte, Karen, com 32 anos, desencarnou em decorrência de uma parada cardíaca.

Escrevemos para a Revista Eletrônica O Consolador um artigo (1) sobre o drama de Terri Schiavo, uma mulher da Flórida-EUA, que esteve em estado vegetativo por longos 15 anos e que foi desconectada do tubo que a alimentava, depois de um intenso debate entre seus familiares, o governo americano e os tribunais. Embora não seja citado no artigo, Schiavo sofreu um ataque cardíaco em 1990, decorrente de anorexia, o que a levou ao dramático estado de coma.

Nos anos que vão de 1200 a1500, na Europa Medieval, muitas mulheres faziam prolongados jejuns, e por se conservarem vivas apesar do seu estado de inanição, eram tidas como santas ou milagrosas. O termo "anorexia santa" foi cunhado por Rudolph Bell que, valendo-se de uma moderna teoria psicológica que explicava o jejum, classificou-o como sintoma de anorexia. Sob o pretexto de que as mulheres alcançariam posição espiritual mais elevada, conservando-se distantes dos prazeres sexuais e comprometendo-se com Deus, a Idade Média as forçou a praticar o jejum. O registro da manifestação da anorexia, no entanto, não teve início nesse período, mas este é, sem dúvida, um momento de capital importância no estudo dos possíveis paralelos entre as diversas culturas históricas.

A anorexia nervosa é um transtorno alimentar cujo quadro psiquiátrico é de 95% dos casos em mulheres adolescentes e adultas jovens, que perdem o senso crítico em relação à imagem corpórea. Sua etiologia, na essência, é pouco conhecida. Pode ser determinada por diversos fatores que interagem entre si de modo complexo para produzir, e muitas vezes perpertuar, a enfermidade. Fatores genéticos, psicológicos, sociais, culturais, nutricionais, neuroquímicos e hormonais atuam como predisponentes, desencadeantes ou precipitantes e mantenedores do quadro patológico.

Os transtornos alimentares também costumam ter como desencadeante algum evento significativo como perdas, separações, mudanças, doenças orgânicas, distúrbios da imagem corporal (como a insatisfação da semelhança corporal da mãe), depressão, ansiedade e até mesmo traumas de infância. Na anorexia nervosa, traços como baixa autoestima ou auto-avaliação negativa, obsessividade, introversão e perfeccionismo são comuns e geralmente permanecem estáveis mesmo após a recuperação do peso corporal.

Sob o ponto de vista espírita, afirmamos que a causa do distúrbio dessa “doença nervosa” pode ter a sua matriz nos arcanos profundos do inconsciente. Aí estão registrados com som, imagens e movimentos os históricos de vida de cada um. Nesse sentido, a anorexia é um reflexo dos complexos adquiridos em vidas pregressas e/ou concomitante aos registros das experiências de período infantil da vida atual. Os dardos magnéticos acondicionados no “corpo espiritual” (termo usado por Paulo de Tarso), são projetados na indumentária física, desarranjando, por conseqüência, as funções endocrínicas e neurológicas, culminando no aparecimento de doenças físicas e psicológicas de muitos realces que desafiam a medicina contemporânea. Ainda sob a perspectiva kadeciana, podemos afirmar que o maior agravante de qualquer doença é a obsessão espiritual, hoje uma verdadeira pandemia na Terra.

A sociedade vem sofrendo processos obsessórios preocupantes. A influência do materialismo cresce incessantemente. Os valores morais estão sendo corrompidos com espantosa velocidade. Nunca o mundo precisou tanto dos ensinos espíritas como nos tempos atuais, em que anoréxicos definham seus corpos até a morte. Vivenciamos instantes em que se aguça o individualismo, enodoando o tecido social, e nos vendavais da tecnologia somos remetidos aos acirramentos das desigualdades e isolamentos, estabelecendo-se níveis de conforto e exclusão sociais nunca antes experimentados.

Nesse autêntico amálgama, usando e abusando do livre arbítrio, cada qual vai colhendo vitórias ou amargando derrotas, segundo o grau de experiência conquistada. Uns riem hoje, para chorarem amanhã, e outros que agora se exaltam, serão humilhados depois. Devemos interrogar a própria consciência, passando em revista os atos cotidianos, para a identificação dos desvios do deveres que deveriam ter sido cumpridos e dos motivos alheios de queixa por conta dos nossos atos. Revisemos periodicamente nossas quedas e deslizes no campo moral, ativando a memória para nos lembrarmos dos tantos espinhos que já trazemos cravados na "carne do espírito"(2), tal como ensina o “convertido de Damasco”. Estes espinhos nos lembrarão a nossa condição de enfermos em estágio de longa recuperação, necessitados de cautela.

Na anorexia de matizes nervosas a cura não é fácil e exige apoio familiar, porque é uma patologia com raízes sociomentosomático e espiritual. O primeiro passo, e o mais importante, é convencer o anoréxico que está doente, que deve ser tratado antes que seja tarde demais. Não obstante, o emprego de fármacos para o tratamento ter poucos efeitos concretos, motivo pelo qual seu uso tem sido limitado. Todavia – graças a Deus! – o mal não é invencível; pelo contrário! Nos centros espíritas, podem-se encontrar tratamentos eficazes através do passe magnético, da água fluidificada, do atendimento fraterno, da desobsessão.

A revista Reformador, da FEB, entrevistou o Dr. Elias Barbosa e o indagou se, na condição de dirigente espírita ou psiquiatra, teve oportunidade de interagir com o Chico Xavier para o atendimento de pessoas em desequilíbrio. O médico espírita explicou que “em todos os casos gravíssimos, geralmente de esquizofrenia e anorexia nervosa, sempre solicitava ao Chico para que o ajudasse no Sanatório, às vezes com a simples imposição das mãos sobre os enfermos.”.(3)

Buscar o perfeito equilíbrio entre o corpo físico e o espiritual é tarefa que compete a cada um de nós, porque, por intermédio do primeiro temos ensejo de realizar atividades no bem na matéria; por intermédio do segundo depuramos aquele e chegamos a planos mais evoluídos da Criação. Não esquecendo que Deus tem Suas leis regendo todas as nossas ações. Se as violamos, assumimos os ônus. “Indubitavelmente, quando alguém comete um excesso qualquer, Deus não profere contra ele um julgamento. Ele traçou um limite. As enfermidades e, muitas vezes a morte, são consequência dos excessos. Eis, aí, a punição; é o resultado da infração da lei. Assim é tudo.”.(4)

Jorge Hessen

http://jorgehessen.net

Referências:

(1) Hessen, Jorge. Artigo “Somente Deus tem o direito de dispor da vida humana” disponível no site acesso em 09-01-2011

(2) 2ª Epístola de Paulo aos Coríntios- 7 – “E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar”.

(3) Elias Barbosa, entrevista para Reformado da FEB disponível no site http://www.febnet.org.br/reformadoronline/pagina/?id=199 acesso em 10-01-2011

(4) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000, questão 964

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

ARTIGOS ESPÍRITAS - JORGE HESSEN: ANO 2012, O FATOR MAIA E NOSTRADAMUS, MUITAS CREN...

ARTIGOS ESPÍRITAS - JORGE HESSEN: ANO 2012, O FATOR MAIA E NOSTRADAMUS, MUITAS CREN...: "Analisemos a seguinte matéria: 'Você temeria o futuro se levasse a vida de Tom Cruise, com mais de US$ 300 milhões no banco e presença garan..."

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Teatro nas Férias


Luiz Carlos Formiga

Ontem fui levar três netas, de férias, ao teatro. Férias, que coisa boa, ainda mais quando estamos aposentados. O aposentado sempre está de férias. Digo isso principalmente, depois que li a resposta de: “quantos aposentados são necessários para trocar uma lâmpada?”

Um musical infantil, “A Menina que Mofou nas Férias”. Quando li o título revi meu laboratório na universidade. Lembrei da descoberta da penicilina. Não sabia se olhava para os atores ou para as expressões faciais das netas embevecidas. Coincidência, um dos personagens apresentava sotaque da terrinha e eu estava com a camisa 7 da seleção de Portugal (homenagem a meu Pai, o bisa desencarnado). Nas férias não gostamos de falar de morte e o espírita até usa outra palavra, porque para nós a morte é apenas uma mudança de estilo de vida.

No musical, amei a babá. Ela me lembrou uma tia mineirinha, com idade avançada, e seu “uai”. Esta peça infantil teve tudo a ver comigo. Pai português, mãe mineira e os fungos, da Micologia. Estava me sentindo em casa, com as netas exercitando o risorius de santorini (Anatomia).

A menina mofou nas férias, presa em casa, sem poder brincar com as outras crianças na rua. Como brinquei na rua! Mas, sem pegar sol, o inevitável aconteceu, sua pele se tornou esverdeada. O médico, com aquela seringa gigante, declara: “Minha Senhora, sua filha mofou”. Foi uma confusão na Casa de Terezinha, que não dá pra contar. Mas, tenho uma boa noticia. A menina não morreu, graças a Deus! Remédio genial! Quem for ver, verá!

Por falar em morte, de novo e nas férias, se eu estivesse em São Paulo também iria ao teatro. Vejam se advinham onde. Antes quero lembrar que “para trocar uma lâmpada, basta um aposentado. Só que ele tem o dia inteiro.” Imagine nas férias!

Sim, iria ao teatro, no teatro que tem o mesmo nome do shopping, na rua que tem o mesmo nome do Frei, que dá nome ao teatro. Entendeu?

Estava falando de morte, lembrou?

Que “ela é uma piada” podemos ver no Teatro Frei Caneca, no Shopping de mesmo nome, na Rua do mesmo Frei. É ali, que o ator Renato Prieto, o André Luiz do filme Nosso Lar, vai explicar porque ela é uma piada, num espetáculo espírita de “humor”, mas também de “reflexão”. Que tal levar os avós?

Veja o Cartaz no Jornal dos Espíritos (1), de hoje 10 de janeiro de 2011.

Vá ao teatro. Teatro é cultura. Cultura é “herança e transformação”. Ninguém começa do zero, disse o poeta Ferreira Gullar (2). Creio que foi por isso que o escritor Jorge Hessen me deu, neste janeiro, um presente divulgando memórias (3).

Férias inesquecíveis. Ao sair do teatro, todos os atores se deixaram fotografar com as crianças. Foi outro momento de alegria e pedagogia. Descida as escadas comentei com minhas filhas e genros: “isso é que é um dinheiro bem gasto!

Educação para ser feliz.“Aquela que sabe o valor das coisas e não o seu preço.”

(1) http://www.jornaldosespiritos.com/

(2) http://literal.terra.com.br/ferreira_gullar/

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Rituais e fantasias de Joaquim



Wellington Balbo – Bauru - SP

Uma vez por semana Joaquim freqüenta algum dos diversos centros espíritas que existem pelas cidades por onde passa, já que é vendedor e viaja muito, não conseguindo, portanto, comparecer com regularidade a nenhuma casa espírita em particular. Conforme aprendera ainda criança ouvindo conversa dos adultos, era preciso tomar passe semanalmente para que sua vida, como diz o senso comum, “não ande para trás”. Condicionado a essa regra, Joaquim comparece religiosamente a uma dessas casas espíritas espalhadas pelos rincões de nosso Brasil trajando sempre camisa branca e calça preta, porquanto também aprendera que usar a mesma roupa traz sorte e ajuda os bons espíritos identificá-lo em meio a multidão de pessoas. Aliás, outro ritual curioso que Joaquim também aprendeu é o de fazer o sinal da cruz ao entrar em um centro espírita. Um dia, porém, ao entrar em uma casa espírita com seu uniforme oficial e fazer o sinal da cruz Joaquim deparou-se com um dos dirigentes da instituição que curioso passou a observá-lo.

Percebeu o dirigente que Joaquim fazia gestos em sua oração, ajoelhava-se e levantava-se numa espécie de dança esquisita. O dirigente aguardou que Joaquim terminasse todo seu ritual para então dirigir-se até ele, saudando-o:

- Como vai, meu amigo? Meu nome é Juarez, sou colaborador desta casa há alguns anos. É a primeira vez que comparece aqui?

- Ah, Sr. Juarez, é a primeira vez que venho aqui. Meu nome é Joaquim e sou vendedor e por isso viajo muito, mas em todas as cidades que visito não deixo de ir ao centro de camisa branca e calça preta, além de dançar em homenagem aos espíritos e etc.

Em poucos minutos de conversa o dirigente constatou que Joaquim, não obstante comparecer aos centros para tomar passe, nada sabia sobre a doutrina codificada por Kardec.

O dirigente de forma tranqüila, percebendo os equívocos de Joaquim, ensinou-lhe:

- Meu amigo, o Espiritismo não comporta rituais de qualquer gênero ou espécie. Não precisa vir ao centro de uniforme, dançar para homenagear os espíritos e tampouco fazer gestos em suas orações.

- Desculpe-me, Sr. Juarez, mas nunca me disseram nada sobre isso...

- Estude então as obras de Kardec e observe que ele dispensava todo e qualquer ritual, e desta forma, sem qualquer ritualismo é que foi construído esse nobre edifício chamado Doutrina Espírita. Reflita na idéia de dispensar o uniforme e deixar de lado as danças para os espíritos e demais sinais.

- E quanto a oração, como irei orar sem fazer o sinal da cruz?

- Ore com o coração, sem condicionamentos e regras. Orar é falar com Deus, portanto, esqueça do exterior e foque o interior, a essência. Bem, depois conversaremos mais. Ah, ia me esquecendo, o passe é importante, mas não deixe também de escutar a palestra, pois ela contém valiosos ensinamentos, e com esses apontamentos não será difícil compreender tudo o que eu lhe disse a pouco.

E despediu-se o dirigente deixando Joaquim imerso em algumas reflexões.

A história acima pode soar fantasiosa em demasia, fruto da imaginação do autor, contudo, não deixa de ser alerta para todos aqueles que dirigem e ou coordenam atividades na casa espírita: Estejam atentos para esclarecer freqüentadores assíduos ou esporádicos quanto as diretrizes do Espiritismo que dispensa todo e qualquer ritual, exigindo apenas a presença do sentimento verdadeiro nas atitudes e pensamentos.

Espiritismo na Universidade (Memória)


Luiz Carlos D. Formiga

Núcleos Espíritas Universitários na Oficina da CEERJ (*)

http://www.panoramaespirita.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=5207


Em setembro/outubro 2005 troquei idéias (e-mail) com membros da USEERJ. Nelas, verifiquei que deixei surgir pensamentos sobre a participação nos NEUs resgatando algumas memórias. A motivação surgiu porque em dezembro haverá uma confraternização no Rio de Janeiro. Disse que a programação da CEERJ estava imperdível e que vai atender aos diferentes "tipos psicológicos". Embora não possa estar presente, gostaria de assistir a quase tudo. No entanto, um tema é de minha preferência, talvez porque nele tenha muitas dificuldades. Deixei um pedido, que se faça um CD, pois quero estudá-lo.

Muito bom o tema central “Allan Kardec e a Era da Regeneração”. Será um grande grupo de trabalho e a unificação se dará em torno do objetivo comum. Mas, como administrar os conflitos na casa espírita? Este é o tema preferido. Como lidar com as diferenças de idéias no meio espírita? Este também é o titulo do Editorial no Boletim GEAE 498, de 30 de agosto de 2005, que parece merecer desdobramento. Certamente o tema lançará luz sobre as sombras da minha incompetência e aprenderei a conviver melhor com o poder neurótico.

http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo427.html

Antes da CEERJ acontecerá o encontro dos Núcleos Espíritas Universitários do Rio de Janeiro. O evento será bom até como preparação para a grande oportunidade na oficina. O tema do segundo ENEU, no outubro histórico, é bastante interessante. A palestra-abertura está a cargo da USEERJ. Por outro lado, reconheço que a expectativa dos diversos tipos psicológicos universitários será grande. Não será muito fácil prepará-la.

Como fazer? Comecei a pensar no tema e foi inevitável a auto-avaliação: "Universitário: o que fazes com teu conhecimento?"

Em se tratando de um encontro específico não pode ficar com aspecto de objetivo geral.

Universitário, o que fazes com teu conhecimento sobre a universidade, sendo espírita? Ou , o que fazes com teu conhecimento técnico, sendo espírita e aluno; funcionário ou docente? Ou ainda, o que fizeste com o conhecimento adquirido na universidade, atuando fora da universidade, e agora que retornas a pensar a universidade?

Temos exemplos no movimento espírita. Bezerra de Menezes deixou "A Loucura Sob Um Novo Prisma". E o professor Leopoldo Machado?

Outros podem ser lembrados, como Deolindo Amorim ou no exterior e no passado - Allan Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne, Paul Gibier, William Crookes, Alexander Aksakof entre outros. No entanto, o contexto era outro. Quando chegamos à universidade não encontramos espíritas. Agora temos os NEUs!

Quando vi a tese do Machado, referência da “Universidade da Alma. Cidade Universitária do Espírito”, levei dois sustos. Uma tese espírita na Faculdade de Medicina e reprovada.

Um ENEU não daria para discutir o que está nos artigos dos espíritas universitários , mas seria benéfico discuti-los durante o ano.

Grupo de Estudos Espíritas da Unicamp (GEEU)

http://www.geocities.com/chibeni/artigos.htm

Emmanuel deixou a página "CONTEMPLA MAIS LONGE", onde diz que "as situações externas serão retratadas em teu plano interior, segundo o material de reflexão que acolhes na consciência".

Será importante resgatar principalmente aqueles trabalhos que fizeram o link entre a atividade profissional e a profissão de fé.

Bezerra, Machado e Crookes deram bom exemplo, mas eram outros os objetivos e o contexto. Hoje já podemos encontrar textos que associaram o "conhecimento" e as questões que tocam a "ética" na universidade. Aquela ética que perpassa o Livro dos Espíritos e o Evangelho Segundo o Espiritismo.
Embora o tema seja "novo", foi pensando no amanhã que produzi os dois textos abaixo colocados.

Diferente. Do Leproestigma ao Clone Estigmatizado. (Enfoque microbiológico). Publicado na Revista Fraternidade (Lisboa. Pt), 2003.

www.ajornada.hpg.ig.com.br

http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/clone-e-leproestigma.html


Universidade da Alma. Cidade Universitária do Espírito.

http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo513.html

Creio que no futuro terão ainda menos valor. Há consolo no que me disse o Altivo (CELD), ao publicar o "Dores, Valores, Tabus e Preconceitos". Disse-me ele que seria um registro de determinada época.

Os dois textos, anteriormente referidos, e o livreto publicado pelo CELD, foram produzidos ainda vivenciando a experiência de espírita docente-pesquisador, na UERJ e UFRJ

No “Clone Estigmatizado” deixo referências que talvez possam permitir responder o que fiz com o conhecimento técnico-científico e no “Universidade da Alma” o que fizemos com “Ensino-Extensão". Neste apontamos a etiopatogenia de algumas "potenciais enfermidades" universitárias.

Não estou enganado, sei que farão melhor. Mas, "acreditar em algo e não vivê-lo é desonesto".

Criamos uma página na internet que, na minha avaliação, pouco foi valorizada. Em 1998, abrindo espaço para lideres que chegavam, a retiramos do ar.

Focalizemos alguns artigos das Revistas Espíritas e com eles vamos lembrar uma parte do passado. Nestes escritos tinhamos objetivos específicos. Divulgar nomes importantes que deveriam ser reexaminados pelos "jovens" espíritas universitários. Com endereço certo não tinham maiores pretensões. Sabíamos da necessidade de resgatar modelos educacionais, uma vez que um menino no ambulatório do departamento de doenças transmissíveis quando perguntado o que queria ser quando crescesse, rapidamente respondeu: - "Tio, quero ser bandido". Explicou que bandidos são muito bem sucedidos com as mulheres, dinheiro e poder. Desenvolvi o temas "Deixe Claro Para Seu Filho" ; Apego ao Cargo. O Poder Neurótico; Sexo - Artigo de Compra e Venda.

http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/deixe-claro.html

http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo427.html

http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo364.html

Procurei enfatizar como modelo da Doutrina Espírita o encontrado na resposta de "O Livro dos Espíritos".

Para o NEU, onde não deveríamos fazer o exercício prático da mediunidade, o paradígma seria o Codificador e por isso escrevi “ Médiuns - Cuidado Perigo” .

http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo1695.html

Para ficarmos com os mais próximos trouxe dois personagens. Um foi utilizado como bom exemplo de "médico" e outro como "espírita" verdadeiro.

http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo344.html

http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/por-que-considero-inteligente.html

Universitários ou não, estiveram no Primeiro Congresso de Mocidades Espíritas e 50 anos depois lembrei Leopoldo Machado. Nele procuramos “contextualizar” com escritos de Chico Anísio e Nonato Buzar.

http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/LIHPE/historia01.html

Mas, como seria agora o novo ambiente a ser desbravado?

Aí, para dar uma idéia aos jovens escrevi sobre os “ Doutores e os Cegos de Nascença”.

http://www.universoespirita.org.br/periodicos%20na%20integra/rev_internacional_esp/MAIO%202000/as_ciencias_biomedicas_formiga.htm

Como vê meu amigo, como agora, estava cheio de boas intenções!

Uma noticia oferece dados importantes. Jornal do Hospital Clementino Fraga Filho, UFRJ, número 06 de novembro de 1998. Está sendo realizado no CCS, de 17 de setembro a 3 de dezembro, às quintas-feiras, o II Ciclo de Estudos Espíritas. O objetivo do evento, que é promovido pelo Núcleo Espírita Universitário do Fundão (NEU), é enriquecer e atualizar os conhecimentos do grupo sobre a doutrina espírita. O NEU começou a ser idealizado em outubro de 1992, quando o Dr. Ivan Miahyra, inconformado com a inatividade dos espíritas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, expressou sua idéia de criar reuniões espíritas no HU. A dedicação da funcionária aposentada Jurema Neri, que reuniu várias pessoas para ouvir uma palestra também foi fundamental para concretizar o estabelecimento do núcleo.

As exposições ocorrem às quintas-feiras, das 12 às 13 horas, na sala L-05 localizada, no subsolo do CCS. A cada semana um expositor apresenta um assunto diferente. Temas relacionados às áreas médica, jurídica, física e artística, entre outros, estão incluidos no programa do Ciclo de Estudos Espírtas.

Mas, qual o registro mais antigo?

O que temos conhecimento é que o Primeiro Seminário de Estudos Espíritas da Universidade Estadual de Londrina, Paraná, Brasil, ocorreu em 23 de maio de 1984. A iniciativa paranaense parece ter estimulado grupos em outros locais do país. Em pouco tempo, estávamos trabalhando em conjunto com o NEU Fundão e dessa união percebemos que era necessário criar o Núcleo Espírita Universitário do Rio de Janeiro (NEU-RJ), onde diversas equipes de universidades do Estado estariam trabalhando em conjunto. Com o auxílio da Internet, a chama se espalhou e em dois anos, foram criados Núcleos Espíritas Universitários em outras universidades, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Universitária Augusto Motta (SUAM), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade do Rio de Janeiro (UNI-RIO). A partir deste trabalho, outro grupo se formou na Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais.

Qual é a importância de um núcleo espírita na universidade?

Já que o Espiritismo é uma doutrina de bases científicas, desenvolvimento filosófico e conseqüências morais, por que não ter um espaço aberto para estudo da ética nos NEUs. Por que não divulgá-la entre aqueles que procuram uma formação profissional? Não se trata de uma tentativa de “elitizar” a Doutrina, mas de abrir mais um espaço de divulgação, especialmente porque se direciona para uma Instituição onde, na maioria das vezes, o materialismo prevalece.

http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/etica-sociedade.html
A compreensão dos postulados espíritas auxilia na formação do profissional, pois acima de tudo contribui para a formação da consciência-cidadã, para o bem coletivo. No momento em que isso estiver acontecendo, e já está, a universidade estará contribuindo para a causa espírita e, acima de tudo, o Espiritismo estará contribuindo com a causa da universidade. Se a mensagem espírita for lançada no ambiente universitário, mais uma contribuição da Doutrina estará sendo feita para modificar as bases da sociedade. Esse trabalho sinérgico é a proposta do Núcleo Espírita Universitário do Rio de Janeiro.

Em 1957, a revista Reformador, trouxe uma mensagem recebida em reunião de três pessoas, entre as quais um diretor da FEB, para comemorar o aparecimento de "O LIVRO DOS ESPÍRITOS". Foi em Pedro Leopoldo, 18 de abril de 1943, pelo médium Francisco Cândido Xavier / espírito Emmanuel. Acredita-se ter sido essa a primeira vez em que se realizou tal comemoração. Algumas ponderações podem ser úteis nesta hora.

"O Espiritismo visto, pode ser fenômeno; estudado pode ser escola; interpretado, pode ser teoria; sistematizado, pode ser filosofia; observado, pode ser ciência; meditado, pode ser doutrina. A Codificação trouxe ao mundo uma chave gloriosa, cuja utilidade se adapta a numerosas portas. O Espiritismo ouvido, pode ser apenas consolação; vitorioso, pode ser somente festividade; propagado, pode ser somente movimentação; sentido, pode ser somente crença. Não nos esqueçamos, porém, de que o Espiritismo Aplicado é Vida Eterna com Eterna Libertação. Escolhamos o caminho da aplicação: Trabalho, Solidariedade, Tolerância".

A USEERJ fará contato com as universidades. Vendo que a pessoa-jurídica encaminhará documento as universidades ocorreram alguns pensamentos.

O primeiro é que os NEUs funcionam, principalmente, em IES públicas federais e estaduais onde vamos encontrar reitores que recebem fortes influências político-partidárias. Estas influências podem ser desde o partido que está no governo até a dos recém-criados, como o que aceitou a transferência do atual vice-presidente.

O segundo foi sobre a condição laica das IES públicas. Nelas a idéia de religiosidade é aceita nos planos de pesquisa, como a da tese que procurou demonstrar a higidez mental dos médiuns "kardecistas", ou nas teses das ciências sociais.

O terceiro foi uma retrospectiva. É um fato que gostaria de relatar. Quando da primeira palestra de Divaldo Franco no teatro da UERJ fui procurado por espíritas, de forma expressa, com antecedência. Como é prerrogativa de todo docente, desejavam que eu solicitasse o espaço sem ônus, uma vez que poderia ser alugado. Atendi ao pedido e fiz oficial solicitação ao reitor da época. A autoridade eleita pelos pares, adepto de Marx e militante de partido político, desejou um contato pessoal e convidado compareci ao gabinete do Magníssimo Reitor. Procurei demonstrar-lhe que o orador possuia um curriculum vitae, não desprezível sob o ponto de vista cultural e espiritual. A contra-argumentação não considerou o espiritual, relembrou o carácter laico da universidade e a perigosa abertura aos diversos credos, politicamente mais poderosos. A conversa técnica-amiga durou algumas horas e depois de muitos esclarecimentos disse-me que não nos dispensaria da contrapartida, o que de certo modo faria a desvinculação. Foi como que se desejasse dizer que o Divaldo, orador espírita, faria palestra na UERJ, mas não foi da UERJ que partiu o convite. A IES apenas permitiria que ela ocorresse nas suas dependências.

Posteriormente, não tomei conhecimento do despacho do magnífico, que me não foi enviado. Espíritas não mais me procuraram e não posso oferecer a fundamentação do documento oficial.

Enfatizo que o ofício-solicitação ao reitor estava acompanhado de detalhado curriculum vitae do, não menos magnífico, orador.

Pelo exposto e considerando os locais de funcionamento dos NEUs, a influência político-partidária eventual e a condição laica da universidade, solicitei a USEERJ informes sobre os documentos que deverão acompanhar os ofícios dirigidos as IES.

Caberia alguma coisa semelhante ao Editorial do último (número 500) Boletim do GEAE?

Pergunto-me ainda, em caso de solicitação de contato pessoal, qual pessoa-física representará o NEU-USEERJ?

Sobre os comentários anteriores, tenho refletido nos artigos abaixo.

Sob Deus. Laico, Mas Não Ateu.

http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo1091.html

Torres Gêmeas Afro-brasileiras. Preconceito, Estigma, Mídia e Ordenamento Jurídico.

http://www.morhan.org.br/

http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo1322.html

http://geocities.yahoo.com.br/nucleo_espirita_universitario/


O Poder das Palavras, no Princípio era o Verbo.

http://www.saci.org.br/ (25 de setembro, 2000).

http://www.morhan.org.br/

http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo554.htm

A Mulher do Próximo. Do Delito e das Penas.

http://www.cefamiami.com/newsletter/materias/artigo/05.04/index.html

http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo513.html

O Retrato de Bezerra e a Aristocracia intelecto-Moral (Ética e Terceiro milênio). Revista Internacional de Espiritismo, LXXVI (4): 181-182, 2001.

http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/retrato-de-bezerra.html

“Tem-se-vos dito uma coisa muito verdadeira, que desejamos relembrar-vos: que o Espiritismo é simplesmente uma moral”. São Luís. Livro dos Médiuns. Capítulo XXXI, item XVII.

Lembrando que a universidade pública é laica. Como se trabalha e se divulga a Doutrina Espírita numa instituição que possui esta característica fundamental?

Respeitando esta característica, procurei recordá-la em sala de aula e no laboratório de ensino tutorial e pesquisas. Mesmo no início, a mim não importava se o aluno era espírita, católico, umbandista ou agnóstico. Posteriormente, já amadurecido no binômio ensino-pesquisa, procurei trabalhar o domínio afetivo e por isso, no final do doutorado, com muitas dificuldades, persegui também a graduação e a pós em Educação. Quase não me sobrava tempo para nada, mas objetivava aterrisar no aeroporto da consciência lúcida fazendo escala nos valores éticos. Nessas horas de "vôo da liberdade" convidava o aluno para, pelo menos, me acompanhar e verificar o preço das passagens. Na COMEERJ tentei algumas vezes. Sinto-me frustrado. Nem eu, nem eles, voamos muito alto. Creio que ainda estamos tentando sair do vôo da galinha. Nesse campo o NEU também parece ter asas atrofiadas. Muitos de nós atrapalhamos mais do que ajudamos. É o preço que temos que pagar. As passagens aéreas são mais caras e no Livro dos Médiuns São Luis parece explicar a causa. Mas, neste jogo, como o futebol, ainda esperamos fazer "um(a)" GOL. Digo jogo porque é uma atividade coletiva onde os "goleiros" do NEU podem engolir "frangos".

Fugindo das entrelinhas, relembro que, para alcançar objetivos específicos no NEU, escolhemos alguns temas para trabalho. Como docente nos defrontávamos com conteúdo programático extenso e como pesquisadores corríamos os laboratórios de saúde pública, a convite do Ministério. Acumulei muitas horas de vôo e experiências. No NEU não tinha o tempo, os hotéis e as passagens aéreas financiadas pelo governo brasileiro, mas na hora do almoço estávamos lá, mesmo que eles não viessem (lembrei de um fato que narrarei adiante). Com esse tempo escasso escolhemos alguns modelos de TEMAS como Aborto, Hanseníase, AIDS, pois estavam na mídia e traziam implícitos situações éticas, boas para discussão com acadêmicos. Nas aulas, a população alvo era religiosamente heterogênea e a alternativa era ressaltar os aspetos éticos. Isso era até melhor, porque a ética é muito mais abrangente do que os enfoques restritos de um grupo religioso. A idéia parecia válida para os encontros do NEU e não cairíamos na miopia de transformá-lo num "departamento de casa espírita", coisa que ainda muitos estão procurando fazer.

Abro parêntesis para dizer que era tudo muito difícil. Não sabia quem era a mais complicada, se a indiferença ou o fanatismo espírita. Lembro que a palavra fanático vem de fã. Muitos nunca me deram a oportunidade de assistir mais de perto a palestra de Divaldo na UERJ, e olha que sou "ex-aluno-servidor-docente-
aposentado"! No NEU, embora espíritas, a população também é heterogênea e é desgastante administrar conflitos, como na casa espírita. Voltando ao que disse São Luis, no Livro dos Médiuns, fizemos a opção pela ética. Claro que a estratégia de ensino passa pela ciência e pela filosofia. Houve um momento em que tivemos certeza do acertado de nossa escolha. Foi uma conversa com um espírita-acadêmico. Digo que era espírita pois o havia encontrado numa "COMEERJ". Ele nunca tinha ido a uma reunião no NEU (o que é comum, sem ser indiferença). Sempre achei que aprendemos muito com o aluno e tenho dúvidas de quem ensina quem. A lição foi recebida no estacionamento. Depois do dia estafante, na saída ele me disse que necessitava de ajuda. Ele passava por mim nos corredores e me saudava com formalidade, por isso no estacionamento achei a abordagem inusitada. Parei para ouvi-lo. Quando nos sentimos impotentes para ajudar, é boa medida ouvir com atenção. Disse-me estar diante de um "grande problema", pois sua namorada estava grávida. Redobrei a atenção e, reiterando o pedido de ajuda, disse-me que ela se recusava a abortar. Hoje poderia ter começado pelo Direito Penal, onde uma questão, exemplo hipotético simplório, pode pedagogicamente ajudar: "Fulano, querendo livrar-se do problema da gravidez indesejada, deu um tiro no umbigo da namorada." Marque a alternativa correta. ( ) Homicídio qualificado (motivo torpe e fútil) ( ) Concurso Formal (ou Ideal), mediante uma só ação pratica-se dois ou mais crimes. ( ) Ele só ia a COMEERJ, mas não ia ao NEU. ( ) Nenhuma resposta é correta Fico pensando como a população heterogênea do NEU, naquela época, discutiria a questão. São Luis estaria desatualizado? Lembrei de outro santo, São Caetano. Não é só futebol. http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/sao-caetano-futebol.html Os dirigentes da USEERJ estão sensíveis diante da grande oportunidade que o NEU terá na CEERJ para traçar seus próximos passos. Deverá ser representado por quem já percebeu seus objetivos. Não é tão duro como o que ouvi no estacionamento, mas incomoda saber que em qualquer lugar temos, 1/3 que trabalha, 1/3 que não trabalha e 1/3 que atrapalha. Aquele 1/3 poderia querer discutir a última descoberta científica e nos fazer esquecer o perfil do NEU e a conclusão V, de O Livro dos Espíritos: "Por meio do Espiritismo, a Humanidade tem que entrar numa nova fase, a do progresso moral que lhe é conseqüência inevitável." A FEB ajudou colocando uma nota no Reformador. "NA INTERNET: DEFESA DA VIDA" Está à disposição dos internautas o opúsculo "Em Defesa da Vida Intra-Uterina", um enfoque bioético espírita. É produzido pelo Núcleo Espírita Universitário do Fundão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e conta também com o apoio do Núcleo Espírita Universitário da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). "Em Defesa da Vida Intra-Uterina" pode ser encontrado no endereço: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/eleicao-antes-de-votar.html A FEB, Reformador, 117 (2043). Junho: 192, 1999, reproduz o que já havia sido publicado pelo SEI. Hoje o Portal do Espírito também nos ajuda a não perder a memória e o perfil, pois disponibiliza o opúsculo e outros textos ligados aos valores. http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/index.html Ontem, outro confrade amigo que vem colocando os velhos textos do NEU na sua página, disponibilizou um da Revista Aurora. http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo1867.html O que já havia sido feito antes http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/talento-extraordinario.html A Revista Internacional de Espiritismo também nos ajudou e publicou uma síntese: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/pense-antes.html Na nova era não poderemos pensar mais nos cargos do que nos encargos, como dizia o Deolindo Amorim (Tribuna Espírita, maio/junho de 2000, pág. 13) Nesta época de “referendo” deveríamos gastar mais energias e mais verbas com a educação de nossos cidadãos? Uma outra pergunta deverá ser respondida na CEERJ. Que objetivos devem nortear os NEUs com ALLAN KARDEC NA ERA DA REGENERAÇÃO?